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Santos dá carta branca a Teixeira
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O Conselho Deliberativo do
Santos aprovou ontem o projeto
de reforma estatutária que abre a
possibilidade de um presidente se
perpetuar no cargo.
A partir da eleição prevista para
dezembro, o presidente do clube
poderá se candidatar ininterruptamente à reeleição, sem limite de
mandatos. A regra vigente até ontem permitia uma única reeleição
-no máximo, dois mandatos seguidos de dois anos cada um.
Apesar da decisão, o presidente
Marcelo Teixeira, 39, no cargo
desde 2000, não admitiu que será
o candidato situacionista, embora
seja o preferido dos integrantes
do grupo que o apóia, majoritário
no Conselho Deliberativo.
Os conselheiros só puderam votar ontem a redação final do novo
estatuto porque na semana passada o desembargador Luiz Antonio Morato de Andrade, do Tribunal de Justiça do Estado, cassou
uma liminar (decisão provisória)
da Justiça local concedida no último dia 9 a um integrante da Associação Resgate Santista, grupo de
oposição a Teixeira.
A liminar suspendia os efeitos
legais da reunião do conselho. A
Resgate argumenta que, de acordo com o novo Código Civil, a alteração dos estatutos de associações civis só pode ser realizada
mediante a convocação de uma
assembléia geral dos sócios e não
só pelo voto dos conselheiros.
O empresário Luis Alvaro de
Oliveira Ribeiro, 60, presidente da
Resgate e candidato de oposição à
sucessão no Santos, disse que o
grupo ingressou ontem com um
recurso no Tribunal de Justiça a
fim de que o desembargador reconsidere a decisão e suspenda a
cassação da liminar. "A cláusula
da reeleição está na contramão da
história. Cria-se uma monarquia
no clube", afirmou Ribeiro.
Marcelo Teixeira disse que tinha como única preocupação a
adaptação dos estatutos do clube
à nova legislação esportiva. "Hoje
[ontem], o Santos passou a ter
uma carta modelo", afirmou.
Teixeira disse que era favorável
a uma solução de consenso que
evitasse o embate eleitoral. "Infelizmente, isso não foi possível por
causa dos radicalismos. A preocupação é só com a disputa política", reclamou.
Caso seja o candidato da situação e ganhe a eleição deste ano,
Teixeira se converterá no presidente com maior número de
mandatos desde 1971. Além dos
períodos 2000/ 2001 e 2002/2003,
Teixeira já havia comandado o
clube no biênio 1992/1993.
O recordista na presidência do
Santos é Athiê Jorge Coury, que
dirigiu o Santos em mandatos sucessivos entre 1945 e 1971.
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