São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Fartura de opções faz torcedores abandonarem homenagens na curva Tamburello, local do acidente fatal

Imola relembra Senna com vinho e DVD

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA

De exposição de capacetes ao lançamento de mais um "DVD definitivo". De "festa brasiliana" a descontos em vinhos e licores. Em Imola, às vésperas do GP de San Marino e dos dez anos da morte de Ayrton Senna, as homenagens ao brasileiro deixaram o campo esportivo e, neste fim de semana, resvalam na baderna.
Há de tudo. A programação começou anteontem, com o "GP da Solidariedade", uma partida amistosa de futebol entre jogadores brasileiros campeões mundiais em 94 e um time de pilotos. O pontapé inicial foi dado por Viviane Senna. Cerca de 6.000 torcedores assistiram ao jogo, em Forlí, perto de Imola, com renda destinada ao Instituto Ayrton Senna.
A caridade parou por aí. Ontem o dia esteve repleto de atividades bem mais "mundanas". Pela manhã, foi inaugurada uma exposição de fotos e capacetes de Senna em um castelo próximo ao circuito. À tarde, a EMI lançou um DVD sobre a vida do piloto. À noite, o fã-clube Barrichello organizaria um jantar e uma festa com motivos brasileiros no Vie en Rose, um restaurante da cidade.
Tem mais. Hoje, como parte da programação oficial ImolAyrton, começará uma promoção de vinhos e licores em uma adega de Dozza, ao lado de Imola. Com uma ressalva: os 10% de desconto são apenas para jornalistas.
Amanhã, pouco antes do treino de definição do grid, será inaugurado um painel em uma arquibancada, oferecimento da Ceramica Imola, um grupo especializado na produção de azulejos.
Por fim, no domingo, Gerhard Berger, companheiro de Senna na McLaren de 90 a 92, pilotará uma Lotus que foi do brasileiro.
"Nunca iremos esquecer o que aconteceu aqui há dez anos. Esta edição da corrida é especial", disse Stefano Valli, presidente da Federação de Automobilismo de San Marino, que chancela o GP.
Talvez até pela fartura de alternativas, a curva Tamburello, tradicional ponto de peregrinação de fãs, foi abandonada. Foi lá, em 1º de maio de 94, abrindo a sexta volta daquele GP de San Marino, que o tricampeão escapou da pista, bateu seu Williams e morreu.
Desde então, o alambrado e o muro naquele trecho do circuito sempre estiveram cheios de flores e cartazes com referência a Senna. Ontem, porém, havia só quatro vasos de flores velhas e secas na estátua de bronze inaugurada em 97, em frente ao local da batida.
Homenagem semelhante -uma coroa de flores- havia no monumento a Gilles Villeneuve, herói ferrarista que morreu na Bélgica em 82. As duas obras ficam a apenas 50 m de distância.
O austríaco Roland Ratzenberger, que morreu um dia antes de Senna, não mereceu nenhuma homenagem, mas foi lembrado pelo líder do Mundial, Michael Schumacher. "As pessoas sempre lembram que o Ayrton morreu aqui. Mas temos que pensar no Roland. Sua morte começou a chocar a F-1, e hoje a categoria está mais segura também por causa do sacrifício dele", declarou.


Texto Anterior: Futebol - Mário Magalhães: Bateu, levou: jornalismo e violência
Próximo Texto: Ecclestone apostaria em brasileiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.