São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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JUCA KFOURI

Faz sol no futebol


E não é que o fiasco na Copa parece ter feito bem ao futebol brasileiro? Acordou?


SABE AQUELA história de alguns povos que resolveram dar pouca bola para seus políticos e construir seus países apesar deles?
Pois parece que os clubes, pelo menos alguns clubes, começam a fazer o mesmo por aqui, convencidos de que não podem esperar nada da CBF.
O maior exemplo foi dado pelo Santos, que conseguiu rejeitar uma proposta de 30 milhões do milionário Chelsea pela promessa chamada Neymar.
Os ingleses não devem estar entendendo nada, como os portugueses não entenderam quando um jovem patrício deles declinou de ser rei de sua potência europeia para ser imperador do Brasil.
Pois é, coisas que marcam ou podem marcar a história de um país ou, no caso, de um esporte.
E a resistência praiana aos euros londrinos e russos, dê no que dê, é dessas atitudes que têm tudo para virar divisor de águas -e tomara que vire.
Ora, já estava mais do que na hora de alguém com nova mentalidade fazer o que fez o presidente santista, que, se tem ainda de conviver com misérias locais, ser polido e cinturado para não colidir com Ricardo 1º -o que veio depois de Dom Pedro, 1º do Brasil, 4º de Portugal-, teve capacidade e respaldo para dar condições para Neymar ficar.
Veja que não se sabe de uma ajuda da CBF neste sentido, até porque a entidade madrasta sempre incentivou a exportação de pé de obra, discurso que Mano Menezes não endossa -e não parece ser porque a Casa Bandida mandou.
Outro clube que ensina é o Inter, cuja mais nova conquista, entre tantas nestes últimos anos, é a coroação da política que começou por dar vez e voz aos associados, democratizando as eleições, ampliando o colégio eleitoral, criando zonas eleitorais no interior do Rio Grande e podendo contar hoje com cerca de 25% do que arrecada só dos sócios.
Nem Santos nem Inter, como se sabe, estão entre as cinco maiores torcidas do país, por enquanto. O Santos está em oitavo, e o Inter, em décimo lugar, na mais recente pesquisa do diário "Lance!".
Que ninguém duvide, porém, que a adoção e manutenção de políticas corretas e inovadoras tendem a trazer resultados mais rapidamente do que se imagina neste mundo de hoje, tamanha a velocidade com que correm as informações e ocorrem as transformações. Flamengo e Corinthians, os dois maiores, que acordem. E que persistam na política de arrumar, ou erguer a casa, cuidar de suas bases, sem loucuras sim, mas com ousadia, a mesma que clubes também centenários, e iluminados, como Inter e Santos têm sido capazes.

blogdojuca@uol.com.br


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