São Paulo, domingo, 22 de novembro de 1998

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Rebaixado duas vezes, Sérgio Cosme diz não fazer milagres

WARLEY MENEZES BAPTISTA
da Folha Campinas

O técnico Sérgio Cosme Cupello Braga, 47, protagonizou uma façanha no segundo semestre deste ano: foi duas vezes rebaixado no Campeonato Brasileiro-98.
Pela Série B, Sérgio Cosme foi convidado para comandar o Fluminense pela terceira vez, mas a equipe carioca acabou sendo rebaixada para a Série C.
Confiante, ele aceitou outro desafio ao assumir o Bragantino durante o Brasileiro da divisão principal. Mas também não conseguiu livrar a equipe de Bragança Paulista, que terminou em penúltimo lugar, do descenso.
"Eu não faço milagres", diz.
O treinador deixou o cargo de técnico do Bragantino, após o término do Brasileiro, depois de conquistar apenas 5 dos 18 pontos que disputou.
Cosme, que foi zagueiro do Fluminense por oito anos e iniciou sua carreira como técnico em 1984, comandando a Portuguesa (RJ), se justifica dizendo que sempre é chamado "para salvar" as equipes e que não teve tempo hábil.
Além dos dois empregos no Brasileiro-98, ele já foi treinador do Grêmio, da seleção da Arábia Saudita, das categorias de base da seleção brasileira, entre outros clubes.
Folha - O senhor acredita que, se tivesse sido chamado antes, a situação do Bragantino no Campeonato Brasileiro seria outra?
Sérgio Cosme Cupello Braga -
Com certeza. Se eu tivesse assumido o time desde do inicio, o Bragantino não estaria nessa situação.
Eu cheguei muito tarde no clube. Encontrei uma equipe boa, mas com algumas deficiências técnicas, que eu tentei solucionar durante os treinamentos.
Folha - O senhor tem contrato com o Bragantino?
Cosme -
Eu não fiz contrato algum com o clube. Fui chamado apenas para o Brasileiro.
Eu sempre sou chamado para salvar, mas infelizmente às vezes não dá.
Folha - Como foi trabalhar no Fluminense? O clube lhe deve algum salário?
Cosme -
Eu fui para o Fluminense no segundo turno do Campeonato Brasileiro por solidariedade, pois eles me pediram ajuda. Foi uma dívida de gratidão para que eu tentasse salvar o time. Eu tive uma carreira como jogador e técnico muito grande no Fluminense.
Infelizmente, não foi possível evitar o rebaixamento, mas eu não recebi nenhum tostão.
No meu comando, a equipe fez, no segundo turno do Brasileiro, a melhor campanha entre todas as equipes da competição.
Folha - Entre o Bragantino e o Fluminense, onde o senhor encontrou melhor condição de trabalho?
Cosme -
A situação dos dois clubes é diferente.
O Fluminense já vem de alguns anos de administrações equivocadas. É uma coisa que vem se alastrando há algum tempo.
Já no Bragantino os jogadores estão com apenas um mês de salários atrasados. O que houve aqui (Bragantino), infelizmente eu não sei dizer.
Folha - O senhor sabe que pode ser taxado de pé-frio com esses rebaixamentos ?
Cosme -
Quem conhece minha competência e a minha capacidade não vai pensar isso, pois eu não faço milagre.
Eu não caí com o Fluminense. Se o Goiás cai, o Carlos Alberto Silva não vai cair com o time. Ele é um treinador competente.
Folha - A crise financeira no Bragantino pode ter prejudicado o rendimento dos jogadores no Campeonato Brasileiro?
Cosme -
Vários clubes passam por dificuldades financeiras, mas nem sempre isso é decisivo.
O São Paulo, por exemplo, paga os salários em dia e tem a melhor estrutura do futebol brasileiro. No entanto, podia até cair.
É lógico que o fato de o jogador não receber atrapalha, mas o Bragantino não está há quatro meses sem pagar. O clube só deve um mês. Tem a promessa do Marquinho (Marco Abi Chedid), presidente do clube, de que tudo será pago o mais rápido possível.



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