São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2001

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FUTEBOL

Senador tentará ampliar quebra de sigilo do time e checar negociações

CPI recorre à União para rastrear conta do São Paulo

MARÍLIA RUIZ
RODRIGO BUENO

DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI do Futebol, afirmou que irá pedir à Advocacia Geral da União auxílio na investigação de uma conta aberta pelo São Paulo no banco Barclays, em Miami (EUA).
A conta, descoberta pela comissão que apura as irregularidades do futebol brasileiro, foi utilizada para o depósito do dinheiro de várias transações do time paulista.
Uma das transações, já identificada pela CPI, cujo dinheiro foi depositado em Miami foi a do lateral-esquerdo Serginho, vendido em 1999 para o Milan, da Itália, por US$ 10 milhões.
"A notícia da conta do São Paulo no exterior não é novidade para mim. A novidade é o fato de o presidente do clube (Paulo Amaral) admitir que a conta existe há mais de dez anos. A CPI vai pedir à Advocacia Geral da União uma forma conseguir quebrar o sigilo do São Paulo até a data da abertura na conta no exterior", disse Dias.
No dia 13 de dezembro, os 15 maiores clubes do país e seus dirigentes tiveram o sigilo fiscal e bancário quebrados. Segundo Dias, os documentos provenientes dessas quebras remetem-se só aos cinco anos que antecedem a denúncia. Assim, todas as investigações estão se concentrando no período posterior a 1996.
O presidente do São Paulo, Paulo Amaral, disse à Folha ontem que o clube mantém uma conta em Miami, EUA, desde 1990.
""A conta foi aberta no início de 1990, e o Banco Central tem conhecimento dela. Uma empresa faz auditoria anual no clube. Estamos tranquilos e preparados para prestar qualquer esclarecimento à CPI. Mas ninguém nos informou nada oficialmente", disse.
Segundo Amaral, a conta foi usada em várias negociações de jogadores na década.
""O depósito, na maioria das transações de jogadores do São Paulo nos anos 90, foi feita nesta conta. Na minha gestão, uma foi feita, mas não lembro qual", disse.
A CPI quer saber por que o clube usa conta no exterior para depositar o dinheiro da venda de atletas. Por isso, o presidente são-paulino deverá ser chamado a depor na CPI, em Brasília.
"Já estamos tomando todas as providências para ter os responsáveis depondo", disse o senador, que informou que as sessões da comissão voltarão no dia 15.
Segundo a assessoria do senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da CPI, estão sendo solicitadas informações ao Banco Central sobre a negociação de Serginho com o Milan. De acordo com a CPI, os indícios mostram que os US$ 10 milhões pagos pelo Milan pelo ex-lateral são-paulino foram depositados em Miami e não chegaram a ingressar no Brasil.
Isso pode implicar evasão de divisas. Além de averiguar os registros do BC, a CPI espera encontrar uma possível comprovação da evasão com a quebra dos sigilos fiscal e bancário do São Paulo.



Com a Sucursal de Brasília

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