São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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FUTEBOL

Retranca americana bate talento brasileiro de novo

Solo, goleira dos EUA, diz que Brasil deveria aprender jogo defensivo

Estratégia rival castiga o domínio maior e as chances criadas pelo time de Marta, que cai de rendimento no fim do jogo e amarga prata


Marcos Brindicci/Reuters
Cristiane (esq.) e Marta lamentam derrota na final olímpica contra os EUA

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Partiu de uma americana, com boa dose de provocação, o diagnóstico para mais um fracasso do futebol do Brasil nos campos olímpicos. Goleira e musa dos EUA, Hope Solo, 27, foi questionada sobre a aversão brasileira a jogar na retranca. E saiu-se assim: "O Brasil deveria gostar mais do jogo defensivo. Olhem só meu ouro aqui".
Reserva em Pequim, a lateral Rosana arrematou a avaliação da adversária. "Mais uma vez foi um jogo do talento contra a eficiência, e a eficiência ganhou de novo", disse a paulistana.
Foi assim em 2004, quando o Brasil mandou duas bolas na trave dos EUA e caiu no fim. Foi assim em 2008, com o Brasil atacando durante todo o jogo e criando as chances mais agudas. Que não foram suficientes.
Após empate sem gols no Estádio dos Trabalhadores, a partida foi para a prorrogação. E, aos 6min, Carli Lloyd ganhou dividida com a volante Formiga e chutou no canto esquerdo de Bárbara: 1 a 0, placar final.
"Há coisas no futebol que não dá para explicar. Nosso time jogou bem no tempo normal, na prorrogação, mas não conseguiu fazer o gol. Jogamos encaixadinhas a partida toda. Daí, no único minuto em que desencaixamos, elas entraram pela diagonal e marcaram", disse Jorge Barcellos, treinador da seleção.
A final olímpica do futebol feminino foi um encontro entre um time que soube esperar, o americano, e outro que se lançou ao ataque o tempo todo, mas que esbarrou numa defesa organizada e muito vigorosa.
A primeira chance do Brasil foi ao 12min. Simone ganhou disputa de bola na lateral e alçou para Marta. No momento da conclusão, porém, a brasileira foi travada por Markgraf.
A seleção voltou a ameaçar aos 30min: Cristiane foi lançada, entrou na área, mas parou numa trombada com a goleira.
Três minutos depois, Renata Costa roubou a bola no meio-campo e lançou Marta, que driblou duas até chutar para fora.
A primeira chance dos EUA veio apenas aos 40min, com Hucles, bem posicionada, chutando alto, por cima do gol.
No segundo tempo, o bombardeio brasileiro foi ainda mais intenso. E encontrou resposta na forte zaga adversária.
Aos 8min, Marta avançou, bateu duas americanas e tentou achar Cristiane, mas o cruzamento parou nas mãos da goleira Solo. Aos 17min, Marta novamente passou por duas rivais, mas errou na conclusão.
Aos 25min, a técnica dos EUA tirou uma volante, Tarpley, e colocou uma atacante, Cheney. Coincidência ou não, no lance seguinte o Brasil teve sua melhor chance. Marta abriu caminho pela defesa e chutou forte, à queima-roupa, mas Solo voou e espalmou.
O time americano só começou a arriscar mais nos últimos minutos do jogo. E, aos 44min, teve sua melhor oportunidade de definir. Rodriguez, sozinha, tentou encobrir Bárbara, que impediu o gol com boa defesa.
Era uma amostra do aumento da intensidade do ataque americano, deflagrado de vez na prorrogação. E que encontrou nos pés de Lloyd o gol do ouro, do prêmio à paciência de atacar na hora certa. Para agonia brasileira, mais uma vez.


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