São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Corinthians pede, e preço do aluguel do Pacaembu cai

Em vez de taxa de até 15% sobre a renda, Prefeitura de São Paulo deve aplicar valor fixo de R$ 75 mil para ceder estádio

Para fazer pressão, clube deixou de pagar o devido em algumas partidas em 2009 e neste ano mudou jogos para a Arena Barueri

MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians pressionou e dobrou a Prefeitura de São Paulo: nos próximos dias, o preço do aluguel do Pacaembu deverá ser reajustado.
A Secretaria Municipal de Esportes recomendou ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) que seja fixado o valor de R$ 75 mil por partida. O Corinthians já dá o acordo como certo, mas em outras bases: R$ 62,5 mil.
A medida ainda não tem data definida para entrar em vigor.
Hoje, a Secretaria Municipal de Esportes cobra 12% (em jogos diurnos) ou 15% (partidas noturnas) para ceder o estádio aos clubes que costumam mandar lá suas partidas.
No Campeonato Brasileiro do ano passado, o valor médio cobrado por jogo do Corinthians ficou em torno de R$ 90 mil. No fim do ano, o clube pediu que se adotasse preço fixo (em vez de percentual sobre a renda) e sugeriu R$ 50 mil por partida. A prefeitura cedeu, mas o valor será superior.
Em 2009, o Corinthians chegou a deixar de pagar o aluguel de três partidas do Brasileiro, como forma de pressionar a prefeitura. Neste ano, o clube acertou a transferência de três jogos do Estadual para a Arena Barueri, que cobra menos (2% da renda bruta), mas oferece menos capacidade (25 mil, contra 40 mil do Pacaembu) e tem acesso muito mais complicado.
Dois dos jogos, contra Rio Branco e Santo André, já foram realizados em Barueri, e os custos com o aluguel das partidas, somados, são um terço do valor que o Corinthians teve descontado em seu jogo com menor público no Pacaembu (R$ 39 mil, contra o Botafogo). O próximo confronto na Arena será amanhã, diante do Paulista.
Por outro lado, os públicos e as rendas no estádio paulistano são muito maiores. Segundo o diretor financeiro do clube, Raul Corrêa e Silva, no ano passado o Corinthians ficou, em média, com 42% das rendas -o resto foi usado para pagar despesas. "O Pacaembu é a nossa casa", diz o cartola corintiano.
Neste ano, o clube já gastou quase R$ 800 mil com aluguel de estádios. "Vai ser ótimo se isso acontecer [a redução do preço do aluguel do Pacaembu], porque tentamos economizar em tudo, mas não acho que isso vá fazer uma grande diferença no nosso orçamento."
Segundo o coordenador de equipamentos da Secretaria Municipal de Esportes, Aléssio Gamberini, não se trata de uma vitória do clube sobre a prefeitura. "A nossa intenção não é o lucro", diz. "Nosso papel é oferecer o estádio em boas condições para que os clubes que lá jogarem tenham lucro."
Ainda de acordo com Gamberini, o custo de manutenção do Pacaembu é de cerca de R$ 250 mil por mês. Se o aluguel for fixado em R$ 75 mil, o Pacaembu teria que ser usado 40 vezes por ano para se pagar.
Os seis jogos do Corinthians neste ano renderam à prefeitura R$ 786 mil, ou 26,2% do gasto anual de manutenção estimado (R$ 3 milhões). Se os jogos tivessem taxa de aluguel de 2% da renda, o Corinthians teria gasto apenas R$ 115 mil.
Por outro lado, a arrecadação da prefeitura não seria suficiente para bancar nem meio mês de manutenção do estádio.


Colaborou PAULO GALDIERI , da Reportagem Local


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