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juizão
"Zidane disse que eu estava correto"
Em entrevista, Horacio Elizondo conta detalhes da final da Copa e fala sobre a carreira de árbitro, que acaba de deixar a carreira de árbitro, que acaba de deixar
Argentino afirma que teria dado vermelho a Materazzi se tivesse ouvido ofensa e que gostou mais de apitar o jogo de abertura do Mundial
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
O ex-árbitro Horacio Elizondo, 43, foi o grande homenageado anteontem no sorteio da
Conmebol para a Libertadores-07. Depois da polêmica final da
Copa do Mundo entre Itália e
França, o argentino encerrou a
carreira em jogo crucial do
Apertura de seu país, Boca Juniors x Lanús. À Folha, ele falou com detalhes do lance que
marcou o futebol neste ano.
FOLHA - No evento da Fifa com os
árbitros antes da Copa, o sr. mal era
procurado para falar. Agora, virou
estrela. Mudou muita coisa?
HORACIO ELIZONDO - O que mudou foi a estética, a arquitetura,
porque, na essência, eu sou o
mesmo. Não mudei.
FOLHA - Mas os outros mudaram
em relação ao sr.?
ELIZONDO - Tenho recebido várias homenagens e só tenho
que agradecer. Recebi, por
exemplo, um livro autografado
e com dedicatória de Eduardo
Galeano, escritor [uruguaio]
que tanto admiro. Isso foi um
orgulho, assim como essa bela
homenagem da Confederação
Sul-Americana.
FOLHA - Vê sua elogiada atuação
na final da Copa do Mundo como
fundamental para isso?
ELIZONDO - A boa atuação na final da Copa não foi só minha,
foi de toda uma equipe. Foi trabalho em conjunto. Eu assinalei pênalti para a França, mas
quem determinou que a bola
havia entrado no pênalti de Zidane foi o assistente. Quem
apontou a expulsão de Zidane
foi o quarto árbitro.
FOLHA - O sr. falou com Zidane depois do jogo em algum momento?
ELIZONDO - Não. Sei que a Fifa
quer reunir os envolvidos no
caso e aproximar todos, mas
ainda não aconteceu.
FOLHA - O que Zidane falou quando o sr. lhe mostrou o cartão vermelho na decisão?
ELIZONDO - Ele disse que eu estava correto, que ele merecia
ser expulso, mas que Materazzi
o havia ofendido e merecia punição da minha parte. Perguntei o que Materazzi havia dito a
ele. Porém Zidane virou as costas e foi embora.
FOLHA - Se o sr. tivesse ouvido uma
provocação de Materazzi a Zidane, o
teria expulsado? Não é algo que
ocorre com freqüência, por exemplo, nas partidas realizadas na América do Sul?
ELIZONDO - Se eu estivesse perto dele e ouvisse uma agressão
verbal, expulsaria sim. Mas até
hoje não se sabe ao certo o que
ele falou, se foi uma provocação
à mãe ou à irmã de Zidane, se
foi outra coisa. Acontece, sim,
esse tipo de coisa em jogos, e eu
lhe digo que expulso por agressão verbal se a percebo.
FOLHA - O sr. ficou surpreso com
a atitude de Zidane naquele momento?
ELIZONDO - Totalmente. Mas
acho que todos estão sujeitos a
ter um deslize, um descontrole,
como ele teve. Acontece até
com os melhores, até com ele.
Não é só ser inteligente. É preciso ter inteligência emocional.
FOLHA - O que acha da iniciativa de
torcedores franceses de irem à Justiça para tentar invalidar a final da Copa e repeti-la porque a expulsão de
Zidane teria sido decretada com base em imagem de vídeo?
ELIZONDO - Isso não existe.
Mas, se precisar ir a um tribunal depor para falar do caso, irei
sem problemas. Sou a favor do
vídeo só para definir casos como o da bola que quica perto da
linha do gol. Poderia ser feita
uma consulta rápida, e a essência do jogo não seria perdida.
FOLHA - A final da Copa foi o melhor jogo de sua carreira?
ELIZONDO - Gostei mais do jogo
de abertura da Copa [Alemanha x Costa Rica]. Mas fiz vários jogos bons, um Uruguai 3 x
3 Colômbia, pela minha atuação e pelo jogo, um Nacional 3 x
3 Santos pelo partidaço que foi,
um Espanha x Áustria pelas eliminatórias européias, a final
entre Internacional e São Paulo
na Taça Libertadores.
FOLHA - O que mais lhe deu prazer
na carreira de árbitro e o que mais
lhe causou desgosto?
ELIZONDO - O que mais gostei
foi de ter me preparado bem. O
que menos gostei foi da organização de uma forma geral, problemas de todo tipo, mesmo em
torneios grandes, como Libertadores, Copa América. Muita
coisa pode ser melhorada.
FOLHA - Como foi aquele momento da despedida na Bombonera?
Não deu vontade, depois, de apitar
o jogo extra do Apertura entre Boca
Juniors e Estudiantes?
ELIZONDO - Não deu. Tinha decidido já que o jogo entre Boca
Juniors e Lanús seria meu último. Eu me preparei para aquilo. Procurei não pensar muito
antes do jogo, pois só com ele
acabado que a minha carreira
se encerraria. Foi algo especial.
FOLHA - Qual é o segredo para apitar bem atualmente?
ELIZONDO - Há basicamente
três itens que você precisa
cumprir para fazer uma boa arbitragem. Primeiro, é a condução do jogo, fazer os jogadores
lhe respeitarem. Depois, é a
parte física, na qual você precisa estar bem. Depois, em uns
300 lances, há uns três ou cinco
que você precisa acertar 100%.
Na Copa do Mundo da Alemanha, nos cinco jogos em que
trabalhei, a minha equipe conseguiu atingir isso.
O jornalista RODRIGO BUENO viajou a convite
da Toyota
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