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Juninho Paulista, 36, usa Estadual como palco de turnê de despedida
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A ITU
Juninho Paulista, 36, pretende fazer do Paulista o palco do
epílogo de sua carreira no futebol, que inclui o título de pentacampeão mundial em 2002.
""Até porque não houve uma
despedida oficial", argumenta.
Porém se alguém dissesse para Juninho, há um ano, que ainda hoje estaria nos gramados,
ele seria o primeiro a duvidar.
O jogador, por vezes, se vê
confuso ao definir seu status e,
em atos falhos, põe verbos no
passado ao falar de sua carreira.
Apesar disso, é um dos que
mais se movimentam durante
os treinos do time do interior.
Em tom professoral, mas
ameno, dá alguns conselhos
durante os treinamentos, nos
quais gesticula bastante.
""Olha, é esse o tipo de coisa
que fizemos na terça passada
[dia do jogo com o Botafogo], e
não quero ver isso no domingo
[contra o Palmeiras]."
Juninho conta que meses
atrás o futebol já havia deixado
de fazer parte de sua rotina.
""Quando eu cheguei da Austrália [onde jogou pelo Sydney],
ia dar um tempo. Não sabia se
iria parar, porém já não sentia
falta do futebol. Estava bem,
viajava com minha família.
Tentei trabalhar na empresa de
tecnologia de telefonia da minha família", explica Juninho.
""Durou dois meses. Descobri
que isso de trabalhar entre quatro paredes o dia inteiro não é
para mim", refletiu o jogador.
Foi aí que recebeu ligação do
presidente do Ituano, o major
Vieira, que, coincidentemente,
ocupava o mesmo cargo na
época em que Juninho foi lançado pelo time do interior. Ele
queria saber se o jogador gostaria de fazer algo pelo clube.
""Tenho essa visão do atleta,
não quero deixar faltar nada."
A fagulha de seu retorno surgiu das arquibancadas do estádio Novelli Jr. ""Ao assistir a algumas partidas, foi aí que voltou a vontade. Sentia falta da
camaradagem. Logo estava no
campo, participando dos treinos e inscrito para o Paulista."
Pentacampeão mundial na
Copa de 2002, o meia do Ituano
crê que, após esta edição do Estadual, não sentirá falta dos
gramados. Até porque manterá
grande proximidade com eles.
Em sua transição do campo
para as tribunas de honra, seu
título oficial é ""gestor", porém
virou uma espécie de faz-tudo.
Acumula as mais diversas funções, que englobam a posição
de ""representante de vendas" e
a de mecenas da equipe.
""É bem mais fácil jogar futebol. É que a parte de gestão envolve muitas coisas, e participo
até de ações que não estão diretamente sob minha responsabilidade", explica Juninho.
""Para negociar patrocínios, pelo menos em um primeiro contato vou pessoalmente e converso com os executivos. O resto fica por conta do comercial."
A estratégia deu resultados.
Nesta semana, o Ituano fechou
contratos com a Kia e a Schin.
""Minha mulher é que fica
brava", afirma, semblante de
preocupação, Juninho. ""Não
quero perder o crescimento de
meus filhos. Isso aconteceu
com minha filha mais velha
[hoje com oito anos]. Primeiro,
estava na Copa. Depois, de volta ao Brasil, havia uma excursão com o Flamengo", lembra.
A preparação de Juninho
passou pelo rival de amanhã, o
Palmeiras. Antes de retornar à
atividade, jogou algumas partidas no Parque Antarctica.
O que faria de diferente dos
cartolas que estão por aí?
""Dizem que é o olho do dono
que engorda o boi. Não que seja
o dono do Ituano, mas no ano
passado pus dinheiro no clube." Não quis revelar o valor e
brincou, sorrindo: ""O bolso ficou doendo um pouco".
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