São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CBF põe sob suspeita a denúncia do Santa Cruz

Cartola pernambucano diz agora não acusar ninguém

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa da Silva, colocou sob suspeita a autenticidade do dossiê do Santa Cruz, que acusou o membro afastado do órgão, Paulo Jorge Alves, de esquema de extorsão na Série B, envolvendo cobrança de propina e aliciamento de árbitros.
"Nós temos plena confiança nele [Paulo Jorge Alves]. Ele vai ser ouvido, assim como o presidente do Santa Cruz [Edson Nogueira], que não sei por que demorou tanto, esperou o time dele cair, para fazer a denúncia", declarou Corrêa.
Segundo ele, "dá a impressão de que o trabalho da comissão não está agradando a alguns segmentos". "Não há menção ao nome de nenhum árbitro. É incrível alguém achar que pode haver manipulação", disse.
O cartola defendeu que tudo deve ser apurado. Hoje, o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, afirmou que receberá a documentação e iniciará o processo para a abertura de inquérito do caso.
O presidente do Santa Cruz afirmou que não tem nada a temer em relação às denúncias. E voltou atrás em relação à acusação contra Alves. "Eu não tenho medo de nada, não estou acusando ninguém, só quero que esclareçam isso", declarou. "Será que quem reivindica seriedade deve ser penalizado?"
Citado no dossiê encaminhado por Nogueira à Federação Pernambucana de Futebol, Alves ameaça processar seus acusadores. Ele disse ser vítima de "operação para desconstruir sua imagem" e afirmou que usa e-mail só para "falar com amigos". Seu computador, conta, é utilizado "apenas para lazer."
No dossiê, há quatro e-mails enviados ao presidente do Santa Cruz por uma pessoa que se identifica como sendo Paulo Jorge Alves. Nas mensagens, datadas do final de outubro e início de novembro, ele oferece "uma mãozinha" para que o time ganhe pontos no torneio. Pede R$ 6.000 por partida.
No dia 29 de outubro, o dirigente depositou R$ 2.300 em uma conta bancária do Bradesco em nome de Francisco Gaspar Neto, "homem forte da comissão [de arbitragem]", segundo afirma um dos e-mails. O presidente do Santa Cruz diz que fez o depósito apenas para confirmar a extorsão.
"Eu fiz a minha parte", afirmou. "Mandei quebrar o meu sigilo telefônico, tudo o que for possível para esclarecer", disse. "Dei e-mails, telefones convencionais e celulares, conta, agência, banco e CPF. Você pode inventar um e-mail, mas a sua conta bancária tem que ter um dono", acrescentou ele.
Nogueira, que é delegado da Polícia Civil em Pernambuco, não revelou o teor das conversas telefônicas que disse ter mantido com os supostos interlocutores do esquema.


Texto Anterior: Novidade: Torneio está no país pela 1ª vez
Próximo Texto: Rali: Mais jovem, Dacar revela percurso de 08
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.