São Paulo, quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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Fominha, Poliana leva Copa do Mundo

Diferentemente de adversárias, brasileira disputa maioria das etapas e é a melhor do circuito de maratonas aquáticas

Com despesas pagas pela confederação, nadadora aproveita ausências de principais rivais e vence 9 das 12 provas da temporada

Cristhiane Fanzeles/Divulgação
Nadadora exibe troféu

FERNANDO ITOKAZU
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Após muitas viagens e 11 etapas pelo planeta, Poliana Okimoto conquistou o título da Copa do Mundo de maratonas aquáticas da Fina (Federação Internacional de Natação).
Para se tornar a primeira brasileira a alcançar a façanha, a nadadora venceu 9 das 11 provas de que participou neste ano -Poliana não competiu na etapa do Canadá, com data coincidente à do Mundial de Roma.
Com as despesas de viagem pagas pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Poliana, 26, foi uma das únicas atletas que subiram ao pódio no Mundial ou em Olimpíada a participar de quase todas as etapas do circuito.
"Vale gastar. Nem quero saber [o quanto gastou]. Estou feliz da vida. Vou continuar investindo no próximo ano nela [Poliana] e nos demais atletas", afirmou Coaracy Nunes Filho, presidente da CBDA, que conta com recursos da Lei Piva e do patrocinador, os Correios.
No total, a estimativa é de gasto de cerca de R$ 53 mil em viagens de Poliana e de Ricardo Cintra, técnico e marido dela -a estadia é paga pela Fina.
"Se você não investe nas viagens, acaba quebrando o atleta. Nada surge de graça. Em 2007, formei uma comissão [para maratonas aquáticas]. E comecei a investir e mandando o pessoal para o exterior. Nunca faltou dinheiro para isso."
Além de arcar com os custos de hospedagens dos principais atletas, a Fina oferece premiação em esquema semelhante ao da Copa do Mundo de natação em piscina curta (25 m).
Os valores de cada etapa variam de US$ 400 (oitavo) a US$ 2.500 (campeão). No final, o nadador com mais pontos leva mais US$ 15 mil. Por seu desempenho, a brasileira garantiu US$ 41,5 mil. Mas esses valores não são atraentes para todos os nadadores de ponta, que não colocam a Copa do Mundo como prioridade e disputam somente algumas etapas.
O título de Poliana foi garantido ontem, na prova dos Emirados Árabes. Com a melhor campanha, a brasileira precisava apenas participar da etapa para assegurar o troféu.
Ela, no entanto, venceu a disputa, com a russa Larisa Ilchenko, ouro em Pequim- -08, que ficou em segundo, e a alemã Ângela Maurer, campeã mundial neste ano na prova de 25 quilômetros e vencedora do circuito em 2008, em terceiro.
"Estou vivendo um momento especial. Cresci muito neste circuito de 2009. Sou outra nadadora, completamente diferente. Hoje sou capaz de nadar qualquer tipo de prova", disse Poliana, que foi bronze no Mundial de Roma nos 5 km.
As únicas provas em que Poliana foi superada foram em Santos, no Brasil, quando a compatriota Ana Marcela ficou com a primeira colocação, e em Varna, na Bulgária, com um triunfo da russa Ilchenko.
"Estou esgotada e preciso tirar férias", disse Poliana, que talvez volte a competir no Torneio Open, em dezembro, em São Paulo. "Ainda depende do Pinheiros [seu clube]. Se não precisar nadar, já vou treinar para o ano que vem."
A Fina estuda a diminuição do número de etapas da Copa -hoje com 12 provas.
"Parece que o circuito vai ter apenas seis ou sete etapas em 2010. Então vai ser menos cansativo", avaliou a atleta.
Para o superintendente técnico de natação da CBDA, Ricardo de Moura, a atleta agora precisa descansar e, de cabeça fria, traçar a estratégia até a Olimpíada de Londres-12.
"Nem sempre o que é melhor para um é o melhor para outro", afirmou Moura.
Segundo ele, isso explica a ausência de maratonistas aquáticas de ponta no circuito.
"Para a Poliana, foi bom porque ela se habituou a nadar em todas condições possíveis. O melhor não é estar em visibilidade sempre, mas ganhar visibilidade no momento mais importante, no caso a Olimpíada de Londres", afirmou Moura.


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