São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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BOXE

Tudo em família

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Negócios de família."
É este o slogan promocional da disputa do título mundial entre o ucraniano Vitali Klitshko e Corrie Sanders, amanhã. Tudo porque em seu combate imediatamente anterior o sul-africano Sanders nocauteou o irmão mais novo de Vitali, Wladimir. Este, aliás, vinha sendo apontado por especialistas como o sucessor do legado de Muhammad Ali, "Sugar" Ray Leonard e "Iron" Mike Tyson, não como lutador, mas como grande atração.
Ninguém poderia esperar que Sanders pusesse um fim aos sonhos de Wladimir, especialmente porque o sul-africano já estava semi-aposentado quando o convidaram para enfrentar (e perder para) Klitschko.
Parecia que Sanders subiria ao ringue só pela bolsa. Afinal, algumas centenas de milhares de dólares não fazem mal a ninguém...
Alguns socos aqui, outros ali, e lá estava Wladimir estirado ao solo, e Sanders era declarado o mais novo campeão dos pesos-pesados pela Organização Mundial de Boxe (mesma entidade pela qual Popó é campeão).
Posteriormente, Sanders abriu mão de defender o título da OMB pela oportunidade de lutar pelo título do mais prestigioso Conselho Mundial de Boxe.
Quem se beneficiou com a decisão de Sanders foi Wladimir, cuja primeira luta após a derrota para o sul-africano foi a disputa do título vago da OMB contra o americano Lamon Brewster.
Como vimos há poucas semanas, a alegria de Wladimir durou pouco. Brewster o nocauteou -o irmão mais novo de Vitali amargava sua segunda derrota consecutiva. Tratou-se de um duro baque para o "sucessor do legado de Ali, Leonard e Tyson". Chegou-se a especular que se aposentaria, mas o gigante ucraniano descartou esse cenário -por enquanto.
Agora, durante a promoção da luta entre Vitali e Corrie, os empresários adotaram o ângulo de que se trata de uma vingança do Klitschko mais velho pelos danos causados à carreira de seu irmão por Sanders.
"Já derrotei um irmão, agora preciso terminar o "serviço". Sei que Vitali vê essa como uma chance de acertar uma questão de família, e não o culpo. Se Vitali tem algo contra mim porque bati seu irmão, isso vai custar caro. Estou muito confiante, vou fazer com Vitali o que fiz com Wladimir", provocou Sanders nas entrevistas que antecederam a luta.
Já Vitali procura disfarçar e deixar as provocações de lado. "Corrie Sanders é um bom adversário. Depois do que fez a meu irmão, não posso subestimá-lo", disse Vitali, que antes da derrota do irmão afirmou que tinha de bater Sanders porque formaria a primeira dupla de irmãos a ser campeões dos pesos-pesados simultaneamente -caso Wladimir tivesse vencido Brewster.
Mas, se vencer Sanders amanhã (o canal HBO Plus anuncia transmissão ao vivo para o Brasil a partir das 22h30), Vitali só estaria retornando um favor a Wladimir: depois que Vitali foi derrotado pelo americano Chris Byrd, Wladimir o enfrentou e venceu, levando, na ocasião, o título da OMB "para casa" novamente.

Brasil 1
O meio-pesado Laudelino Barros volta a lutar nos EUA, onde sofreu sua primeira derrota profissional em janeiro. O rival será o americano Dornell Wilson, em 21 de maio. O leve Juliano Ramos se apresenta na mesma programação, que, nos EUA, terá transmissão da ESPN International. O oponente de Ramos ainda não foi anunciado.

Brasil 2
Em análise do cenário mundial na última edição da "The Ring" (Julho de 2004), a publicação aponta Popó como o peso-leve mais "protegido" e "superestimado" na atualidade. Mas os autores do texto fazem uma ressalva: "Popó poderia nocautear Juan Lazcano ou Jose Luis Castillo [o primeiro e segundo do ranking independente da revista] ou superá-los por pontos".

E-mail eohata@folhasp.com.br


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