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CBF critica clubes, mas não paga salários de atletas
Confederação desrespeita lei e não remunera times por jogadores na seleção
Ricardo Teixeira, que atacou agremiações por má gestão, já estuda um plano para recuperá-las em conjunto com o Ministério do Esporte
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Há duas semanas, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, decidiu atuar em relação à
gestão dos clubes: em meio a
duras críticas às agremiações,
ele discute plano de recuperação com o governo federal.
Porém os clubes também
têm do que se queixar: há pelo
menos dois anos a confederação não paga os salários dos jogadores convocados à seleção,
segundo cartolas. Pela Lei Pelé,
a entidade tem de quitar a remuneração proporcional ao período em que os jogadores estão a serviço do time brasileiro.
Das agremiações com atletas
chamados para representar o
Brasil, quatro (Atlético-MG,
Grêmio, Internacional e São
Paulo) confirmaram que nada
receberam da CBF desde 2007.
Alguns dirigentes de outros
times desconheciam a lei. E
houve quem não soubesse informar se a entidade pagou.
"Já tentei cobrar isso há dois
ou três anos. Apresentamos
cálculos à CBF, mas não consegui", afirmou o presidente do
Internacional, Vitorio Piffero.
"A CBF alega que valoriza os jogadores com a convocação. E
eu entendo que seria difícil pagar, pelo nível dos atletas."
O Inter teve Renan, Kléber,
Alex e Nilmar chamados à seleção nos últimos dois anos, mas
o dirigente colorado descarta
uma ação na Justiça comum
para cobrar a CBF. É uma posição comum entre os clubes.
Mas o presidente do Grêmio,
Duda Kroeff, entende que poderia ser feita uma cobrança
em conjunto, talvez pelo Clube
dos 13. Ele também não acusou
pagamentos da CBF referentes
aos salários do goleiro Victor,
convocado recentemente.
"Claro [que devemos cobrar].
Vamos tratar disso com os outros clubes", explicou o cartola.
Quem já cobrou não teve sucesso. Há uma conversa entre o
São Paulo e a CBF para quitação de salários atrasados.
"Continua em aberto um entendimento", contou o diretor
de futebol são-paulino, João
Paulo de Jesus Lopes, que nada
mais diz sobre esse tema.
A reportagem apurou que a
dívida com o São Paulo já chega
a R$ 5 milhões, sem correção. A
CBF segue sem pagar os salários. Em dois anos, Miranda,
Hernanes, Adriano e Richarlyson estiveram com a seleção
enquanto jogavam pelo clube.
"Não pagaram. Mas também
não cobramos. Seriam três
dias... Vou conferir isso", disse
o presidente do Atlético-MG,
Alexandre Kalil, que teve Diego
Tardelli chamado para amistoso diante da Estônia, neste mês.
Outros clubes, como Santos,
Corinthians e Flamengo, não
souberam informar se vêm recebendo nos últimos anos ou
não encontraram os dirigentes
responsáveis pelo assunto.
A confederação faturou R$
104 milhões no ano passado e
registrou lucro de R$ 32 milhões. Enquanto a maioria dos
clubes é deficitária, os patrocínios da entidade têm crescido.
Colaborou PAULO GALDIERI , da
Reportagem Local
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