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VÔLEI
Brasil busca ir à final olímpica no "confronto da desconfiança"
Time tenta, às 9h, se erguer de um revés, enquanto Itália, de uma série deles
DA ENVIADA A PEQUIM
De um lado, uma seleção vitoriosa, favorita em todos os
torneios, com um treinador
brilhante e jogadores talentosos. Do outro, uma equipe que
já freqüentou o topo, mas encara uma crise sem precedentes.
Brasil e Itália fazem hoje um
dos maiores clássicos do vôlei
mundial. Uma partida que define quem buscará a medalha de
ouro nos Jogos de Pequim e
quem irá tirar das costas o fardo de ter de provar que ainda
pode subir ao topo do pódio.
A partida acontece às 9h (de
Brasília), no Ginásio Capital.
"Os caras vêm babando e sabem que é o jogo da vida deles.
Talvez uma vitória tire um peso
imenso das costas deles. Eles
estão mais leves, a cobrança é
maior sobre nós agora. Queria
jogar contra eles na final, com a
mesma pressão pela medalha",
disse o técnico Bernardinho.
Entretanto, se o peso sair das
costas dos jogadores italianos,
irá recair sobre os ombros da
seleção brasileira.
Nunca desde que o treinador
assumiu o comando da equipe,
em 2001, os jogadores foram
tão pressionados. Nem após o
bronze no Pan de Santo Domingo, em 2003. Naquela data,
apesar de já serem campeões
mundiais, o time ainda estava
no começo de sua coleção de títulos, que conta com mais um
ouro olímpico e um Mundial.
Em julho, às vésperas dos Jogos de Pequim, o Brasil terminou a Liga Mundial em quarto
lugar, a pior colocação em um
torneio na era Bernardinho.
"Nós tivemos tempo [em outras ocasiões] para nos preparar para a competição seguinte,
digerir o que aconteceu, apontar os erros e buscar soluções.
Agora não", declarou o técnico.
Na campanha em Pequim, o
time não tem sido sensacional
-houve até uma derrota para a
Rússia. A Itália, por outro lado,
penou para derrotar os frágeis
chineses. Mas, depois, realizou
um confronto emocionante
diante dos poloneses nas quartas-de-final: vitória por 3 sets a
2, com 17 a 15 no tie-break.
"Uma vitória como essa dá
moral e confiança, mostra a capacidade deles. Eles vêm com
moral", disse Bernardinho.
Desde a derrota para o Brasil
na final de Atenas-2004, a Itália não tem apresentado bons
resultados. Nas três últimas
edições da Liga Mundial, não
conseguiu chegar à fase final
com as próprias forças. No
Mundial-06, ficou em quinto.
No último Europeu, em sexto.
"O time brasileiro é muito
melhor do que o nosso, queremos enfrentá-los para aprender com eles", declarou, em
tom aparentemente humilde,
Alberto Cisolla, capitão do time
italiano, que em Pequim venceu cinco jogos e perdeu um.
Já a seleção nacional entra
em quadra ainda sob suspeita
após os reveses para EUA e, depois, Rússia, na Liga. No ano
passado, a equipe também viveu crise por conta do corte do
levantador titular, Ricardinho.
Depois disso, não mostrou uma
postura como as de outros momentos decisivos.
"Minha impressão é a de que
a equipe está subindo, espero
que continue assim. Mas a vida
é cheia de subidas e descidas",
afirmou Bernardinho.
"Nunca houve dúvida sobre a
competência do time. Existe
uma ansiedade e um nervosismo, porque queremos mais.
Não é possível que as pessoas
não tenham temor. Mas é preciso manter a guarda alta", concluiu o treinador.
(ML)
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