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Pequim 2008 / A graça do esporte - Boxe
Luta contra a queda
Um esporte em que a graça está em encaixar o golpe e conseguir o nocaute
FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL
A queda abala. Faz cair junto
a confiança, atingida pelo golpe
do adversário. O corpo estendido no chão do ringue espera
uma reação que, muitas vezes,
não se manifesta mais.
A agonia se estende com a
contagem progressiva comandada pelo juiz. Em até dez segundos, o pugilista busca forças
para não se tornar nocauteado.
Derrubado, ele já está.
"O boxeador que sofre o nocaute sai do ar por uma fração
de segundo, não consegue ficar
dono de si", diz Luiz Claudio
Braga Boselli, presidente da
CBBoxe, a entidade que controla a modalidade no país.
"O nocaute é como a cesta no
basquete, o gol no futebol, o
ponto direto de saque no tênis",
afirma o dirigente.
É o instante esperado pelo
público -e, principalmente,
por um dos pugilistas. É o momento que provoca uma sucessão de exclamações na platéia.
O boxe põe frente a frente
dois oponentes que irão se digladiar pela vitória -isso, no
entanto, com regras definidas,
sem direito a golpes baixos.
No boxe amador, o olímpico,
cada competidor tem quatro
assaltos de dois minutos cada
um para derrubar o adversário.
Ou, pelo menos, encaixar golpes que lhe permitam somar
pontos a mais que o rival. Se a
luta não for encerrada com um
nocaute, pode chegar à decisão
pela pontuação. Ganha aquele
que tiver acumulado mais pontos durante o combate.
O segredo é não entrar ansioso em busca do nocaute, aconselha Servílio de Oliveira, o único boxeador brasileiro a subir
ao pódio em Olimpíadas, com o
bronze entre os moscas nos Jogos da Cidade do México-1968.
"Você tem de estar bem preparado tanto fisicamente quanto psicologicamente. Tem de
chegar em cima do ringue e não
ter ansiedade. O nocaute é conseqüência do trabalho", diz ele.
Para alcançar o feito, Servílio
afirma que é preciso minar, aos
poucos, o oponente. Ir tirando
suas forças passo a passo.
"Isso significa ter a percepção dos pontos do adversário,
pressionando-o e forçando-o a
se desgastar. Você tem de estar
bem equilibrado em todos os
aspectos", completa o medalhista olímpico, que afirma se
orgulhar de nunca ter sofrido
um nocaute na carreira.
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