São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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Pequim 2008 / A graça do esporte - Boxe

Luta contra a queda

Um esporte em que a graça está em encaixar o golpe e conseguir o nocaute

FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda abala. Faz cair junto a confiança, atingida pelo golpe do adversário. O corpo estendido no chão do ringue espera uma reação que, muitas vezes, não se manifesta mais.
A agonia se estende com a contagem progressiva comandada pelo juiz. Em até dez segundos, o pugilista busca forças para não se tornar nocauteado. Derrubado, ele já está.
"O boxeador que sofre o nocaute sai do ar por uma fração de segundo, não consegue ficar dono de si", diz Luiz Claudio Braga Boselli, presidente da CBBoxe, a entidade que controla a modalidade no país.
"O nocaute é como a cesta no basquete, o gol no futebol, o ponto direto de saque no tênis", afirma o dirigente.
É o instante esperado pelo público -e, principalmente, por um dos pugilistas. É o momento que provoca uma sucessão de exclamações na platéia.
O boxe põe frente a frente dois oponentes que irão se digladiar pela vitória -isso, no entanto, com regras definidas, sem direito a golpes baixos.
No boxe amador, o olímpico, cada competidor tem quatro assaltos de dois minutos cada um para derrubar o adversário.
Ou, pelo menos, encaixar golpes que lhe permitam somar pontos a mais que o rival. Se a luta não for encerrada com um nocaute, pode chegar à decisão pela pontuação. Ganha aquele que tiver acumulado mais pontos durante o combate.
O segredo é não entrar ansioso em busca do nocaute, aconselha Servílio de Oliveira, o único boxeador brasileiro a subir ao pódio em Olimpíadas, com o bronze entre os moscas nos Jogos da Cidade do México-1968.
"Você tem de estar bem preparado tanto fisicamente quanto psicologicamente. Tem de chegar em cima do ringue e não ter ansiedade. O nocaute é conseqüência do trabalho", diz ele.
Para alcançar o feito, Servílio afirma que é preciso minar, aos poucos, o oponente. Ir tirando suas forças passo a passo.
"Isso significa ter a percepção dos pontos do adversário, pressionando-o e forçando-o a se desgastar. Você tem de estar bem equilibrado em todos os aspectos", completa o medalhista olímpico, que afirma se orgulhar de nunca ter sofrido um nocaute na carreira.


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