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HIPISMO
Brasil sai sem medalhas e com doping
Rodrigo Pessoa fica em quinto e acaba com esperança de pódio; equipe vê cavalo ser flagrado em exame
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG
Pela primeira vez desde
Atlanta-1996, o hipismo brasileiro volta de uma Olimpíada
sem medalhas. Ontem, Rodrigo Pessoa ficou em quinto lugar na final dos saltos.
"Satisfeito eu não posso estar, não dá para sair satisfeito,
pois, se nossa reserva [Camila
Mazza] tirou décimo lugar no
individual, claro que poderíamos ter ido mais longe no torneio. Não é decepção, é uma
desilusão", disse Maurício
Manfredi, presidente da CBH
(Confederação Brasileira de
Hipismo), que citou "uma série de fatalidades" para explicar o resultado final.
"Não gosto de botar a culpa
na sorte (ou na falta dela)",
afirmou o dirigente.
Ontem, ele precisou -outra
vez, a quarta na competição-
explicar a exclusão de um cavalo do time nacional da Olimpíada. Chup Chup 2, montaria
de Bernardo Alves, foi flagrado
no controle antidoping pelo
uso da substância capsaicin.
Além do cavalo do brasileiro,
outros três animais tiveram o
mesmo problema, decorrente,
segundo o dirigente, do uso de
uma pomada que é difundida
no hipismo europeu.
"A substância aparece em
pequena quantidade em um
gel ou spray usado normalmente para massagem nas patas. Já passaram por vários antidopings com isso, tanto que
pegou várias pessoas de surpresa. Talvez, se tivessem feito
em 50 cavalos, 25 teriam acusado uso", explicou o dirigente.
Ele afirmou que, na audiência preliminar, realizada na
tarde de ontem, o cavaleiro
Bernardo Alves foi isentado de
uma das acusações -ter usado
a substância para ganho de
performance do cavalo- e que
responderá só pelo uso de medicamento proibido.
Manfredi declarou também
que, nas próximas competições, pretende manter o planejamento veterinário e das seletivas usado para os Jogos.
Já Nelson Pessoa, pai de Rodrigo, avaliou que houve um
erro no uso do gel no cavalo de
Alves. "Sempre recomendo
não passar nada nos cavalos
sem falar com os veterinários.
O laboratório daqui é o mais
avançado do mundo. Se um cavalo de 500 kg tiver tomado aspirina, aparece", disse ele.
Ao ser indagado se o fato de
o Brasil ter perdido quatro cavalos olímpicos por questões
veterinárias minava a credibilidade do trabalho, afirmou:
"Claro que é de se questionar.
Mas eram cavalos assistidos
por pessoas capazes".
Rodrigo Pessoa reiterou que
o gel usado no cavalo de Alves é
comum e citou a qualidade do
laboratório de Hong Kong.
Preferiu, no entanto, não comentar se conta com a possibilidade de herdar novamente
uma medalha em decorrência
de desclassificações dos conjuntos que ficaram à sua frente, como aconteceu em 2004.
"Saio contente da competição, satisfeito com o desempenho do meu cavalo. Claro que
ganhar é bom, mas estar presente perto dos vencedores
também é importante."
Ele cometeu uma falta no
primeiro percurso da final de
ontem e zerou o segundo. Foi
para o desempate pela medalha de bronze contra outros
seis concorrentes. Fez o percurso derradeiro sem faltas,
mas perdeu para os adversários no tempo que levou para
completar o trajeto.
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