São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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JUCA KFOURI

Por que o Palmeiras desmilinguiu-se


É difícil ver a direção de um clube fazer tanta coisa certa para dar tão errado. Como juntar os cacos?


O PALMEIRAS fez quase tudo certo e quase tudo deu errado. E dará tudo mesmo errado se o time nem sequer conseguir uma vaga na Libertadores, possibilidade que está aberta diante da desabalada queda alviverde e da dificuldade para juntar o que sobrou na tentativa de se dar bem nas duas últimas rodadas.
O Palmeiras fez o certo quando dispensou o técnico que foi mal na Libertadores e ainda quis decretar que o presidente do clube era apenas a rainha da Inglaterra.
Aqui discordo de meu caro PVC, pois não acho que tenha sido uma decisão emocional, ao contrário, foi muito racional e correta, sob pena de perda de comando.
Acho mais: acho que o ideal teria sido assim que Belluzzo assumiu o clube ter dispensado aquela comissão técnica inteira, enorme e sobrevalorizada. Mas, conciliador, o professor quis conviver, capaz até de chamar Vanderlei Luxemburgo de "gênio da raça" numa entrevista ao jornal "Valor", quando o comparou ao verdadeiramente gênio da raça, Cartola.
E o Palmeiras foi buscar o cara aparentemente certo para o lugar certo. Lugar que o interino Jorginho ocupou com brilho, mas, provavelmente, brilho efêmero como era compreensível desconfiar.
Mal comparando, o Palmeiras fez o mesmo que o Corinthians em 2005, quando trocou Márcio Bittencourt por Antônio Lopes, muito mais rodado.
E Muricy Ramalho é bem melhor que Lopes.
No Parque São Jorge, deu certo.
No Antarctica, até agora, não.
Porque ele nunca se sentiu em casa, sempre pisou em ovos, pediu licença, cerimonioso, talvez porque precisasse de uma boa quarentena antes de ir para um rival tão próximo do São Paulo.
Muricy jamais será apenas um profissional frio, sem coração. E o coração, quem sabe, teve de apanhar o que está apanhando para funcionar melhor na próxima temporada, já por ele organizada.
O Palmeiras fez o certo ao impor à parceira a permanência de seus jogadores mais importantes, porque o time não é um banco, como bem disse o professor.
Só que dois deles, Pierre e Cleiton Xavier, machucaram-se na reta final, e a ausência do meia ainda sacrificou tremendamente o papel de Diego Souza, que completava o trio, para não falar da perda, também, do zagueiro Maurício Ramos.
Mas o clube foi buscar Vagner Love, porque era consensual que, com Obina, o time não seria campeão.
Como não será sem ele.
E Love revelou-se um embuste, uma decepção, um descompromisso absoluto. Quem adivinharia?
É claro que houve erros, principalmente ao dar espaço a conhecidos e violentos meliantes, a ponto de a piada ser imperdível, quando se diz que, em vez de o professor fazer a cabeça do marginal, o marginal palestrante fez a cabeça do professor, com o resultado conhecido não só do gancho que vale um parto como do pugilato entre dois jogadores.
De resto, Belluzzo pode ter vindo para botar o dedo nas feridas dos bastidores do futebol, o que será muito positivo.
Só não pode ser mais um que desmoralize a honestidade.

blogdojuca@uol.com.br


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