São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inflação elitiza torcida do Brasileiro

Preço médio dos ingressos da Série A sobe 66% desde a edição de 2005, contra variação de 17% no IPC no período

Puxado pelos dois grandes paulistanos, valor médio das entradas aumenta 26% apenas em relação ao campeonato de 2007


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o valor dos ingressos para os jogos do Campeonato Brasileiro tivesse a mesma importância do feijão na confecção dos índices de inflação, o cenário da economia nacional seria muito mais complicado.
Segundo dados da CBF, sem contar a rodada do final de semana, o preço médio das entradas para o torneio está em R$ 15,27. Isso é 26% mais do que no ano passado (R$ 12,15) e 66% superior a 2005 (R$ 9,22).
Números que ficam muito acima dos principais índices de inflação do país.
De janeiro a agosto, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 4,66%. O acumulado de janeiro de 2005 até o mês passado está em 17%.
Os principais "vilões" na forte alta do preço dos ingressos são Palmeiras e São Paulo.
Em relação ao ano passado, o valor médio do ingresso nos jogos dos dois grandes paulistanos como mandantes subiram estratosféricos 81%. No caso são-paulino, passou de R$ 12,5 para R$ 22,6. No palmeirense, de R$ 15,7 para R$ 28,4.
Os dois times que mais público levam aos jogos também aumentaram de forma substancial o preço das entradas, entretanto, ficam longe dos valores cobrados pelas diretorias de Palmeiras e São Paulo.
O Flamengo tem um valor médio 38% (R$ 16,6) maior do que em 2007. O Grêmio majorou seus preços em 34%, e hoje cobra, em média, R$ 18,8.
São raros os casos de times que diminuíram o preço dos ingressos. Quem fez isso geralmente está em situação ruim na tabela e precisa apelar a promoções, como já fez algumas vezes o Santos.
Dessa forma, o time do litoral paulista tem hoje um valor médio das entradas (R$ 9,6) 19% menor do que em 2007.
Com os bilhetes bem mais caros de uma forma geral no Brasileiro, os clubes aumentaram seus faturamentos com bilheteria mesmo com a média de público fazendo o caminho contrário.
Na temporada passada, o Nacional, sempre com números oficiais da CBF, teve um público médio de 17.461 pagantes por jogo. Em 2008, a média está em 15,5 mil torcedores por partida, uma queda de 11%. Mas a renda média por jogo passou de R$ 212 mil para R$ 237 mil, crescimento de 12%.
Mais impressionante é a comparação com o campeonato de 2005, que teve uma média de público -14 mil pessoas por jogo- não muito distante da registrada atualmente.
Só que naquela época a renda média não chegava a R$ 130 mil, ou pouco mais da metade do que os clubes faturam por partida na edição de 2008.


Texto Anterior: Juca Kfouri: "Golbalização" sem fim
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.