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Amistoso da seleção atinge ética do governo
Autoridades não poderiam ter aceitado convite e usado carro oficial e seguranças na partida da última quarta-feira em Brasília
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gols da seleção animaram,
na última quarta, convidados
que se acotovelavam na tribuna
de honra do Bezerrão, área VIP
regada a canapés, penne e bebidinhas não-alcoólicas. Nada
demais se não circulassem, entre Pelé e Felipe Massa, autoridades do Executivo e do Judiciário que descumpriram código de ética ao aceitar o convite e
usar carro e segurança oficiais.
Os presidentes do Supremo
Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e do Tribunal Superior
Eleitoral, Carlos Ayres Britto,
foram convidados pela CBF e
pelo governo do DF. Mendes
levou a mulher, e Ayres Britto
chegou de carro oficial, com o
filho e dois amigos.
A postura de ambos é questionada pelo código de ética da
magistratura, que diz: "É dever
do magistrado recusar vantagens de ente público, de empresa privada ou de pessoa física
que possam comprometer a independência funcional".
O uso do carro oficial é restrito pelo código de conduta, que
proíbe usar para fins privados,
sem autorização, bens ou meios
disponibilizados para o exercício das funções. O procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza, também circulou pela tribuna a convite da
CBF. Entre os convidados que
ocupam cargos no Executivo,
foram ao Bezerrão os ministros
Luiz Barretto (Turismo), Juca
Ferreira (Cultura) e Carlos Lupi (Trabalho) e a coordenadora
de Relações Públicas do Planalto, Evanise Santos.
Os servidores do governo foram convidados pelo Ministério do Esporte. Mas, mesmo
que seja um órgão da União, a
Comissão de Ética Pública da
Presidência veda o recebimento, por autoridades do Executivo, de convite para evento esportivo cujo custo ultrapasse
R$ 100. A presença é permitida
quando o exercício da função
recomendar comparecimento.
Não havia convite à venda
para a área VIP, mas, pela visão
privilegiada da partida e com os
mimos para os convidados, o
valor do ingresso seria superior
aos R$ 100 cobrados para se
sentar na arquibancada.
No ano passado, a distribuição de convites pela TV Globo e
pela TAM para o espetáculo
"Alegría", do Cirque du Soleil,
causou dores de cabeça no governo e no Judiciário.
Aceitaram o convite Gilberto
Carvalho, chefe-de-gabinete do
presidente Lula, Juniti Saito,
comandante da Aeronáutica, e
Marco Aurélio Mello, ministro
do STF. Carvalho foi advertido
pela Comissão de Ética Pública.
Marco Aurélio disse não ter visto inconveniente no convite.
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