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AUTOMOBILISMO
Em Imola, alemão larga na frente pela 66ª vez na F-1 e supera último recorde que pertencia a brasileiro
Schumacher bate marca de Senna e chora
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA
Ele diz não ligar para recordes.
Mas ontem, em Imola, Michael
Schumacher, 37, arrebatou o último que faltava para sua carreira.
Às 15h01 locais, 10h01 em Brasília, o piloto alemão da Ferrari fechou os 5.303 m do traçado italiano em 1min22s795, tempo que
não foi superado por nenhum de
seus nove concorrentes nos instantes finais do treino classificatório para o GP de San Marino.
Conquistou, assim, sua 66ª pole
position, superando uma marca
histórica, as 65 de Ayrton Senna.
Um feito, o do brasileiro, que
havia se tornado mito no esporte.
Porque, em 3 de junho de 1989,
ao volante de uma McLaren, Senna bateu o escocês Jim Clark, até
então tido como o maior "poleman" da categoria. Porque, nos
cinco anos seguintes, Senna tomou para si esse título, quase dobrando o recorde anterior e chegando a uma marca que muitos
consideravam inatingível. Porque
a 65ª foi conquistada um dia antes
de sua morte. Foi do primeiro lugar no grid que Senna largou naquele dia 1º de maio de 1994.
Um feito, o do alemão, que tem
tudo para se tornar legendário.
Porque foi conquistado na pista
onde Senna morreu e às vésperas
de serem completados 12 anos do
acidente da Tamburello. Porque
certamente levará anos, se não décadas, para ser superado. Se um
dia for -entre os pilotos na ativa,
Rubens Barrichelo, Jacques Villeneuve e Juan Pablo Montoya são
os que somam mais poles, 13. Porque foi a última vitória de um fã
sobre seu ídolo. E o fã chorou.
De olhos vermelhos após tirar o
capacete, Schumacher mal conseguia relatar o que estava sentindo.
"Não tenho como descrever. Isso
é muito especial para mim", disse,
num primeiro momento, antes de
recuperar a fleuma: "Mas vou
pensar nisso depois. No momento, estou totalmente concentrado
em vencer a corrida de amanhã
[hoje]. Isso vale mais para mim do
que os recordes."
O heptacampeão mundial nunca escondeu sua idolatria pelo
brasileiro, a quem nunca venceu
num treino oficial. A primeira de
suas 66 poles foi conquistada em
Mônaco, em 94, justamente o GP
seguinte ao da morte de Senna.
A largada para a quarta etapa do
Mundial será às 9h (de Brasília),
com TV. Jenson Button, da Honda, sai ao lado do alemão. Na segunda fila, os dois brasileiros: Rubens Barrichello, parceiro do inglês, e Felipe Massa, da Ferrari.
Em 235 fins de semana, a F-1 só
viu Schumacher assim, de olhos
marejados, quatro vezes. Em
2000, quando ele igualou as 41 vitórias de Senna. Em 2003, quando
venceu o GP de San Marino horas
depois da morte de sua mãe. No
mês passado, no Bahrein, quando
alcançou as poles do brasileiro. E
ontem, ao tornar-se absoluto.
Não apenas deste, mas de todos
os recordes de desempenho do
mais importante campeonato do
esporte a motor no mundo.
Na Austrália, em 2001, ele cravou a volta mais rápida de uma
corrida pela 42ª vez, superando o
antigo recordista, Alain Prost.
Hoje, soma 69. Na Bélgica, também em 2001, tornou-se o piloto
com mais vitórias na história da
F-1, superando os 51 triunfos de
Prost. Hoje, buscará o 85º. No Japão, em 2003, garantiu o sexto título mundial, deixando Juan Manuel Fangio para trás. Neste ano,
tenta o oitavo. A partir de agora,
Imola-2006 passará a fazer parte
dessa coleção sem igual nos 57
anos de existência da categoria.
E ele diz não ligar para recordes.
NA TV - GP de San Marino, Globo, ao vivo, às 9h
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