São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2007

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São Paulo agora tenta conter crise interna

Contratações que não vingaram e estilo turrão de Muricy geram críticas

Na saída do Morumbi, atletas foram hostilizados pela torcida e agora buscam recuperar brio para tentar continuar na Libertadores


TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Fim de jogo. O ônibus do clube deixa o estádio do Morumbi e um grupo enxuto de inconformados torcedores hostiliza os poucos atletas, que, precavidos, em nenhum momento abrem as janelas para rebater os gritos de "amarelão".
Quem protagonizou essa manifestação foram torcedores do São Paulo, depois dos 4 a 1 no jogo com o São Caetano anteontem pelas semifinais do Campeonato Paulista.
Até então, o clima entre torcida e jogadores era de harmonia, graças à boa fase do time.
Muricy sabe da pressão que vai sofrer da torcida até a partida de quarta-feira, contra o Audax pela Libertadores, quando precisa de um empate para seguir na competição. Mas é internamente que as cobranças começam a ganhar força.
Sempre cultuado por fazer contratações certeiras, o clube agora não vê o mesmo resultado de anos anteriores.
Dos jogadores que chegaram, apenas Hugo conseguiu emplacar. Jadílson, outro novato que ganhou a posição, ainda alterna bons e maus momentos e só se firmou entre os titulares graças à má fase de Júnior.
Outro ponto que agita os bastidores é a insistência do treinador com alguns jogadores. Em especial com o atacante Leandro, que nunca é sacado da equipe e também é utilizado em várias posições. Outro alvo é Aloísio, que não marca um gol desde o dia 28 de janeiro.
Para piorar o clima, o estilo turrão de Muricy desagrada a muita gente no clube. O mau-humor do técnico já causou ruídos com alguns dirigentes que circulam pelo futebol do clube.
Descontente com a invasão de conselheiros e convidados no CT são-paulino em dia de concentração, o técnico chegou a baixar uma norma proibindo visitas para não atrapalhar seu planejamento no futebol.
Internamente, já se comenta a possibilidade de troca de comando na equipe caso o São Paulo não se classifique para as oitavas-de-final da competição.
Na entrevista coletiva de anteontem, o técnico Muricy Ramalho trocou o seu tradicional inconformismo pela resignação dos vencidos.
"Tivemos as chances e não matamos. O São Caetano foi mais feliz e ganhou o jogo. Fizemos um bom primeiro tempo e começamos o segundo bem. Depois tomamos os gols e ficou difícil", simplificou o treinador.
Após esse choque causado pela humilhante eliminação de um campeonato em que a condição de finalista era dada como certa, Muricy falou que não é hora de broncas.
"Tem hora de dar porrada e momento de passar a mão na cabeça. Vou falar com o grupo que o Paulista acabou e que temos boas chances de seguir na Libertadores", falou o técnico.
Muricy comentou ainda a declaração do atacante Leandro, que afirmou que o grupo precisa se abraçar para superar o momento atual. "Eles têm de se abraçar mesmo. Abraçam quando ganham. Quando perde é a mesma coisa", completou.
Para o goleiro Rogério, não existe chance melhor de recuperação tendo um jogo de Libertadores pela frente.
"É a competição mais importante da América e nós sabemos o quanto a torcida do São Paulo valoriza isso. Temos boas chances de nos recuperar."
O goleiro também pediu apoio dos torcedores. "Tenho certeza de que vão encher o estádio para empurrar o time."
Já o atacante Leandro tentava levantar o moral dos companheiros. "Aqui não tem bandido. Ninguém tem que se esconder brigamos, jogamos, mas infelizmente as coisas não deram certo", completou.


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