São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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CBF critica clubes, mas não paga salários de atletas

Confederação desrespeita lei e não remunera times por jogadores na seleção

Ricardo Teixeira, que atacou agremiações por má gestão, já estuda um plano para recuperá-las em conjunto com o Ministério do Esporte

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Há duas semanas, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, decidiu atuar em relação à gestão dos clubes: em meio a duras críticas às agremiações, ele discute plano de recuperação com o governo federal. Porém os clubes também têm do que se queixar: há pelo menos dois anos a confederação não paga os salários dos jogadores convocados à seleção, segundo cartolas. Pela Lei Pelé, a entidade tem de quitar a remuneração proporcional ao período em que os jogadores estão a serviço do time brasileiro. Das agremiações com atletas chamados para representar o Brasil, quatro (Atlético-MG, Grêmio, Internacional e São Paulo) confirmaram que nada receberam da CBF desde 2007. Alguns dirigentes de outros times desconheciam a lei. E houve quem não soubesse informar se a entidade pagou. "Já tentei cobrar isso há dois ou três anos. Apresentamos cálculos à CBF, mas não consegui", afirmou o presidente do Internacional, Vitorio Piffero. "A CBF alega que valoriza os jogadores com a convocação. E eu entendo que seria difícil pagar, pelo nível dos atletas." O Inter teve Renan, Kléber, Alex e Nilmar chamados à seleção nos últimos dois anos, mas o dirigente colorado descarta uma ação na Justiça comum para cobrar a CBF. É uma posição comum entre os clubes. Mas o presidente do Grêmio, Duda Kroeff, entende que poderia ser feita uma cobrança em conjunto, talvez pelo Clube dos 13. Ele também não acusou pagamentos da CBF referentes aos salários do goleiro Victor, convocado recentemente. "Claro [que devemos cobrar]. Vamos tratar disso com os outros clubes", explicou o cartola. Quem já cobrou não teve sucesso. Há uma conversa entre o São Paulo e a CBF para quitação de salários atrasados. "Continua em aberto um entendimento", contou o diretor de futebol são-paulino, João Paulo de Jesus Lopes, que nada mais diz sobre esse tema. A reportagem apurou que a dívida com o São Paulo já chega a R$ 5 milhões, sem correção. A CBF segue sem pagar os salários. Em dois anos, Miranda, Hernanes, Adriano e Richarlyson estiveram com a seleção enquanto jogavam pelo clube. "Não pagaram. Mas também não cobramos. Seriam três dias... Vou conferir isso", disse o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, que teve Diego Tardelli chamado para amistoso diante da Estônia, neste mês. Outros clubes, como Santos, Corinthians e Flamengo, não souberam informar se vêm recebendo nos últimos anos ou não encontraram os dirigentes responsáveis pelo assunto. A confederação faturou R$ 104 milhões no ano passado e registrou lucro de R$ 32 milhões. Enquanto a maioria dos clubes é deficitária, os patrocínios da entidade têm crescido.


Colaborou PAULO GALDIERI , da Reportagem Local



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