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Por renda e para fazer média, CBF ignora regras da Fifa
Camarotes em lugares indevidos atrapalhando os torcedores e falta de segurança na chegada dos atletas foram alguns dos problemas no Morumbi ontem
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para aumentar sua renda e
agradar a parceiros, a CBF ignorou no Morumbi diversas
normas da Fifa para o funcionamento de estádios. Para piorar, ainda houve descoordenação entre as autoridades envolvidas na organização do jogo.
O problema maior foi com os
camarotes VIPs e locais corporativos, negociados com empresas. Eles ocuparam o anel
inferior, atrapalhando torcedores, jornalistas e atletas.
Todo o anel inferior foi dividido por setores ocupados por
diferentes espaços VIPs, onde
havia boates e outros centros
de entretenimento. Cada um
era patrocinado por uma série
de empresas. Com isso, ficava
impossível o trânsito por todo o
piso térreo do estádio, a não ser
para quem tivesse credencial
com poderes ilimitados.
Pelo menos dois desses locais
corporativos foram explorados
pelas empresas do Grupo
Águia, que pertence a Wagner
Abrahão. Sua empresa é responsável por toda a operação
de viagens da CBF.
Na CPI do Futebol, no Senado, uma empresa de Abrahão, a
SBTR, foi apontada como um
ralo de dinheiro da confederação. Levou R$ 30 milhões em
três anos sem apresentar comprovantes de despesas.
Era um espaço VIP da Top
Service, com patrocínio de 18
empresas, que estava no caminho entre as áreas em que jornalistas assistiram aos jogos e
onde fariam entrevistas.
Com isso, funcionários informaram que os repórteres teriam que sair do estádio e entrar por outro portão para ir ao
local aonde os times chegariam. Só após o jogo foi liberada
a passagem para os jornalistas.
A Fifa manda que jornalistas
tenham acesso direto, por área
exclusiva, à zona mista -que
era insuficiente para atender a
demanda de repórteres- e de
entrevistas coletivas.
Sobre o assunto, a assessoria
da CBF informou desconhecer
ordem para vetar o acesso dos
jornalistas até a área de entrevistas pelos camarotes.
No camarote da Federação
Paulista de Futebol também foi
apontada outra irregularidade.
No lugar de lugares marcados,
tinham cadeiras plásticas.
Outro desrespeito aos padrões da Fifa ocorreu na chegada dos times e dos árbitros ao
Morumbi: não eram separados.
Os ônibus dos dois times foram isolados por um portão,
após entrarem na grade que
circunda o estádio. Mas, em
porta lateral, passavam torcedores destinados à área VIP.
Um funcionário da Federação Paulista de Futebol, que
participa da organização, disse
que não houve coordenação
com a CBF para a instalação
dos espaços VIPs. O responsável da FPF pelo jogo, identificado como Narsio, foi contatado
pela Folha, mas declarou não
ter tempo para falar.
Executivo da Traffic, José
Hawilla, que negocia alguns direitos de jogos da CBF, disse
desconhecer como foram comercializados os espaços VIPs.
Afirmou que só cuidava das
placas. Ninguém da CBF foi encontrado para comentar os fatos até as 22h30.
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