São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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MUDANÇA

Só uma vitória em três jogos e ataque ineficaz levam Adilson a pensar em mexer no time hoje

MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Adilson Batista quer mudar o time mesmo com a boa situação do Corinthians no Brasileiro. É o vice-líder, com 28 pontos, e não pode ser alcançado nesta rodada.
Mas a derrota na última semana, 3 a 2 para o Avaí, faz o treinador pensar em mudanças no esquema tático e na escalação da equipe, que ele assumiu só há três rodadas.
Sob o comando de Adilson, o Corinthians somou quatro pontos em nove possíveis. Empatou por 1 a 1 com o Palmeiras, bateu o Flamengo (1 a 0, também no Pacaembu) e perdeu em Florianópolis.
Em todas as partidas, Adilson mudou o esquema tático. Jogou ora com dois, ora com três atacantes, num esquema mais parecido ao que Mano Menezes empregou no ano passado, quando conquistou o Paulista e a Copa do Brasil.
Independentemente do esquema e do resultado, uma carência do Corinthians ficou evidente nessas três partidas. O time precisa, e muito, de um centroavante.
O diagnóstico foi feito pelo próprio Adilson, que hoje pode dar chance ao pouco convincente Souza entre os titulares. Recuperado de uma lesão no joelho direito, o eterno reserva de Ronaldo treinou durante a semana e pode ser uma alternativa a Iarley.
Na sexta-feira, o técnico fez um treino fechado. E citou o treinador rival. "O Baresi é novo, vamos deixá-lo pensando", afirmou Adilson, sobre o interino tricolor.
"Fizemos alguns trabalhos em cima de observações que fiz do São Paulo. Alguma coisa deve mudar, um jogador, um posicionamento. Espero que os jogadores consigam executar", completou.
Dentinho, ainda lesionado, não joga. Assim como Ronaldo, longe da forma ideal.
"Futebol é simples, não precisa inventar", declarou. "Sem a bola, tem que marcar. Com a bola, tem que jogar."
Mas, quando dirigiu o Cruzeiro (2008-2009), Adilson ganhou o apelido de Professor Pardal pelas invencionices táticas. No Corinthians, a única improvisação até agora foi escalar o zagueiro Leandro Castán na lateral esquerda, logo na estreia, no clássico com o Palmeiras.
Por outro lado, Adilson também trouxe do Cruzeiro um retrospecto espetacular em clássicos. Foram 12 partidas diante do Atlético-MG, com nove vitórias, dois empates e uma derrota, por 3 a 0, quando escalou a equipe celeste com reservas.
Hoje, o técnico enfrenta seu segundo clássico paulista em quatro rodadas. "A gente não pode escolher adversário", desconversou. "Nosso momento talvez seja melhor, mas vejo equilíbrio."

Interino , Baresi inicia revolução no clube e precisa de um triunfo para dar respaldo a inovações

LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

Sérgio Baresi precisa mudar o time. O São Paulo vive momento delicado no Brasileiro. É o 13º colocado e pode terminar a rodada perto da zona de rebaixamento.
Mais do que mexer na equipe, Baresi, que fará hoje seu segundo jogo como treinador interino do São Paulo, já provoca uma pequena revolução no time do Morumbi.
Vencer o Corinthians hoje significará o "start" para uma ascensão são-paulina e a simpatia definitiva do torcedor são-paulino com seu novo treinador, efetivado sob olhos de desconfiança.
E pode mostrar que as suas inovações fazem sentido.
Baresi fecha seus treinamentos, mas não tem problema em revelar a maior parte do que esconde. Treina jogadas ensaiadas à exaustão, coisa que seus antecessores, Muricy Ramalho e Ricardo Gomes, pouco faziam.
Durante a semana, realizou treinamento com 12 titulares. "Os trabalhos, todos, sem exceção, saíram da minha cabeça. Há trabalhos em que precisamos de cinco goleiros ao mesmo tempo."
Sua idade -tem 37 anos, pouco para um treinador de time de ponta- estreita sua relação com os jogadores.
"Eles me abraçaram mesmo. Sinto que eles gostam do tipo de trabalho que implantamos aqui. Se você for analisar, são os mesmos trabalhos que eu fazia lá embaixo [na equipe de base], um trabalho dinâmico, atualizado", disse o treinador, campeão da Copa São Paulo deste ano com os garotos tricolores.
O fato é que, em apenas 13 dias à frente do clube (substituiu Ricardo Gomes), Baresi tirou o dia a dia dos treinamentos do São Paulo de um habitual marasmo. E até já ganhou fama de CDF por causa das horas que passa estudando os adversários.
Ele elabora um dossiê sobre o próximo rival e o distribui aos jogadores. "O Corinthians deve repetir a escalação do último jogo. Levantei que não tem ninguém suspenso nem machucado. É isso que fazemos, montamos informações, mostramos as principais jogadas", disse.
Em sua estreia, empatou com o Cruzeiro em casa (2 a 2), no sufoco, mas foi elogiado por diretoria e torcedores. Em apenas uma partida, já foi possível notar mudanças na equipe, que criou mais jogadas e chances de gol.
Anteontem, deu mostras de que também é ousado. Barrou Dagoberto do clássico de hoje -não fica nem no banco-, alegando que o atacante teve uma semana de treinos ruim. "Sou um técnico que olha a semana inteira do atleta, independentemente do nome e do estrelato."


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