São Paulo, sábado, 23 de maio de 2009

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MOTOR

O campeonato de um time só


Maquiavélico ou romântico, Campos correu para enviar sua inscrição e "garantir" vaga no grid da F-1 para 2010


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

PASSAVAM CINCO minutos da 0h de ontem na Europa quando um espanhol clicou no "enter" e registrou a inscrição da Campos Racing no próximo Mundial de F-1.
Foi o ponto alto da carreira de Adrián Campos Suñer, 48, nascido em Valencia, ex-piloto com 21 GPs e zero ponto na categoria. E que, desde 1998, é dono de equipes em campeonatos de base, F-Nissan e GP2.
Campos estava com pressa, muita pressa. O prazo, aberto à 0h, só termina na próxima sexta-feira, dia 29. Há duas explicações. Uma, romântica, singela. Outra, nem tanto. À primeira: batalhador, um dos responsáveis por alçar Alonso e Gené à F-1, garagista à moda antiga, ele viu, no teto de custos de 40 milhões de libras, a oportunidade de dar um passo inimaginável semanas atrás.
Chance única. A abertura de um mundo bilionário para quem tem apenas milhões. Uma rápida janela de ascensão profissional. O bilhete dourado para a fábrica de chocolate.
Diante do limite imposto pelo regulamento, de 13 equipes no grid de 2010, e da profusão de pretensas candidatas às vagas, Campos achou melhor não bobear. Deixou a papelada pronta e enviou tudo para a FIA já nos primeiros minutos do prazo.
Mas a avalanche de inscrições de novas e velhas equipes não aconteceu. Aí, entra a segunda explicação. Campos acompanha os bastidores da F-1 e sabia que seria assim. E por que a pressa? Porque ele não queria correr o risco de uma mudança no regulamento ontem, em Mônaco.
Inscrevendo o time na madrugada, durante a vigência do teto de custos, ele tem em mãos um trunfo quando a regra for alterada -o que vai acontecer. Pode bater às portas da FIA, da FOM ou de um tribunal qualquer e criar uma boa confusão. Romantismo ou maquiavelismo?
Em se tratando de F-1, a coluna aposta na segunda alternativa. Mas fato é que a categoria vive situação inusitada: a Campos é hoje a única equipe inscrita na temporada 2010.
Não por muito tempo, daqui a pouco todos se entendem. Então, se foi maquiavélico, Campos pode ter chances. Se foi romântico, descobrirá que, na F-1, isso não existe mais.

EMPURRÃO
A Brawn ainda tem o melhor carro, mas Ferrari e McLaren vão de Kers em Mônaco. Que pesa 30 kg, mas pode valer um salto importante na largada -depois, é só segurar quem vem atrás. Se essas duas equipes se colocarem nas primeiras filas do grid, os primeiros metros no principado serão bem interessantes.

PROMOÇÃO
Felipe Giaffone será o novo representante brasileiro entre os comissários do GP Brasil. Substituirá Élcio de São Thiago, homem próximo de Paulo Scaglione, antigo presidente da CBA, e um mistério no campo esportivo. Nas nomeações, até agora, a nova gestão vai bem.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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