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Investigado, Palmeiras admite falta de controle
Clube diz desconhecer a situação de todas as suas prestadoras de serviços
Cartola não sabe paradeiro de dono de firma suspeita pelo Ministério Público de emitir, em 2006, nota fria para atuar fora de sua área
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Após um dia de silêncio, o
Palmeiras falou ontem sobre
contrato com a Valtec Wicom,
de 2006, investigado pelo Ministério Público paulista, como
revelou a Folha anteontem.
Disse não ter encontrado o
dono da empresa para ajudar o
clube a esclarecer o caso. E
nem ter como saber da vida de
suas prestadoras de serviços.
A Promotoria também não
encontrou sinal do proprietário da firma, Roberto Carlos
D'Almeida, o que reforçou a
suspeita de emissão de nota
fria em nome do clube.
Outros fatos geraram suspeitas. Pelo contrato, a empresa
deveria prestar serviços de
consultoria de seguros. Mas,
pelo cadastro nacional de pessoa jurídica, a atividade dela é
"comércio varejista especializado em equipamentos de telefonia e comunicação". E o endereço da empresa não bate.
"Se a firma não pode prestar
consultoria de seguros, o problema é dela. Não temos como
saber a situação de cada empresa que presta serviços para
o Palmeiras", disse Antônio
Carlos Corcione, assessor especial da presidência do clube.
"Um empresário de jogador
está acionando o Palmeiras. Aí
fui atrás da empresa dele e descobri que é de material de
construção. Agora estou usando isso a nosso favor, mas a
obrigação de saber essas coisas
não é nossa", completou.
Escalado pela diretoria para
falar sobre o assunto, ele afirmou ter obtido informações
com José Cyrillo Júnior, diretor administrativo e que assinou o contrato como representante do Palmeiras, à época como vice-presidente.
"Pedi para o Cyrillo localizar
o dono da empresa, e ele me
disse que não conseguiu. Mas
claro que essa pessoa existe, foi
vista pelo Cyrillo várias vezes
no clube", declarou Corcione.
Pela versão dele, D'Almeida
"ajudava informalmente a resolver problemas com seguros
feitos pelo clube para os jogadores". Até que a diretoria resolveu formalizar a relação e
assinou o contrato.
"Não sei exatamente o que é
uma consultoria de seguros, só
sei que esse serviço existe. Hoje, ele é feito pela empresa de
um conselheiro, de graça".
Segundo Corcione, só é possível afirmar que o Palmeiras
fez um pagamento para a Valtec, em fevereiro de 2007, no
valor de R$ 77.486,75.
Só que o contrato previa o
pagamento de R$ 326 mil, em
quatro vezes. A última parcela
deveria ser quitada em dezembro de 2006. "O pagamento pode ter atrasado, isso justificaria
a empresa ter recebido em
2007, após o final do contrato."
Mesmo com o pagamento
feito cerca de dois meses após o
término do compromisso, Corcione afirmou que a Valtec não
fez o seu trabalho até o fim.
"Um conselheiro disse que o
clube estava perdendo dinheiro, que sua empresa poderia fazer o mesmo trabalho de graça.
Então, pelo que me falaram,
pararam o acordo no meio."
A diretoria não planeja fazer
uma investigação sobre o caso.
"O clube tem órgãos fiscalizadores [independentes] que podem fazer isso, se acharem necessário. Se o Ministério Público concluir que o Palmeiras foi
lesado, alguém tem de ser responsabilizado", disse Corcione.
A Promotoria investiga ainda
suposta emissão de notas frias
de 2001 a 2004, quando o presidente do Palmeiras era Mustafá Contursi -Affonso della
Monica assumiu em 2006.
A apuração foi desencadeada
após um ex-funcionário do departamento de vôlei afirmar
existir esquema de notas frias,
envolvimento de 16 dirigentes
e compra de dólares e árbitros.
Os dois casos são investigados pelos mesmos promotores,
que não descartam a possibilidade de o clube estar sendo lesado por um esquema de notas
frias de 2001 até hoje.
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