São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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Baseado no termômetro, meteorologista vê dificuldade para a seleção brasileira na busca pelo hexacampeonato

Pesquisa com 140 partidas aponta anfitriã e Itália como as seleções que mais ganham nas condições encontradas na Alemanha


Clima do Mundial não ajuda o Brasil, diz estudo alemão

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil não é o favorito para ganhar a Copa. A sentença soa até como heresia num período em que poucos ousam questionar a superioridade da seleção.
Seu autor, um meteorologista alemão, usa um curioso instrumento para justificar sua previsão: o termômetro.
Franc Boettcher chefiou um grupo de especialistas que compilou informações climáticas de 140 jogos disputados por seleções que vão ao Mundial como candidatas ao título -além da anfitriã, Brasil, França, Inglaterra, Argentina e Itália. A conclusão foi publicada na "Wettermagazin" (revista do clima, em alemão): as condições do país-sede não são as ideais para o time canarinho.
"Alemanha e Itália, na média, são os países que costumam obter melhores resultados nas condições em que deve ser disputada a Copa, quando teremos média de 25C e chuvas constantes. O Brasil foge um pouco a esse padrão e, mais importante, brilha em gramados secos", diz Boettcher à Folha.
Fã de futebol, o meteorologista sabe que poucos atletas ou técnicos se preocupam com a temperatura durante um Mundial. Afirma, porém, que variáveis climáticas influenciaram muitos jogos nas Copas e não deveriam ser descartadas.
Seu exemplo favorito é o da decisão do torneio em 1954, quando a seleção alemã bateu a favorita Hungria na decisão.
"Uma chuva encharcou o gramado naquele dia. Nós, alemães, estávamos mais habituados a jogar assim. Vencemos."
É uma análise no mínimo polêmica -naquele duelo, por exemplo, Puskas, astro da Hungria, estava contundido e não teve boa atuação.
Mesmo assim, alertas do meteorologista podem evitar contratempos para Parreira.
Os três jogos da seleção na fase inicial ocorrem em cidades que registram seu maior índice de precipitação em junho -Berlim, Munique e Dortmund. "Um grupo que toca tão bem a bola perde muito na chuva. Não por acaso, a análise histórica apontou que o gramado seco ajuda bastante o Brasil."
Como explicar, então, o fato de a seleção ter obtido o penta no Japão, onde choveu inclusive antes da final? "É apenas uma exceção nos registros do time", afirma o meteorologista.
Outro fator que Boettcher enfatiza como importante é a elevação das temperaturas no decorrer do torneio -julho é o mês mais quente. "Aquela história de que brasileiro gosta de calor não existe. O elenco joga na Europa em temperaturas amenas. E eles estão cansados. Quanto mais desgaste, pior."


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