São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Os ídolos também pecam

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Ronaldo, ou Ronaldinho -a imprensa precisa chegar a um acordo-, completa hoje 26 anos. Ele esteve em três Copas do Mundo. Parece um veterano.
Quando estreou no Cruzeiro com 16 anos, já demonstrava todo seu fenomenal futebol. A consagração era questão de tempo. Se não tivesse tido tantas contusões, seria hoje ainda melhor.
Ronaldo fez um grande esforço para retornar bem ao futebol. As belíssimas atuações na Copa foram uma vitória não só do atleta, mas também do homem.
No Mundial, Ronaldo e Rivaldo conquistaram definitivamente um lugar na lista dos grandes jogadores do futebol brasileiro e mundial. Ronaldo acabou com a dúvida -se era um produto de marketing ou um fenômeno. Ele é as duas coisas, como quase todas as grandes celebridades.
Hoje, a moda é a das pequenas e eventuais celebridades. Em outras épocas, as pessoas desejavam muito mais serem amadas e compreendidas. Eram mais neuróticas. Hoje, querem ser famosas, mesmo que seja por 15 minutos. São mais narcisistas, deslumbradas e felizes (entre aspas).
O homem Ronaldo foi muito criticado e elogiado. Os torcedores da Inter não param de chamá-lo de ingrato. A sociedade cobra do ídolo atitudes exemplares. Eles não são melhores do que as pessoas comuns. Na verdade, os próprios ídolos se preocupam em parecerem especiais e mais humanos do que são. As suas obras é que os fazem especiais. Elas são geralmente melhores do que os autores.

Craque e gênio
Como se classifica o Ronaldo entre os grandes jogadores da história do futebol mundial? Diria que ele é mais do que um jogador excepcional, um craque. É um fenômeno, um supercraque. Mas, não é um gênio. Romário foi um gênio, o que não significa mais eficiência. O Baixinho foi mais fascinante, fantasista, em campo.
Romário e Ronaldo foram os dois melhores centroavantes que vi atuar. Logo abaixo estariam o holandês Van Basten, o alemão Muller, Reinaldo e Coutinho. Obviamente, não estão nessa lista os grandes meias-atacantes, como Pelé, Maradona, Cruyff, Platini, Zico e outros.
Antes que alguém diga que estou sendo humilde ou falso humilde, não é uma coisa nem outra. Fui um grande jogador, mas sei qual e onde é o meu lugar. Além do mais, era um meia-atacante, mais armador do que atacante. Na Copa de 70 atuei fora da posição, de centroavante. Na verdade, não fui armador nem centroavante. Fui um centroavante armador.

Novidade do Brasileirão
São Paulo e Atlético-PR, que se enfrentam hoje, já foram eleitos os melhores times do Campeonato Brasileiro. Não são mais. A alternância de posições no campeonato não significa irregularidade das equipes e sim equilíbrio. É muito difícil um time ganhar ou perder várias partidas seguidas. O Cruzeiro não consegue ganhar duas partidas seguidas no Brasileiro desde novembro de 2000.
Atlético-MG, Santos e Corinthians melhoraram bastante suas posições durante a semana e ocupam boas posições, depois do Juventude. Geninho implantou no Atlético o mesmo desenho tático com três zagueiros do xará do Paraná, campeão do ano passado. Os principais destaques do Galo são Marques (como sempre), Souza, que melhorou a qualidade do meio-campo, Mancini e o jovem Paulinho, uma grande promessa.
Mancini descobriu sua posição, a de ala. Não é apenas um lateral que apóia. Ocupa a posição de um meia direita no esquema 4-4-2. Ataca e defende pelo meio e pela lateral. Finaliza muito bem.
Muitos técnicos que utilizam o esquema com três zagueiros e dois alas ainda não perceberam que, em algumas situações, é melhor colocar um armador atuando de ala do que um limitado lateral para apoiar.
Após a vitória sobre o Vasco no meio de semana, o Santos derrubou o medo de jogar fora de casa.
Os garotos estão amadurecendo e aprendendo a atuar longe do carinho e da proteção familiar. O time defende e ataca com muitos jogadores. Elano, Diego e Robinho são armadores e atacantes.
Será que o time teve ontem uma boa atuação contra o Goiás na Vila Belmiro? Ou vai passar a ganhar fora e perder ou empatar em seus domínios?
O Corinthians, com Guilherme, passou a jogar pela primeira vez num autêntico 4-3-3, com três atacantes. Leandro era mais um meia de ligação. Recuava muito, ciscava e produzia pouco. Guilherme atua próximo da área. Finaliza e distribui bem a bola. O time ficará mais forte.


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