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FUTEBOL
Anatomia de uma queda
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Nem os cruzeirenses esperavam uma vitória tão elástica sobre o Santos. Antes do jogo,
focalizados pelas câmeras na arquibancada, os torcedores mais
otimistas faziam sinal de "dois a
zero" para o time azul.
Quer dizer, então, que os dois times não são tão equilibrados como se dizia?
Devagar com o andor. Cruzeiro
e Santos são, sim, times de mesmo
nível, quando estão em suas condições ideais. A queda santista no
Mineirão tem explicações muito
concretas. Vamos a elas.
1. A ausência de Diego. Talvez o
Santos não dependa tanto dele
quanto o Cruzeiro de Alex, mas o
jovem meia é quem costuma organizar o jogo e iniciar suas principais ações ofensivas.
2. Os erros de escalação de Leão.
Sem poder contar com Diego e
Reginaldo Araújo, o técnico podia ter-se limitado a escalar Jerri
e Neném em seus lugares, sem
mexer na boa estrutura do time.
Ao tirar o atacante William e
escalar mais um volante (Alexandre), deslocando Elano para a
frente, Leão resolveu experimentar na hora errada, justo contra
seu oponente mais forte.
3. A expulsão de Fabiano. Até
então, a partida estava equilibrada, e o Santos, mesmo com os problemas citados, tinha chances
reais de empatar.
Mas a bobagem cometida pelo
meia santista desorganizou uma
equipe que já não estava com sua
melhor formação. Além disso,
abalou os nervos dos jogadores e
deu um ânimo extra ao Cruzeiro.
A partir daí, Alex e seus companheiros deitaram, rolaram e poderiam ter saído com uma goleada ainda mais sonora.
Houve também, é claro, falhas
pontuais, como o pênalti que André Luiz cometeu por pura afoiteza -aliás um problema um tanto frequente da zaga santista, como já ficara claro nos jogos contra o Boca na Libertadores.
Alguns dirão que só falei do
Santos. É que o Peixe foi o time
que teve problemas, que errou,
que poderia ter agido de outra
maneira. O Cruzeiro fez tudo certo. Limitou-se a jogar seu esplêndido futebol.
Falou-se muito, durante a semana, sobre uma eventual superioridade do "conjunto" santista
sobre o cruzeirense.
Mas o entrosamento do time
azul é admirável. Tanto que o time não cai de produção quando
troca um jogador por outro (como Márcio por Alex Alves no jogo
de sábado).
Quando um cruzeirense retoma
a bola para a sua equipe, vários
companheiros imediatamente se
deslocam para facilitar-lhe a troca de passes. O jogo flui com rapidez e eficiência.
No sábado, Alex foi menos ofensivo, talvez tenha brilhado menos
que de costume, mas ajudou seu
time a ganhar o meio-campo e
sair rápido para o contra-ataque.
Foi um maestro. Outros que jogaram muito foram Leandro, Aristizábal e, quem diria, Cris.
Um lance para lembrar: Alex
tocou de calcanhar para Leandro,
que cruzou na medida para Aristizábal cabecear no travessão.
Não foi gol, mas o sábado ficou
mais bonito.
Apatia tricolor
O São Paulo perdeu a terceira
colocação para o Coritiba porque entrou numa pasmaceira
depois de virar em três minutos
o jogo contra o Atlético-MG.
Aproveitando a apatia e a falta
de inspiração tricolor, o Galo
colocou sangue novo em campo. Tanto bateu até que furou a
atrapalhada defesa são-paulina
e empatou a partida.
Declínio alvinegro
Criciúma 1 x 0 Corinthians foi
um jogo "de dar calo na vista"
(como diria Dadá Maravilha)
de tão feio. O desmanche promovido pela diretoria corintiana, aliado às contusões de atletas importantes, deixaram o alvinegro com um elenco medíocre e sem padrão de jogo. O Corinthians até tem tempo para se
recuperar na tabela. O que não
tem é time.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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