São Paulo, terça-feira, 22 de dezembro de 2009

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Roberto canta Roberto


A relação de Roberto Carlos, o lateral, com o Corinthians tem tudo para ser um roteiro musical de Roberto Carlos

OS ROBERTOS CARLOS , o cantor e o jogador, são os dois grandes assuntos desta semana. Um porque vai fazer seu show de Natal, tão tradicional quanto o próprio panetone. Outro porque é a grande contratação do futebol brasileiro deste fim de ano. E, com pequeno esforço, dá para misturar os dois.
Podemos começar imaginando que o jogador estava um tanto infeliz na Turquia, olhando para o mar e lembrando das palavras do cantor: "Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz... Onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza".
Então tocou o telefone e era Ronaldo, convidando-o para jogar no Corinthians. O lateral agradeceu e, emocionado, disse ao centroavante: "Você, meu amigo de fé, meu irmão camarada, amigo de tantos caminhos e tantas jornadas, cabeça de homem, mas o coração de menino, aquele que está do meu lado em qualquer caminhada".
Mas é bom Roberto Carlos, o jogador, não pensar que aqui no Brasil vai "aproveitar a tarde sem pensar na vida, andar despreocupado sem saber a hora de voltar, bronzear o corpo todo sem censura, gozar a liberdade de uma vida sem frescura". Não, não será assim. Jogar no Corinthians é ser amado e cobrado.
Com a camisa alvinegra, Roberto Carlos não pode abaixar a meia, digo, a guarda. E a Fiel vai recebê-lo com um tom de aviso: "Daqui pra frente, tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente. Seu orgulho não vale nada, nada".
Roberto Carlos, que não é bobo, cantará em resposta: "Eu sou terrível, e é bom parar, porque agora vou decolar. Não é preciso nem avião, eu voo mesmo aqui do chão. Eu sou terrível, vou lhe contar, não vai ser mole me acompanhar".
É só o que a torcida quer. E, caso ele realmente cumpra sua promessa, a Fiel fará uma serenata sob sua janela, cantarolando a música de Roberto Carlos de que mais gosto:
"Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar como é grande o meu amor por você. Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito, não é maior que o meu amor, nem mais bonito".
Antes desse idílio, Roberto terá que apagar a má impressão que deixou na Copa-06, onde foi para o ônibus da seleção sob vaias dos torcedores e pensando: "Acabei com tudo, escapei com vida. Tive as roupas e os sonhos rasgados na minha saída".
Se ele quer voltar à seleção, e em recente entrevista manifestou o desejo, terá que pegar a camisa amarela e dizer-lhe: "De que vale a minha boa vida de playboy, se entro no meu carro e a solidão me dói. Quero que você me aqueça nesse inverno e que tudo mais vá pro inferno!".
Para tanto, ele terá que ir bem no Corinthians. E isso é possível. Basta ver a recuperação de Ronaldo. Aliás, os dois podem reviver os vitoriosos tempos de Real Madrid. Então cada um pegará numa alça da taça e, dando a volta olímpica, dirão: "Quando eu estou aqui eu vivo esse momento lindo, olhando pra você e as mesmas emoções sentindo".
Enquanto isso, a torcida levantará as mãos para o céu e, em coro, cantará: "Obrigado, Senhor, agradeço, obrigado, Senhor".

torero@uol.com.br


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