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VELA
Scheidt e Prada trocam de medalha por causa de 1s
Cotada para o bronze na star, dupla assiste a erros dos rivais e é prata
Vento ajuda, e brasileiros
ficam em terceiro na última
regata, que deixou o barco favorito na última posição
e definiu 2º e 3º no pódio
EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A QINGDAO
Robert Scheidt disse que estava faltando sorte, um sinônimo encontrado pelo velejador
para classificar a falta de vento.
Ele falava a verdade.
Em dois dias com ventos,
abundante ontem, quando havia muita chuva, Scheidt, 35, e
seu proeiro, Bruno Prada, 37,
reverteram resultados adversos e faturaram a medalha de
prata da categoria star, prova
que encerrou o torneio de vela
nos Jogos de Pequim.
Foi quarta medalha consecutiva de Scheidt, 35, em Olimpíadas, nas quais ele havia ganho
dois ouros e uma prata na classe laser. Já Prada realizou em
Qingdao sua estréia nos Jogos.
"Qualquer uma [medalha]
está ótimo. Fizemos uma regata muito boa hoje. E levar bronze ou prata é uma grande vitória. Lavamos a alma", disse
Scheidt ao sair do barco, com
dúvida sobre o resultado final.
Em seguida, beijou a namorada, a lituana Gintare Volungevicivte, que levara prata na
classe laser radial. Eles se conheceram em Qingdao, há um
ano, durante a Pré-Olímpica,
vencida por Scheidt e Prada.
"Comemoramos um ano de
namoro com duas pratas", disse Gintare. Sobre o namoro,
Scheidt brincou dizendo que
agora só falta chamarem de
"casal de prata". A Lituânia
conquistou só três bronzes e a
prata de Gintare na Olimpíada.
A princípio, os seis pontos do
terceiro lugar assegurariam o
bronze para o Brasil, com o ouro para Grã-Bretanha (Iain Pickel e Ingo Borkowski), que chegou em quinto, garantindo a liderança após as 11 regatas.
Aí, um segundo fez a diferença para a prata mudar de barco
e ficar com os brasileiros.
Foi esse o tempo da vantagem do barco francês (Xavier
Rohart/Pascal Rambeau) para
cruzar a linha em nono, à frente
do sueco (Fredrik Loof/Anders
Ekstrom), que entrara na última regata com a maior vantagem para chegar ao ouro.
Na regata de ontem, chamada de Medal Race (conta pontos em dobro e dela participam
só os dez barcos mais bem posicionados nas dez regatas anteriores), a dupla brasileira largou na frente e cruzou a linha
final em terceiro, superada pelos barcos de Polônia e Suíça.
"Largamos marcando o francês e tivemos um início de prova muito bom. Montamos a primeira bóia na frente. E tivemos
um momento muito tenso na
segunda volta, quando o polonês começou a recuperar muito
pelo lado direito. E a gente ficou com medo porque, se chegasse em primeiro e a gente em
quinto, o bronze seria deles.
Ainda conseguimos passar três
barcos no final", declarou.
Para Scheidt, foi um dia muito bom, com vento. Sobre as 11
regatas, ele disse que sempre
esteve otimista. "Foi emocionante. Começamos mal, o que
faz o moral cair. Mas a gente seguiu acreditando que poderia
ganhar uma regata. Em nenhum momento a gente baixou
a cabeça. E acreditamos, por
mais difícil que estivesse."
Na véspera, com três terceiros lugares, a dupla voltou à
condição de disputar medalha.
"A gente estava em oitavo lugar
e acordou com tudo, dizendo:
"Ainda vamos levar uma medalha para o Brasil". Por isso, teve
gosto muito especial, e mostramos nosso valor mais uma vez."
Ontem, com a mudança do
tempo, a dupla optou por voltar
a utilizar a vela das primeiras
regatas, para ventos mais fortes. Decisão que deu certo.
Agora, quer chegar a Londres-2012. Em 2009, Scheidt
quer atuar nas grandes regatas
oceânicas. Só para variar, pois a
star, onde pode voltar a duelar
com Torben Grael, é o objetivo.
"Sempre respeitei o Grael. Será
uma boa disputa. Além disso,
poderemos treinar com ele e
com Marcelo Ferreira. Ótimo."
5
PÓDIOS
olímpicos, sendo dois ouros, uma prata e dois
bronzes, ostenta o velejador Torben Grael, o
maior medalhista do país
nos Jogos, que disputou
cinco edições e atuou nas
classes star e soling.
Com a prata de ontem de
Robert Scheidt e Bruno
Prada na star, a vela volta a isolar com o esporte
que mais conquistas deu
ao Brasil em Olimpíadas,
com 16 medalhas (6 ouros, 3 pratas e 7 bronzes)
-o judô ganhou 15.
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