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Rebaixado duas vezes, Sérgio Cosme diz não fazer milagres
WARLEY MENEZES BAPTISTA
da Folha Campinas
O técnico Sérgio Cosme Cupello
Braga, 47, protagonizou uma façanha no segundo semestre deste
ano: foi duas vezes rebaixado no
Campeonato Brasileiro-98.
Pela Série B, Sérgio Cosme foi
convidado para comandar o Fluminense pela terceira vez, mas a
equipe carioca acabou sendo rebaixada para a Série C.
Confiante, ele aceitou outro desafio ao assumir o Bragantino durante o Brasileiro da divisão principal. Mas também não conseguiu
livrar a equipe de Bragança Paulista, que terminou em penúltimo lugar, do descenso.
"Eu não faço milagres", diz.
O treinador deixou o cargo de
técnico do Bragantino, após o término do Brasileiro, depois de conquistar apenas 5 dos 18 pontos que
disputou.
Cosme, que foi zagueiro do Fluminense por oito anos e iniciou
sua carreira como técnico em 1984,
comandando a Portuguesa (RJ), se
justifica dizendo que sempre é
chamado "para salvar" as equipes
e que não teve tempo hábil.
Além dos dois empregos no Brasileiro-98, ele já foi treinador do
Grêmio, da seleção da Arábia Saudita, das categorias de base da seleção brasileira, entre outros clubes.
Folha - O senhor acredita que, se
tivesse sido chamado antes, a situação do Bragantino no Campeonato Brasileiro seria outra?
Sérgio Cosme Cupello Braga -
Com certeza. Se eu tivesse assumido o time desde do inicio, o Bragantino não estaria nessa situação.
Eu cheguei muito tarde no clube.
Encontrei uma equipe boa, mas
com algumas deficiências técnicas,
que eu tentei solucionar durante
os treinamentos.
Folha - O senhor tem contrato
com o Bragantino?
Cosme - Eu não fiz contrato algum com o clube. Fui chamado
apenas para o Brasileiro.
Eu sempre sou chamado para
salvar, mas infelizmente às vezes
não dá.
Folha - Como foi trabalhar no
Fluminense? O clube lhe deve algum salário?
Cosme - Eu fui para o Fluminense no segundo turno do Campeonato Brasileiro por solidariedade,
pois eles me pediram ajuda. Foi
uma dívida de gratidão para que
eu tentasse salvar o time. Eu tive
uma carreira como jogador e técnico muito grande no Fluminense.
Infelizmente, não foi possível
evitar o rebaixamento, mas eu não
recebi nenhum tostão.
No meu comando, a equipe fez,
no segundo turno do Brasileiro, a
melhor campanha entre todas as
equipes da competição.
Folha - Entre o Bragantino e o
Fluminense, onde o senhor encontrou melhor condição de trabalho?
Cosme - A situação dos dois clubes é diferente.
O Fluminense já vem de alguns
anos de administrações equivocadas. É uma coisa que vem se alastrando há algum tempo.
Já no Bragantino os jogadores estão com apenas um mês de salários
atrasados. O que houve aqui (Bragantino), infelizmente eu não sei
dizer.
Folha - O senhor sabe que pode
ser taxado de pé-frio com esses rebaixamentos ?
Cosme - Quem conhece minha
competência e a minha capacidade
não vai pensar isso, pois eu não faço milagre.
Eu não caí com o Fluminense. Se
o Goiás cai, o Carlos Alberto Silva
não vai cair com o time. Ele é um
treinador competente.
Folha - A crise financeira no Bragantino pode ter prejudicado o
rendimento dos jogadores no
Campeonato Brasileiro?
Cosme - Vários clubes passam
por dificuldades financeiras, mas
nem sempre isso é decisivo.
O São Paulo, por exemplo, paga
os salários em dia e tem a melhor
estrutura do futebol brasileiro. No
entanto, podia até cair.
É lógico que o fato de o jogador
não receber atrapalha, mas o Bragantino não está há quatro meses
sem pagar. O clube só deve um
mês. Tem a promessa do Marquinho (Marco Abi Chedid), presidente do clube, de que tudo será
pago o mais rápido possível.
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