São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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HIPISMO

Brasil sai sem medalhas e com doping

Rodrigo Pessoa fica em quinto e acaba com esperança de pódio; equipe vê cavalo ser flagrado em exame

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Pela primeira vez desde Atlanta-1996, o hipismo brasileiro volta de uma Olimpíada sem medalhas. Ontem, Rodrigo Pessoa ficou em quinto lugar na final dos saltos.
"Satisfeito eu não posso estar, não dá para sair satisfeito, pois, se nossa reserva [Camila Mazza] tirou décimo lugar no individual, claro que poderíamos ter ido mais longe no torneio. Não é decepção, é uma desilusão", disse Maurício Manfredi, presidente da CBH (Confederação Brasileira de Hipismo), que citou "uma série de fatalidades" para explicar o resultado final.
"Não gosto de botar a culpa na sorte (ou na falta dela)", afirmou o dirigente.
Ontem, ele precisou -outra vez, a quarta na competição- explicar a exclusão de um cavalo do time nacional da Olimpíada. Chup Chup 2, montaria de Bernardo Alves, foi flagrado no controle antidoping pelo uso da substância capsaicin.
Além do cavalo do brasileiro, outros três animais tiveram o mesmo problema, decorrente, segundo o dirigente, do uso de uma pomada que é difundida no hipismo europeu.
"A substância aparece em pequena quantidade em um gel ou spray usado normalmente para massagem nas patas. Já passaram por vários antidopings com isso, tanto que pegou várias pessoas de surpresa. Talvez, se tivessem feito em 50 cavalos, 25 teriam acusado uso", explicou o dirigente.
Ele afirmou que, na audiência preliminar, realizada na tarde de ontem, o cavaleiro Bernardo Alves foi isentado de uma das acusações -ter usado a substância para ganho de performance do cavalo- e que responderá só pelo uso de medicamento proibido.
Manfredi declarou também que, nas próximas competições, pretende manter o planejamento veterinário e das seletivas usado para os Jogos.
Já Nelson Pessoa, pai de Rodrigo, avaliou que houve um erro no uso do gel no cavalo de Alves. "Sempre recomendo não passar nada nos cavalos sem falar com os veterinários. O laboratório daqui é o mais avançado do mundo. Se um cavalo de 500 kg tiver tomado aspirina, aparece", disse ele.
Ao ser indagado se o fato de o Brasil ter perdido quatro cavalos olímpicos por questões veterinárias minava a credibilidade do trabalho, afirmou: "Claro que é de se questionar. Mas eram cavalos assistidos por pessoas capazes".
Rodrigo Pessoa reiterou que o gel usado no cavalo de Alves é comum e citou a qualidade do laboratório de Hong Kong.
Preferiu, no entanto, não comentar se conta com a possibilidade de herdar novamente uma medalha em decorrência de desclassificações dos conjuntos que ficaram à sua frente, como aconteceu em 2004.
"Saio contente da competição, satisfeito com o desempenho do meu cavalo. Claro que ganhar é bom, mas estar presente perto dos vencedores também é importante."
Ele cometeu uma falta no primeiro percurso da final de ontem e zerou o segundo. Foi para o desempate pela medalha de bronze contra outros seis concorrentes. Fez o percurso derradeiro sem faltas, mas perdeu para os adversários no tempo que levou para completar o trajeto.


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