São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

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Londres-12 prega igualdade de sexos

Organizadores da próxima Olimpíada querem que mulheres disputem a mesma quantidade de medalhas que homens

Pelo programa olímpico atual, já aprovado pelo COI, masculino tem 40 pódios a mais do que feminino, mas ajustes ainda são possíveis


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os organizadores dos Jogos de Londres-2012 querem abrigar a primeira Olimpíada em que haja igualdade de gêneros.
O objetivo é pressionar Comitê Olímpico Internacional e federações esportivas para que todas as modalidades contem com mesmo número de disputas no masculino e feminino.
"Acredito que seja errado as mulheres não poderem competir em tantos eventos quanto os homens", defendeu Tessa Jowell, secretária de Estado do Reino Unido para a Olimpíada.
"O esporte feminino avançou a passos largos nas últimas décadas. Assim, chegou o momento ideal para que haja igualdade de oportunidade nos Jogos", acrescentou Jowell.
Pelo programa aprovado pelo COI, que ainda pode sofrer alguns ajustes, dependendo de negociações entre federações e comitê, os homens disputarão, em Londres-12, 40 medalhas a mais do que as mulheres.
No total, o masculino está na disputa por 166 medalhas de ouro. As mulheres lutam por 126 comendas douradas -há sete provas mistas, em dois esportes: hipismo e badminton.
É uma variação mínima em relação aos Jogos de Pequim-08, quando o placar da divisão olímpica por sexos foi 165 a 126.
Para Londres-12, houve a saída de um esporte masculino (beisebol) e um feminino (softbol). Em compensação, a vela excluiu suas três categorias mistas, nas quais a participação feminina era ínfima, aumentando duas classes masculinas.
Para alterar esse quadro, os organizadores de Londres-12 terão que apressar seu lobby.
Normalmente, o COI decide quais esportes serão incluídos no programa olímpico com sete anos de antecedência, no mesmo instante em que a cidade-sede dos Jogos é escolhida.
Mas as diversas provas de cada modalidade ainda podem ser alteradas, ampliando ou reduzindo o número de eventos.
Por conta disso, Jowell e o secretário de Estado do Reino Unido para o Esporte, Gerry Sutcliffe, têm conversado com os presidentes de cada federação olímpica britânica para engrossar suas reivindicações.
Jowell deu como exemplo a britânica Victoria Pendleton, do ciclismo de pista, que arrebatou o ouro em Pequim na única prova em que pôde competir. Seu colega de equipe, Chris Hoy, participou de três disputas e venceu todas.
O ciclismo de pista, aliás, é uma das modalidades em que a desigualdade de gêneros ainda grassa. Os homens estão habilitados a participar de sete eventos. As mulheres, só de três.
Mesmo em esportes em que a paridade é quase total, não há planos para ela se tornar efetiva. O atletismo conta com 24 eventos masculinos e 23 femininos. Entre os dirigentes, já há quem defenda a igualdade total. Com isso, as mulheres disputariam o decatlo, como os homens, e não mais o heptatlo. Elas também passariam a correr a marcha de 50 km.
Mas a Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) ainda é reticente quanto a essas alterações.
"Não planejamos, neste momento, realizar alguma mudança em nosso programa de competição para incluir as mulheres na marcha de 50 km ou no decatlo", declara Nick Davies, porta-voz da federação.


Com agências internacionais


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