São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2007

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Shakhtar constrói entreposto da bola

Com muito dinheiro e pouca tradição, clube ucraniano quer ser a porta de entrada de talentos do Brasil na Europa

Calcado na fortuna de bilionário da Ucrânia, time que levou Willian e Ilsinho compensa falta de nome com pagamento à vista

LUÍS FERRARI
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguém que busca aprovação de seus pares mais tradicionais mas não se importa muito de ser tachado como apenas um "novo rico". Esta é uma descrição que serve para Rinat Akhmetov, o presidente e patrono do Shakhtar Donetsk. Mas ela se encaixa também no perfil do próprio clube ucraniano.
O Shakhtar conta com um orçamento anual de US$ 70 milhões (cerca de R$ 140 milhões) apenas para contratações. Seduz jovens talentos com promessa de boa infra-estrutura e salários em nível dos maiores clubes europeus. E se assume, através de seu mecenas, como um entreposto dos novos craques que querem virar ídolos ainda mais bem remunerados em equipes de primeira linha do futebol mundial.
"O presidente diz: "Franck, quero que os melhores jovens talentos do Brasil entrem na Europa por aqui, para depois vendê-los aos outros clubes mais tradicionais do continente'", diz Franck Henouda Logbi, empresário que costuma garimpar as revelações do Brasil para o time ucraniano.
Mas o Shakhtar também tem suas armas para dobrar resistências das equipes brasileiras em vender suas revelações.
Para driblar uma eventual desconfiança por ser um time da periferia da bola, evita fazer negócios de compra parcelada.
"Normalmente o pagamento é à vista e no dia combinado. Só depois que o dinheiro cai na conta é que o clube [brasileiro] se movimenta para passar a documentação do atleta", conta o advogado Gustavo Vieira, que participa do alinhave dos contratos entre jogadores brasileiros e o time ucraniano.
Aos atletas, além de boas propostas financeiras, uma pitada de luxo: "Para ir até Donetsk, viajamos até Paris, onde ele [Akhmetov] manda um jatinho buscar o pessoal. Nem sequer passei por Kiev [capital da Ucrânia]", diz Vieira, relatando a viagem que fez ao lado de Ilsinho até o novo clube do lateral.
A estratégia tem dado certo. A equipe, que nas últimas dez temporadas ganhou três ligas de seu país e foi sete vezes vice, levou para a Europa algumas das principais revelações da mais recente safra brasileira.
Com US$ 30 milhões (cerca de R$ 60 milhões), tirou Ilsinho do São Paulo e foi buscar Willian no Corinthians.
Tentou ainda outros jovens cobiçadíssimos, Alexandre Pato e Lucas. Mas os perdeu para os encantos de Milan e Liverpool, respectivamente.
A força econômica do Shakhtar surgiu quando Akhmetov, 40, assumiu a presidência do clube, 11 anos atrás.
Com fortuna estimada em US$ 2,5 bilhões, Akhmetov é uma versão ucraniana do russo Roman Abramovich, dono do Chelsea. Fez fortuna durante processo de privatizações na ex-república soviética e, louco por futebol, despeja dinheiro no clube de sua cidade natal.

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