São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 2010

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Juninho Paulista, 36, usa Estadual como palco de turnê de despedida

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A ITU

Juninho Paulista, 36, pretende fazer do Paulista o palco do epílogo de sua carreira no futebol, que inclui o título de pentacampeão mundial em 2002.
""Até porque não houve uma despedida oficial", argumenta.
Porém se alguém dissesse para Juninho, há um ano, que ainda hoje estaria nos gramados, ele seria o primeiro a duvidar.
O jogador, por vezes, se vê confuso ao definir seu status e, em atos falhos, põe verbos no passado ao falar de sua carreira.
Apesar disso, é um dos que mais se movimentam durante os treinos do time do interior.
Em tom professoral, mas ameno, dá alguns conselhos durante os treinamentos, nos quais gesticula bastante.
""Olha, é esse o tipo de coisa que fizemos na terça passada [dia do jogo com o Botafogo], e não quero ver isso no domingo [contra o Palmeiras]."
Juninho conta que meses atrás o futebol já havia deixado de fazer parte de sua rotina.
""Quando eu cheguei da Austrália [onde jogou pelo Sydney], ia dar um tempo. Não sabia se iria parar, porém já não sentia falta do futebol. Estava bem, viajava com minha família. Tentei trabalhar na empresa de tecnologia de telefonia da minha família", explica Juninho.
""Durou dois meses. Descobri que isso de trabalhar entre quatro paredes o dia inteiro não é para mim", refletiu o jogador.
Foi aí que recebeu ligação do presidente do Ituano, o major Vieira, que, coincidentemente, ocupava o mesmo cargo na época em que Juninho foi lançado pelo time do interior. Ele queria saber se o jogador gostaria de fazer algo pelo clube.
""Tenho essa visão do atleta, não quero deixar faltar nada."
A fagulha de seu retorno surgiu das arquibancadas do estádio Novelli Jr. ""Ao assistir a algumas partidas, foi aí que voltou a vontade. Sentia falta da camaradagem. Logo estava no campo, participando dos treinos e inscrito para o Paulista."
Pentacampeão mundial na Copa de 2002, o meia do Ituano crê que, após esta edição do Estadual, não sentirá falta dos gramados. Até porque manterá grande proximidade com eles.
Em sua transição do campo para as tribunas de honra, seu título oficial é ""gestor", porém virou uma espécie de faz-tudo. Acumula as mais diversas funções, que englobam a posição de ""representante de vendas" e a de mecenas da equipe.
""É bem mais fácil jogar futebol. É que a parte de gestão envolve muitas coisas, e participo até de ações que não estão diretamente sob minha responsabilidade", explica Juninho. ""Para negociar patrocínios, pelo menos em um primeiro contato vou pessoalmente e converso com os executivos. O resto fica por conta do comercial."
A estratégia deu resultados. Nesta semana, o Ituano fechou contratos com a Kia e a Schin.
""Minha mulher é que fica brava", afirma, semblante de preocupação, Juninho. ""Não quero perder o crescimento de meus filhos. Isso aconteceu com minha filha mais velha [hoje com oito anos]. Primeiro, estava na Copa. Depois, de volta ao Brasil, havia uma excursão com o Flamengo", lembra.
A preparação de Juninho passou pelo rival de amanhã, o Palmeiras. Antes de retornar à atividade, jogou algumas partidas no Parque Antarctica.
O que faria de diferente dos cartolas que estão por aí?
""Dizem que é o olho do dono que engorda o boi. Não que seja o dono do Ituano, mas no ano passado pus dinheiro no clube." Não quis revelar o valor e brincou, sorrindo: ""O bolso ficou doendo um pouco".


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