São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Por renda e para fazer média, CBF ignora regras da Fifa

Camarotes em lugares indevidos atrapalhando os torcedores e falta de segurança na chegada dos atletas foram alguns dos problemas no Morumbi ontem

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para aumentar sua renda e agradar a parceiros, a CBF ignorou no Morumbi diversas normas da Fifa para o funcionamento de estádios. Para piorar, ainda houve descoordenação entre as autoridades envolvidas na organização do jogo.
O problema maior foi com os camarotes VIPs e locais corporativos, negociados com empresas. Eles ocuparam o anel inferior, atrapalhando torcedores, jornalistas e atletas.
Todo o anel inferior foi dividido por setores ocupados por diferentes espaços VIPs, onde havia boates e outros centros de entretenimento. Cada um era patrocinado por uma série de empresas. Com isso, ficava impossível o trânsito por todo o piso térreo do estádio, a não ser para quem tivesse credencial com poderes ilimitados.
Pelo menos dois desses locais corporativos foram explorados pelas empresas do Grupo Águia, que pertence a Wagner Abrahão. Sua empresa é responsável por toda a operação de viagens da CBF.
Na CPI do Futebol, no Senado, uma empresa de Abrahão, a SBTR, foi apontada como um ralo de dinheiro da confederação. Levou R$ 30 milhões em três anos sem apresentar comprovantes de despesas.
Era um espaço VIP da Top Service, com patrocínio de 18 empresas, que estava no caminho entre as áreas em que jornalistas assistiram aos jogos e onde fariam entrevistas.
Com isso, funcionários informaram que os repórteres teriam que sair do estádio e entrar por outro portão para ir ao local aonde os times chegariam. Só após o jogo foi liberada a passagem para os jornalistas.
A Fifa manda que jornalistas tenham acesso direto, por área exclusiva, à zona mista -que era insuficiente para atender a demanda de repórteres- e de entrevistas coletivas.
Sobre o assunto, a assessoria da CBF informou desconhecer ordem para vetar o acesso dos jornalistas até a área de entrevistas pelos camarotes.
No camarote da Federação Paulista de Futebol também foi apontada outra irregularidade. No lugar de lugares marcados, tinham cadeiras plásticas.
Outro desrespeito aos padrões da Fifa ocorreu na chegada dos times e dos árbitros ao Morumbi: não eram separados.
Os ônibus dos dois times foram isolados por um portão, após entrarem na grade que circunda o estádio. Mas, em porta lateral, passavam torcedores destinados à área VIP.
Um funcionário da Federação Paulista de Futebol, que participa da organização, disse que não houve coordenação com a CBF para a instalação dos espaços VIPs. O responsável da FPF pelo jogo, identificado como Narsio, foi contatado pela Folha, mas declarou não ter tempo para falar.
Executivo da Traffic, José Hawilla, que negocia alguns direitos de jogos da CBF, disse desconhecer como foram comercializados os espaços VIPs. Afirmou que só cuidava das placas. Ninguém da CBF foi encontrado para comentar os fatos até as 22h30.


Texto Anterior: Cambistas: PM faz prisões antes do jogo
Próximo Texto: O maior: Jogo bate recorde de arrecadação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.