São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

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Falta de neve deixa esporte em alerta

Etapas da Copa do Mundo de esqui são canceladas nos Alpes, uma das regiões mais afetadas pelo aquecimento global

Pressionados por ONGs e pelo público, organizadores de eventos iniciam projetos para compensar a emissão de gases e o efeito estufa

Karl-Josef Hildenbrand/Efe
Máquinas expelem neve artificial em Oberstdorf, na Alemanha, para torneio de esqui que começa no dia 29


MARIANA BASTOS
REPORTAGEM LOCAL

Um dos principais vilões do meio ambiente, o aquecimento global está se tornando também um inimigo da prática esportiva. Mais precisamente, dos esportes de inverno.
No último mês, três etapas da Copa do Mundo de esqui alpino foram canceladas ou adiadas por falta de neve. Segundo os organizadores, não há frio suficiente nem para produzir neve artificialmente. Com isso, os resorts que abrigam os eventos sofrem prejuízos financeiros com custos operacionais e perda do marketing televisivo.
Já a etapa de Hochfilzer, na Áustria, só pôde ser realizada após terem sido transportados 15 mil m3 de neve do pico mais alto do país, o Grossglockner.
De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, instituição que reúne 30 países industrializados), os Alpes têm sofrido um aquecimento três vezes mais rápido do que o resto do mundo. E em 2006 -que deve ser o sexto ano mais quente da história, segundo o Escritório Meteorológico do Reino Unido- essa região da Europa é uma das mais afetadas.
Cientistas do mundo inteiro prevêem que, até o final deste século, haverá um aquecimento médio de 2C a 6C decorrente do efeito estufa.
Além de ser motivo de preocupação para governos de todo o planeta -especialmente dos países que mais emitem gás carbônico e contribuem para o aumento do efeito estufa-, esses dados sensibilizam até mesmo entidades esportivas.
"Devido à pressão imposta pelo próprio público e por ONGs, há um número crescente de eventos esportivos que procuram compensar a emissão de gases que provocam o efeito estufa", disse à Folha Eric Falt, diretor do programa da ONU para o meio ambiente.
"Nos próximos anos, os organizadores dos maiores eventos esportivos serão forçados a agir em questões ambientais."
Um exemplo disso é a F-1, cujo envolvimento com a questão ambiental sempre foi problemático. Para amenizar a má fama, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) expressou oficialmente, no último mês, a necessidade de buscar alternativas para compensar a emissão de gases durante as corridas de F-1.
Max Mosley, presidente da FIA, disse durante um encontro com executivos da BMW que ou o esporte começa a se importar com as preocupações ambientais do século 21 ou "se juntará aos dinossauros na extinção". As mudanças devem começar pela diminuição dos gastos de energia e da sujeira provocada pelas corridas.
Bem menos badalada do que a FIA, a liga de futebol australiano iniciou um projeto que visa compensar totalmente a emissão de dióxido de carbono.
O projeto é abrangente e está sendo aplicado não somente no campeonato de futebol australiano como também na sede administrativa da liga. "Nós nos preocupamos tanto com a energia utilizada para iluminar os estádios quanto com o gás usado para esquentar uma torta", afirma Marc Vanbeek, um dos coordenadores do projeto, que distribuirá durante os jogos folhetos didáticos que explicam o aquecimento global.
A meta da liga é reduzir a emissão de gases o equivalente ao que é produzido por 25 mil carros em circulação ou a plantar meio milhão de árvores.


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