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TÊNIS
Um tênis cada vez melhor
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Maurício Pommè é, hoje,
um dos maiores tenistas do
país, mas isso pouca gente sabe.
Seu nome não está na boca dos
torcedores, sua foto não está nas
revistas, nem nos jornais, isso
apesar de ele participar de grandes torneios mundo afora. Em
sua breve carreira, por exemplo,
já jogou nos EUA, na Austrália,
na França, na Suíça, na Itália, na
Holanda, na Argentina...
Como qualquer estrela, ele reclama que, apesar de circular o
mundo todo, não dá para fazer
turismo. "É sempre do aeroporto
para o clube, do clube para o hotel, do hotel para o clube, do clube
para o aeroporto", diz, resignado.
Nessas competições, é reconhecido, cumprimentado. Ídolo, não
passa despercebido. Anda de óculos escuros, não esconde que adora as noitadas, refugia-se nas badaladas praias do litoral norte.
"Boto pra quebrar mesmo. Não é
porque sou o número um do país
que vou dizer que sou certinho,
que vou dizer que sou o exemplo",
fala abertamente.
Diferentemente das outras estrelas, porém, Pommè não se cerca de seguranças, não foge, não vira a cara. Fala abertamente da
carreira, de sua rotina, chama
seus interlocutores pelo nome.
No mundo do tênis, Pommè é "o
cabeludo", "o rebelde", "o polêmico". Como toda estrela, causa polêmica: não contém um ou outro palavrão em quadra, não dispensa uma boa reclamação com os
juizes de cadeira. "Não levo desaforo para o ponto seguinte."
Em quadra, tecnicamente, ainda comete falhas. É o primeiro a
dizer que ainda falta velocidade,
agilidade, melhor movimentação. Em compensação, a precisão
nos golpes é excelente, o controle
da bola é o seu forte. "Nos próximos meses, vou me dedicar mais
ao trabalho físico, muscular."
Pommè, 33 anos e há apenas 3
no circuito, tem tudo para subir
ainda mais no ranking mundial.
Prova disso é que já tem três patrocinadores (Aveia Ferla, Babolat, Toklev). Até a próxima temporada, planeja subir, ficar entre
os melhores do mundo.
Mas, mesmo que chegue ao top
ten (e isso pode ser uma questão
de tempo), Pommè jamais será
famoso, reconhecido por aqui. É
que o tênis que Pommè pratica é
em cadeira de rodas.
Além de não conhecer Maurício
Pommè, a maioria não sabe que o
tênis em cadeira de rodas é a modalidade paraolímpica que mais
cresce no mundo todo. No Brasil,
o avanço também é notável.
Há menos de três anos, não
mais que meia dúzia se animava
a jogar. Agora, a CBT já tem um
departamento dedicado ao tênis
para cadeirantes, e Estados como
São Paulo, Rio, Goiás e Espírito
Santo já se organizam em grupos.
No Distrito Federal, um programa liderado com afinco pela ex-tenista Claudia Chabalgoity é modelo para todo o mundo.
E nem só Pommè está aí. O país
tem uma geração vitoriosa: Sérgio Gatto, Erico Moreira, Cesar
Gabech, Zilmar Pires, Luis Maciel, Adalberto Rodrigues... Em
vez de desistir, eles levantaram a
cabeça e seguiram em frente. No
tênis e na vida, estão mostrando
que tudo é possível.
Eles
Flávio Saretta vence challenger nas Bermudas. Marcos Daniel e Francisco Costa vão à semifinal no México. André Sá perde a 11ª seguida.
Elas
Começa hoje, na Sociedade Hípica, em Campinas, a disputa do Grupo Americano da Fed Cup, a versão feminina da Davis. O Brasil tem
Maria Fernanda Alves, Bruna Colósio, Joana Cortez e Carla Tiene.
Eles e elas
Algumas surpresas na segunda etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup, em Ribeirão Preto. Os campeões foram Gabriel Dias, Nicole Herzog (12 anos); Rafael Garcia, Natasha Lotuffo (14); Raony
Carvalho, Carla Caetano (16); Lenoir Ramos e Bárbara Costa (18).
E-mail reandaku@uol.com.br
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