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Shakhtar constrói entreposto da bola
Com muito dinheiro e pouca tradição, clube ucraniano quer ser a porta de entrada de talentos do Brasil na Europa
Calcado na fortuna de bilionário da Ucrânia, time que levou Willian e Ilsinho compensa falta de nome com pagamento à vista
LUÍS FERRARI
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Alguém que busca aprovação
de seus pares mais tradicionais
mas não se importa muito de
ser tachado como apenas um
"novo rico". Esta é uma descrição que serve para Rinat Akhmetov, o presidente e patrono
do Shakhtar Donetsk. Mas ela
se encaixa também no perfil do
próprio clube ucraniano.
O Shakhtar conta com um orçamento anual de US$ 70 milhões (cerca de R$ 140 milhões)
apenas para contratações. Seduz jovens talentos com promessa de boa infra-estrutura e
salários em nível dos maiores
clubes europeus. E se assume,
através de seu mecenas, como
um entreposto dos novos craques que querem virar ídolos
ainda mais bem remunerados
em equipes de primeira linha
do futebol mundial.
"O presidente diz: "Franck,
quero que os melhores jovens
talentos do Brasil entrem na
Europa por aqui, para depois
vendê-los aos outros clubes
mais tradicionais do continente'", diz Franck Henouda Logbi, empresário que costuma garimpar as revelações do Brasil
para o time ucraniano.
Mas o Shakhtar também tem
suas armas para dobrar resistências das equipes brasileiras
em vender suas revelações.
Para driblar uma eventual
desconfiança por ser um time
da periferia da bola, evita fazer
negócios de compra parcelada.
"Normalmente o pagamento
é à vista e no dia combinado. Só
depois que o dinheiro cai na
conta é que o clube [brasileiro]
se movimenta para passar a documentação do atleta", conta o
advogado Gustavo Vieira, que
participa do alinhave dos contratos entre jogadores brasileiros e o time ucraniano.
Aos atletas, além de boas propostas financeiras, uma pitada
de luxo: "Para ir até Donetsk,
viajamos até Paris, onde ele
[Akhmetov] manda um jatinho
buscar o pessoal. Nem sequer
passei por Kiev [capital da
Ucrânia]", diz Vieira, relatando
a viagem que fez ao lado de Ilsinho até o novo clube do lateral.
A estratégia tem dado certo.
A equipe, que nas últimas dez
temporadas ganhou três ligas
de seu país e foi sete vezes vice,
levou para a Europa algumas
das principais revelações da
mais recente safra brasileira.
Com US$ 30 milhões (cerca
de R$ 60 milhões), tirou Ilsinho do São Paulo e foi buscar
Willian no Corinthians.
Tentou ainda outros jovens
cobiçadíssimos, Alexandre Pato e Lucas. Mas os perdeu para
os encantos de Milan e Liverpool, respectivamente.
A força econômica do Shakhtar surgiu quando Akhmetov,
40, assumiu a presidência do
clube, 11 anos atrás.
Com fortuna estimada em
US$ 2,5 bilhões, Akhmetov é
uma versão ucraniana do russo
Roman Abramovich, dono do
Chelsea. Fez fortuna durante
processo de privatizações na
ex-república soviética e, louco
por futebol, despeja dinheiro
no clube de sua cidade natal.
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