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AUTOMOBILISMO
Fartura de opções faz torcedores abandonarem homenagens na curva Tamburello, local do acidente fatal
Imola relembra Senna com vinho e DVD
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA
De exposição de capacetes ao
lançamento de mais um "DVD
definitivo". De "festa brasiliana" a
descontos em vinhos e licores. Em
Imola, às vésperas do GP de San
Marino e dos dez anos da morte
de Ayrton Senna, as homenagens
ao brasileiro deixaram o campo
esportivo e, neste fim de semana,
resvalam na baderna.
Há de tudo. A programação começou anteontem, com o "GP da
Solidariedade", uma partida
amistosa de futebol entre jogadores brasileiros campeões mundiais em 94 e um time de pilotos.
O pontapé inicial foi dado por Viviane Senna. Cerca de 6.000 torcedores assistiram ao jogo, em Forlí,
perto de Imola, com renda destinada ao Instituto Ayrton Senna.
A caridade parou por aí. Ontem
o dia esteve repleto de atividades
bem mais "mundanas". Pela manhã, foi inaugurada uma exposição de fotos e capacetes de Senna
em um castelo próximo ao circuito. À tarde, a EMI lançou um
DVD sobre a vida do piloto. À
noite, o fã-clube Barrichello organizaria um jantar e uma festa com
motivos brasileiros no Vie en Rose, um restaurante da cidade.
Tem mais. Hoje, como parte da
programação oficial ImolAyrton,
começará uma promoção de vinhos e licores em uma adega de
Dozza, ao lado de Imola. Com
uma ressalva: os 10% de desconto
são apenas para jornalistas.
Amanhã, pouco antes do treino
de definição do grid, será inaugurado um painel em uma arquibancada, oferecimento da Ceramica Imola, um grupo especializado na produção de azulejos.
Por fim, no domingo, Gerhard
Berger, companheiro de Senna na
McLaren de 90 a 92, pilotará uma
Lotus que foi do brasileiro.
"Nunca iremos esquecer o que
aconteceu aqui há dez anos. Esta
edição da corrida é especial", disse Stefano Valli, presidente da Federação de Automobilismo de
San Marino, que chancela o GP.
Talvez até pela fartura de alternativas, a curva Tamburello, tradicional ponto de peregrinação de
fãs, foi abandonada. Foi lá, em 1º
de maio de 94, abrindo a sexta
volta daquele GP de San Marino,
que o tricampeão escapou da pista, bateu seu Williams e morreu.
Desde então, o alambrado e o
muro naquele trecho do circuito
sempre estiveram cheios de flores
e cartazes com referência a Senna.
Ontem, porém, havia só quatro
vasos de flores velhas e secas na
estátua de bronze inaugurada em
97, em frente ao local da batida.
Homenagem semelhante
-uma coroa de flores- havia no
monumento a Gilles Villeneuve,
herói ferrarista que morreu na
Bélgica em 82. As duas obras ficam a apenas 50 m de distância.
O austríaco Roland Ratzenberger, que morreu um dia antes de
Senna, não mereceu nenhuma
homenagem, mas foi lembrado
pelo líder do Mundial, Michael
Schumacher. "As pessoas sempre
lembram que o Ayrton morreu
aqui. Mas temos que pensar no
Roland. Sua morte começou a
chocar a F-1, e hoje a categoria está mais segura também por causa
do sacrifício dele", declarou.
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