São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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Vermelho e preto pintam Brasileiro de festa e de dor

"Furacão" segue rumo ao título e faz o maior artilheiro; Fla empata na zona do descenso

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vermelho e o negro dão o tom do Brasileiro. Na ponta, um Atlético-PR quente, básico. Na zona de rebaixamento, um Flamengo que lembra vergonha, trevas.
Um tem o flamante recordista de gols da história do Brasileiro: Washington marcou dois ontem e já balançou a rede 32 vezes no torneio. O outro tem o ex-recordista: Dimba, que havia marcado 31 gols pelo Goiás na edição anterior, passou em branco mais uma vez e acabou substituído ontem.
Atlético-PR e Washington começaram o Brasileiro sem favoritismo, mas ontem ficaram mais perto da glória. O time fez 3 a 2 na Ponte Preta em Campinas e chegou a 81 pontos, mantendo a liderança isolada da competição.
E o atacante, que enfrentava no início da disputa a desconfiança dos que não acreditavam em sua recuperação após sérios problemas cardíacos, já garantiu de vez seu nome na história do futebol.
Flamengo e Dimba entraram com pompa no Nacional, mas ontem aumentaram suas frustrações. O time, que vinha "levantando poeira" quando venceu o Estadual do Rio e foi à final da Copa do Brasil, ficou no 0 a 0 com o Botafogo e segue na zona do descenso a apenas quatro rodadas para o final do campeonato.
Dimba chegou para completar o que seria um baile do vermelho e preto. Estrela, além de ganhar R$ 125 mil mensais, teve o privilégio de receber adiantado, quando seus companheiros se acostumaram a ficar meses sem receber. Ontem, completou sete jogos sem marcar -disputou 18 partidas no torneio, e o Flamengo só venceu sete vezes com ele em campo.
O Santos parece mesmo ser o único capaz de impedir o bicampeonato do Atlético-PR, pois derrotou ontem o Coritiba por 1 a 0 e permanece dois pontos atrás do time de Curitiba. O Flamengo, por sua vez, luta contra vários. Criciúma, Paraná e Vitória venceram na rodada e respiram. Até o Guarani, que parecia condenado, ganhou no final de semana e agora ameaça o time carioca -tem 43 pontos, três atrás do Flamengo.
Quando Júnior, um dos maiores ídolos da Gávea, parou, o Flamengo era o maior campeão nacional, com quatro títulos, e o Atlético-PR apenas sonhava com o dia em que ergueria uma taça nacional. Neste ano, o preto e vermelho curitibano já caminha para ter a metade dos títulos brasileiros do mais famoso rubro-negro.
O próximo adversário do Atlético-PR é o Grêmio, fundador do Clube dos 13 que já chora o rebaixamento. O próximo do Flamengo é o Palmeiras, que luta pela Libertadores, no Parque Antarctica.
A briga pela mais nobre competição do continente, aliás, ficou mais próxima de um time que leva listras rubro-negras no peito. O São Paulo goleou ontem o Juventude por 4 a 0 no Morumbi e chegou a 75 pontos -tem poucas chances de ganhar o título, mas assumiu a terceira posição, que rende vaga direta na Libertadores.
O São Caetano perdeu por 1 a 0 em Porto Alegre para o colorado gaúcho, único representante do país vivo na Copa Sul-Americana.
Essa segunda competição continental virou objetivo maior do Corinthians, que passou pelo Cruzeiro por 1 a 0 fora de casa e, com 65 pontos, está praticamente classificado -surge em oitavo lugar, sete pontos na frente do nono colocado, que também vai disputar a Sul-Americana em 2005.
O segundo Brasileiro de pontos corridos promete disputa até a última rodada em praticamente toda a tabela. O único posto que parece definido é o último -com 38 pontos, o Grêmio tem cinco a menos que o renovado Guarani.
A briga para definir os quatro que fecharão o ano de fato no vermelho (rebaixados) é a mais acirrada e envolve quase os Estados na elite, exceção feita a Goiás. São dez times na disputa contra o descenso e só três desses nunca jogaram a segunda divisão -Atlético-MG, Vasco e Flamengo.
Se no topo o "Furacão" vê seu avião escarlate no ""piloto automático", como diz seu treinador, Levir Culpi, a nave do Flamengo parece rumar a um buraco negro. A coisa está preta. E vermelha!


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