DA REPORTAGEM LOCAL

Carl Lewis se pronunciou ontem sobre o fato, denunciado por um ex-diretor do Usoc, o comitê olímpico americano, de ter sido liberado para competir nos Jogos de Seul-88 mesmo depois de ter um teste antidoping positivo.
E considerou ridículas as declarações do empresário de Ben Johnson, que disse que o norte-americano teria de devolver a medalha de ouro que ganhou nos 100 m naquela competição.
"Quem se importa?", perguntou o ex-velocista, maior nome do atletismo dos EUA e que anteontem foi preso dirigir embriagado. "Estou aposentado há cinco anos e ainda falam de mim", ironizou.
Morris Chrobotek, empresário de Ben Johnson, atleta que ganhou a prova mas perdeu o ouro por ter corrido dopado, declarou que pretende entrar na Justiça para que Lewis seja punido.
A ação teria como base as declarações de Wade Exum, diretor de controle de drogas do Usoc entre 1991 e 2000, segundo o qual cerca de cem americanos foram pegos no antidoping, mas mesmo assim puderam competir nos Jogos de 1988, 1992, 1996 e 2000.
"Então ele [referindo-se ao empresário de Ben Johnson] vai processar centenas de pessoas?", questionou Lewis, 41. "Para mim é um assunto encerrado, um caso velho", completou.
De acordo com o ex-velocista, ele não teria conhecimento de que a droga que tomara era doping e que a política nos anos 80 para esse tipo de caso era diferente.
"Naquela época, se você tomasse alguma coisa errada, eles iam checar para ver qual era a substância, e o atleta recebia uma advertência. Por isso tanta gente era pega e ninguém ficava sabendo."
Lewis afirmou ainda que muitos atletas não tinham conhecimento de todos os medicamentos que pudessem ser considerados doping, comentário criticado pela Agência Mundial Antidoping. Dick Pound, presidente da agência, disse que os atletas de ponta sabem "muito bem que têm que ter cuidado com o que tomam".


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