São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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VÔLEI

Brasil busca ir à final olímpica no "confronto da desconfiança"

Time tenta, às 9h, se erguer de um revés, enquanto Itália, de uma série deles

DA ENVIADA A PEQUIM

De um lado, uma seleção vitoriosa, favorita em todos os torneios, com um treinador brilhante e jogadores talentosos. Do outro, uma equipe que já freqüentou o topo, mas encara uma crise sem precedentes.
Brasil e Itália fazem hoje um dos maiores clássicos do vôlei mundial. Uma partida que define quem buscará a medalha de ouro nos Jogos de Pequim e quem irá tirar das costas o fardo de ter de provar que ainda pode subir ao topo do pódio.
A partida acontece às 9h (de Brasília), no Ginásio Capital.
"Os caras vêm babando e sabem que é o jogo da vida deles. Talvez uma vitória tire um peso imenso das costas deles. Eles estão mais leves, a cobrança é maior sobre nós agora. Queria jogar contra eles na final, com a mesma pressão pela medalha", disse o técnico Bernardinho.
Entretanto, se o peso sair das costas dos jogadores italianos, irá recair sobre os ombros da seleção brasileira.
Nunca desde que o treinador assumiu o comando da equipe, em 2001, os jogadores foram tão pressionados. Nem após o bronze no Pan de Santo Domingo, em 2003. Naquela data, apesar de já serem campeões mundiais, o time ainda estava no começo de sua coleção de títulos, que conta com mais um ouro olímpico e um Mundial.
Em julho, às vésperas dos Jogos de Pequim, o Brasil terminou a Liga Mundial em quarto lugar, a pior colocação em um torneio na era Bernardinho. "Nós tivemos tempo [em outras ocasiões] para nos preparar para a competição seguinte, digerir o que aconteceu, apontar os erros e buscar soluções. Agora não", declarou o técnico.
Na campanha em Pequim, o time não tem sido sensacional -houve até uma derrota para a Rússia. A Itália, por outro lado, penou para derrotar os frágeis chineses. Mas, depois, realizou um confronto emocionante diante dos poloneses nas quartas-de-final: vitória por 3 sets a 2, com 17 a 15 no tie-break.
"Uma vitória como essa dá moral e confiança, mostra a capacidade deles. Eles vêm com moral", disse Bernardinho.
Desde a derrota para o Brasil na final de Atenas-2004, a Itália não tem apresentado bons resultados. Nas três últimas edições da Liga Mundial, não conseguiu chegar à fase final com as próprias forças. No Mundial-06, ficou em quinto. No último Europeu, em sexto.
"O time brasileiro é muito melhor do que o nosso, queremos enfrentá-los para aprender com eles", declarou, em tom aparentemente humilde, Alberto Cisolla, capitão do time italiano, que em Pequim venceu cinco jogos e perdeu um.
Já a seleção nacional entra em quadra ainda sob suspeita após os reveses para EUA e, depois, Rússia, na Liga. No ano passado, a equipe também viveu crise por conta do corte do levantador titular, Ricardinho. Depois disso, não mostrou uma postura como as de outros momentos decisivos.
"Minha impressão é a de que a equipe está subindo, espero que continue assim. Mas a vida é cheia de subidas e descidas", afirmou Bernardinho.
"Nunca houve dúvida sobre a competência do time. Existe uma ansiedade e um nervosismo, porque queremos mais. Não é possível que as pessoas não tenham temor. Mas é preciso manter a guarda alta", concluiu o treinador. (ML)


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