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Boxeador repete o "sem namorar", agora por Pequim
Pedro Lima, ouro no Pan após dois meses de jejum sexual, promete abstinência de sete meses até Olimpíada chinesa
Jacigleide, namorada do atleta, diz que estratégia causou discussões, mas que nos festejos pós-medalha "um não desgrudou do outro"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo primeiro ouro do pugilismo nacional no Pan em 44
anos, foi preciso um jejum sexual de mais de dois meses. Por
uma medalha em Pequim-08,
que seria apenas a segunda do
país, a promessa é de uma abstinência de até sete meses.
""A idéia é repetir o que deu
certo para o Pan. Já comecei
minha preparação [no fim de
janeiro], e o correto é ficar "sem
namorar" até os Jogos Olímpicos", diz o meio-médio Pedro
Lima (até 69 quilos), 24, ao se
referir à estratégia de ter ficado
mais de dois meses ""sem namorar" antes de lutar no Rio.
""Acho que um mês [de jejum
sexual] é o ideal", opina o técnico de Lima, Luis Carlos Dórea.
Ao ser alertado pela Folha de
que faltam ainda seis meses para a Olimpíada e ser questionado como faria para suportar o
jejum, Lima foi estóico. "O que
eu faço é só me preocupar com
o treino. Fico normal", afirmou
o pugilista, lacônico. Logo depois de soltar uma risadinha,
disparou: ""Se você quer coisas
boas, tem que se sacrificar".
Pior para a namorada de Lima, Jacigleide dos Santos Souza, 25, que, sem ter a necessidade de subir ao ringue, precisa
sofrer com os efeitos do jejum.
"É ruim, mas fazer o quê?",
questiona a jovem. "Tenho
consciência de que é o trabalho
dele. Ele é obrigado a isso, mas
que é ruim, é", admite ela.
O casal está junto há sete
anos, e Jacigleide conta que a
estratégia de abstinência de Lima já causou problemas.
"A gente brigou muito por
conta disso antes do Pan, mas,
após ele ser campeão no Rio,
entendi a importância. Na comemoração, a gente não desgrudou um do outro", afirmou
Jacigleide, informando que
eles pretendem se casar após a
Olimpíada de Pequim.
No boxe, existe o credo de
que a abstinência sexual tem
efeito positivo direto sobre a
performance dos lutadores.
Mais do que defensor, Muhammad Ali foi um adepto da
prática da abstinência antes de
suas lutas. Em dada oportunidade, o ex-campeão mundial
dos pesados diz ter ficado sem
sexo durante cerca de um ano.
Sacrifício em prol do sucesso
na carreira nos ringues.
Ali chegou a invocar Adolf
Hitler para defender que sexo e
combate não combinam. Em
sua autobiografia ""The Greatest, My Own Story" (""O Maior
de Todos, A Minha História"),
ele argumenta que ""Hitler, por
exemplo, nunca experimentou
uma vida amorosa exemplar".
Outro famoso seguidor dessa
prática era o folclórico peso-pesado Adilson ""Maguila" Rodrigues, que mal acabava seus
combates, ganhando ou perdendo, já ia ""fazer saliência".
Antes do ""calvário" de Lima,
o país fora ouro no boxe no Pan
pela última vez em São Paulo-63, com Rosemiro dos Santos,
Elcio Neves e Luis Cesar.
No Pan, a primeira atitude de
Lima após derrotar o americano Demetrius Andrade, por um
ponto de diferença, nos dez segundos finais da luta, foi desabafar sobre o sacrifício a que se
submetera. ""Fiquei mais de
dois meses sem namorar, mas
graças a Deus ganhei essa medalha", comemorou, exultante.
A abstinência do pugilista,
porém, pode ser um pouco menor, já que ele ainda busca uma
vaga em Pequim -terá mais
duas chances, em março e abril.
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