São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Público na estréia da equipe no Paulista foi o menor desde a queda para a Série B do Brasileiro, no final de 2002

Palmeirenses boicotam ingresso a R$ 20

MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

No jogo de ontem contra o Paulista, além do gol olímpico de Correa, algo mais chamou a atenção: o Palmeiras teve nas arquibancadas do Parque Antarctica seu pior desempenho desde o descenso no Campeonato Brasileiro.
Além da chuva e do frio, o preço dos ingressos foi o responsável por isso. Pelo menos é o que pensa a maior organizada do clube, a Mancha Alviverde, que anunciou ontem um boicote ao ingresso de R$ 20 -o valor mínimo estipulado no regulamento do Paulista, e um aumento de 100% em relação às entradas do Brasileiro-03.
"Esse preço realmente não tem condição. Nós iremos ao estádio, mas ficaremos do lado de fora. Não vamos entrar até que alguma coisa mude", diz Jânio Carvalho Santos, presidente da Mancha Alviverde. "O pessoal se esquece de que a gente viaja atrás do clube e já gasta muito dinheiro só para ver o time. O preço está fora da realidade do torcedor brasileiro."
Mesmo na Série B, o mínimo que a equipe levou ao Parque Antarctica foi 4.839 pagantes, isso porque o jogo não tinha valor para o clube -o time palmeirense estava classificado para a fase seguinte, e também fazia frio e chovia. Ontem, apenas 2.625 pessoas presenciaram a goleada de 5 a 2 sobre o time de Jundiaí.
Fora do estádio, cerca de mil integrantes da torcida organizaram um protesto contra o preço do ingresso. Os torcedores diziam que não iriam entrar para assistir ao jogo e gritavam: "Del Nero [presidente da federação], é isso aí. Por 20 reais, a torcida fica aqui [fora]."
"Não podemos aceitar isso. Não vamos ceder porque não temos como aguentar isso. A maior parte dos torcedores que vai ao estádio no Brasil é humilde", afirmou Santos. "Ficaremos na porta fazendo barulho. Por enquanto ninguém está prestando atenção, mas quando acontecerem os clássicos os dirigentes vão ver que a torcida faz falta."
Os jogadores do Palmeiras apoiaram a iniciativa dos torcedores. "Estou do lado da torcida. Acho que o pessoal tem que baixar o ingresso sim", disse Marcos. "Se fosse em outro país, esse preço estaria bom. Mas na condição em que o Brasil está, não dá mesmo para ficar pagando tudo isso."
O lateral Lúcio concordou: "A gente precisa do estádio lotado. Para colocar esse pessoal todo para dentro tinham de dar uma baixada no valor da entrada", disse. "O espetáculo fica muito mais bonito com o estádio lotado, é só a gente lembrar do que acontecia no ano passado na Série B. Sei que ontem o frio, a chuva e o horário contibuíram, mas o ingresso é muito caro", afirmou.
Além do valor alto previsto no regulamento do Paulista, a torcida terá que conviver com o aumento também no Brasileiro. No dia 15 de dezembro, os dirigentes dos clubes que disputam o Nacional aprovaram o aumento de ingressos para R$ 15. Um aumento de 50%, acima da inflação.
Lúcio diz que a diminuição da torcida palmeirense no primeiro jogo não pode ter sido um reflexo do fato de que a equipe disputa agora o Paulista. "O campeonato é muito importante, todo mundo gosta dele. O nível é muito alto e a rivalidade também. Não tem porque afugentar a torcida assim", afirmou o lateral.


Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: A batalha do Anhangabaú
Próximo Texto: Marcos não joga amanhã
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.