São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2001

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BOXE

Os melhores do ano

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

D esta vez foi unânime.
As três principais publicações especializadas em boxe, a "The Ring", a ""Boxing Digest" e a "Fight Game", premiaram, em consenso, Félix Trinidad como "lutador do ano" e o encontro entre os mexicanos Erik Morales e Marco Antonio Barrera como a "luta do ano".
Nas demais categorias, houve coincidência apenas no ""retorno do ano", que foi para o azarão (15 para 1) cruzador Virgil Hill, que voltou a ser campeão.
Sobre a seleção de "lutador do ano", cabe uma explicação.
Muitos argumentam que, por causa da habilidade, o campeão dos meio-pesados, Roy Jones Jr. (a quem Trinidad já desafiou para um combate entre supermédios), ou Shane Mosley são os melhores boxeadores da atualidade. Mas para "lutador do ano", uma distinção que tem mais a ver com currículo, o prêmio só poderia ir para Trinidad.
"Tito" ascendeu de peso ao bater David Reid, único norte-americano a ganhar ouro no boxe em Atlanta-96, pelo título dos médios-ligeiros da AMB (Associação Mundial de Boxe).
Depois, massacrou o primeiro do ranking (que piada!) Mamadou Thiam e fechou o ano unificando com Fernando Vargas, o campeão pela Federação Internacional de Boxe, o que, pelo modo como o fez, lhe valeu o título de "lutador do ano".
A disputa para "luta do ano" contou este ano com três fortes candidatos, seja por causa do fator artístico, seja pela importância histórica -ou mesmo por uma combinação de ambas.
O polêmico duelo entre Morales e Barrera superou os combates Oscar de la Hoya x Mosley e Trinidad x Vargas. Os dois primeiros tiveram transmissão ao vivo no Brasil, seja por TV a cabo ou aberta. O terceiro, não.
Dentro do ringue, Morales x Barrera teve dois pugilistas parelhos em habilidade e coragem, o que resultou em uma apresentação bem movimentada, com golpes perigosos de lado a lado, assimilação de golpes e a vantagem se alternando periodicamente, mesmo dentro de um mesmo assalto, entre um e outro (porém não houve quedas).
Os problemas começaram ao final da luta. A vitória por pontos de Morales, dono do cinturão do Conselho Mundial de Boxe, foi contestada pela imprensa. A seguir, a Organização Mundial de Boxe, pela qual Barrera era o campeão, passou por cima do resultado e ""devolveu" o cinturão para o perdedor, um ato sem justificativa.
""Houve uma queda de Morales no último assalto, e mesmo assim um jurado deu os últimos assaltos para Morales", explicou a esta coluna o presidente da OMB, Francisco Valcarcel, que afirmou não ter concordado com a seleção dos jurados desde o começo. E por que reconheceu o combate como válido pelo título da OMB? ""É tudo um negócio, não tinha como ir contra os interesses das redes de TV".
Por sua vez, a luta entre De la Hoya e Mosley teve como atrativo a importância histórica. Afinal, Mosley foi o primeiro a vencer de maneira clara De la Hoya -a vitória de Trinidad sobre De la Hoya até hoje é acompanhada do adjetivo ""polêmica".
A luta Trinidad x Vargas foi marcada pela ferocidade -houve seis quedas, mas a vantagem não oscilou tanto.
Falando em termos estritamente esportivos, pugilistas e empresários do boxe terão muito trabalho para que a temporada atual supere a passada.

Na TV 1
Mais emissoras brasileiras de TV passam a investir no pugilismo. O canal HBO transmite ao vivo, no dia 2 de março, a programação na qual farão apresentações Laila Ali e Jacqueline Frazier-Lyde, filhas dos ex-campeões Muhammad Ali e Joe Frazier. Como havia comentado na última semana, a situação dos fãs do boxe não é a ideal, mas vai, pouco a pouco, melhorando.

Na TV 2
Para quem gosta de boxe e não estiver mais aguentando assistir aos desfiles de Carnaval, uma opção é o VT do combate entre Lennox Lewis e Henry Akinwande, na PSN, às 23h de sábado.

Na TV 3
Ou a reprise da luta entre Mike Tyson e "Buster" Douglas, às 5h de domingo, na ESPN Internacional. Em seguida, a emissora exibe dois combates do ex-campeão Rocky Marciano. E-mail: eohata@folhasp.com.br

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