|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Futebol objetivo
Filosofia pragmática, de defesa e contra-ataque, leva Inter de Milão
ao seu 3º título da Copa dos Campeões
Inter 2
Diego Milito, aos 34min do 1º tempo,
e aos 25min do 2º tempo
Bayern de Munique 0
ROBERTO DIAS
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS A MADRI
José Mourinho só quis a
bola do jogo após o jogo acabar. Para lembrar que não
precisa dela para ganhar.
Esqueça o futebol de carrossel da escola holandesa e
de espetáculo do seu último
grande representante, o Barcelona de Guardiola.
Pois a nova ordem do futebol europeu é ditada pela Internazionale de Milão, que
derrotou duas vezes esse estilo de jogo e ganhou ontem a
Copa dos Campeões.
Esqueça que as estrelas da
seleção brasileira que brilham na Europa são atacantes goleadores e cheios de
ginga. Porque quem se apresentará ao time de Dunga
com o grande troféu da temporada são três defensores: o
goleiro Júlio César, o lateral
Maicon e o zagueiro Lúcio.
Esqueça, ainda, a história
de que a seleção argentina é
Messi e ninguém mais.
Já que o grande nome da final foi Diego Milito, um atacante que costuma passar os
jogos ao lado de Maradona
no banco e que ontem marcou os dois gols da vitória sobre o Bayern de Munique.
O triunfo do técnico português, dos defensores brasileiros, do atacante argentino
e de nenhum italiano entre
os titulares revive o "calcio"
no seu estilo mais característico. "A Inter é um time italiano. É um time de cultura italiana, que é campeã do mundo em seleções e europeia em
clubes", disse Mourinho.
Pouco antes, no mesmo
estádio que consagrou Paolo
Rossi, o técnico derrotado
ontem tinha feito, como Telê
Santana em 1982, a defesa da
tese de que o importante é
dar espetáculo e que não se
arrependia de ter armado o
time pra frente.
"É nossa opção jogar num
estilo ofensivo. Atacar é mais
difícil que defender. Mas jogamos um futebol atraente
aos espectadores e claro que
podemos perder", lamentou
o técnico Louis van Gaal.
"Não fomos bem o bastante
para impor nosso jogo."
Ontem, o time do treinador
holandês teve a bola exatamente o dobro de tempo que
os atletas de Mourinho, e finalizou quase o dobro de vezes que os italianos (21 a 11).
Mas a Inter não precisou
de mais para chegar ao terceiro troféu de sua história.
Um título que põe fim ao
longo jejum da Inter, que não
vencia a Copa dos Campeões
desde o bicampeonato conquistado em 1964 e 1965 -e o
presidente naquela época
era justamente o pai do atual
chefe, Massimo Moratti.
E que fecha uma temporada inesquecível para o time
de Milão, que ganhou a tríplice coroa (Copa dos Campeões, Italiano e a Copa da
Itália). Uma situação que
ocorreu apenas cinco outras
vezes nos 55 anos da competição europeia.
Repetiram o feito o Celtic
(1967), Ajax (1972), PSV
(1988), Manchester United
(1999) e Barcelona (2009). Este último, aliás, com participação do camaronês Samuel
Eto'o, que agora repetiu a trajetória na Inter. A vitória de
ontem fez a Itália empatar
com a Espanha em títulos da
Copa dos Campeões (12).
Foi fundamental também
para manter o futebol italiano como a terceira força da
Europa, depois de Inglaterra
e Espanha, segundo os índices técnicos da Uefa. Isso
possui um resultado prático:
o país tem quatro vagas na
Copa dos Campeões.
Se o Bayern tivesse vencido, a Alemanha passaria a ter
quatro times no torneio, e a
Itália perderia um. Agora, os
germânicos continuam com
apenas três lugares.
A primeira final da Copa
dos Campeões em um sábado encerrou uma semana de
festa em Madri. Encerrou
também a temporada europeia do futebol profissional.
Os jogadores convocados
para a Copa-2010, entre eles
os três brasileiros, apresentam-se nos próximos dias às
suas seleções nacionais e
preparam-se para o Mundial,
que vai começar em 11 de junho, na África do Sul.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: The special one Índice
|