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Baseado no termômetro, meteorologista vê dificuldade para a seleção brasileira na busca pelo hexacampeonato
Pesquisa com 140 partidas aponta anfitriã e Itália
como as seleções que mais ganham nas condições encontradas na Alemanha
Clima do Mundial não ajuda o Brasil, diz estudo alemão
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil não é o favorito para
ganhar a Copa. A sentença soa
até como heresia num período
em que poucos ousam questionar a superioridade da seleção.
Seu autor, um meteorologista alemão, usa um curioso instrumento para justificar sua
previsão: o termômetro.
Franc Boettcher chefiou um
grupo de especialistas que
compilou informações climáticas de 140 jogos disputados por
seleções que vão ao Mundial
como candidatas ao título
-além da anfitriã, Brasil, França, Inglaterra, Argentina e Itália. A conclusão foi publicada
na "Wettermagazin" (revista
do clima, em alemão): as condições do país-sede não são as
ideais para o time canarinho.
"Alemanha e Itália, na média,
são os países que costumam obter melhores resultados nas
condições em que deve ser disputada a Copa, quando teremos
média de 25C e chuvas constantes. O Brasil foge um pouco
a esse padrão e, mais importante, brilha em gramados secos",
diz Boettcher à Folha.
Fã de futebol, o meteorologista sabe que poucos atletas
ou técnicos se preocupam com
a temperatura durante um
Mundial. Afirma, porém, que
variáveis climáticas influenciaram muitos jogos nas Copas e
não deveriam ser descartadas.
Seu exemplo favorito é o da
decisão do torneio em 1954,
quando a seleção alemã bateu a
favorita Hungria na decisão.
"Uma chuva encharcou o
gramado naquele dia. Nós, alemães, estávamos mais habituados a jogar assim. Vencemos."
É uma análise no mínimo
polêmica -naquele duelo, por
exemplo, Puskas, astro da
Hungria, estava contundido e
não teve boa atuação.
Mesmo assim, alertas do meteorologista podem evitar contratempos para Parreira.
Os três jogos da seleção na
fase inicial ocorrem em cidades
que registram seu maior índice
de precipitação em junho
-Berlim, Munique e Dortmund. "Um grupo que toca tão
bem a bola perde muito na chuva. Não por acaso, a análise histórica apontou que o gramado
seco ajuda bastante o Brasil."
Como explicar, então, o fato
de a seleção ter obtido o penta
no Japão, onde choveu inclusive antes da final? "É apenas
uma exceção nos registros do
time", afirma o meteorologista.
Outro fator que Boettcher
enfatiza como importante é a
elevação das temperaturas no
decorrer do torneio -julho é o
mês mais quente. "Aquela história de que brasileiro gosta de
calor não existe. O elenco joga
na Europa em temperaturas
amenas. E eles estão cansados.
Quanto mais desgaste, pior."
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