São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Futebol objetivo

Filosofia pragmática, de defesa e contra-ataque, leva Inter de Milão ao seu 3º título da Copa dos Campeões

Inter 2
Diego Milito, aos 34min do 1º tempo, e aos 25min do 2º tempo

Bayern de Munique 0

ROBERTO DIAS
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS A MADRI

José Mourinho só quis a bola do jogo após o jogo acabar. Para lembrar que não precisa dela para ganhar.
Esqueça o futebol de carrossel da escola holandesa e de espetáculo do seu último grande representante, o Barcelona de Guardiola.
Pois a nova ordem do futebol europeu é ditada pela Internazionale de Milão, que derrotou duas vezes esse estilo de jogo e ganhou ontem a Copa dos Campeões.
Esqueça que as estrelas da seleção brasileira que brilham na Europa são atacantes goleadores e cheios de ginga. Porque quem se apresentará ao time de Dunga com o grande troféu da temporada são três defensores: o goleiro Júlio César, o lateral Maicon e o zagueiro Lúcio.
Esqueça, ainda, a história de que a seleção argentina é Messi e ninguém mais.
Já que o grande nome da final foi Diego Milito, um atacante que costuma passar os jogos ao lado de Maradona no banco e que ontem marcou os dois gols da vitória sobre o Bayern de Munique.
O triunfo do técnico português, dos defensores brasileiros, do atacante argentino e de nenhum italiano entre os titulares revive o "calcio" no seu estilo mais característico. "A Inter é um time italiano. É um time de cultura italiana, que é campeã do mundo em seleções e europeia em clubes", disse Mourinho.
Pouco antes, no mesmo estádio que consagrou Paolo Rossi, o técnico derrotado ontem tinha feito, como Telê Santana em 1982, a defesa da tese de que o importante é dar espetáculo e que não se arrependia de ter armado o time pra frente.
"É nossa opção jogar num estilo ofensivo. Atacar é mais difícil que defender. Mas jogamos um futebol atraente aos espectadores e claro que podemos perder", lamentou o técnico Louis van Gaal. "Não fomos bem o bastante para impor nosso jogo."
Ontem, o time do treinador holandês teve a bola exatamente o dobro de tempo que os atletas de Mourinho, e finalizou quase o dobro de vezes que os italianos (21 a 11).
Mas a Inter não precisou de mais para chegar ao terceiro troféu de sua história.
Um título que põe fim ao longo jejum da Inter, que não vencia a Copa dos Campeões desde o bicampeonato conquistado em 1964 e 1965 -e o presidente naquela época era justamente o pai do atual chefe, Massimo Moratti.
E que fecha uma temporada inesquecível para o time de Milão, que ganhou a tríplice coroa (Copa dos Campeões, Italiano e a Copa da Itália). Uma situação que ocorreu apenas cinco outras vezes nos 55 anos da competição europeia.
Repetiram o feito o Celtic (1967), Ajax (1972), PSV (1988), Manchester United (1999) e Barcelona (2009). Este último, aliás, com participação do camaronês Samuel Eto'o, que agora repetiu a trajetória na Inter. A vitória de ontem fez a Itália empatar com a Espanha em títulos da Copa dos Campeões (12).
Foi fundamental também para manter o futebol italiano como a terceira força da Europa, depois de Inglaterra e Espanha, segundo os índices técnicos da Uefa. Isso possui um resultado prático: o país tem quatro vagas na Copa dos Campeões.
Se o Bayern tivesse vencido, a Alemanha passaria a ter quatro times no torneio, e a Itália perderia um. Agora, os germânicos continuam com apenas três lugares.
A primeira final da Copa dos Campeões em um sábado encerrou uma semana de festa em Madri. Encerrou também a temporada europeia do futebol profissional.
Os jogadores convocados para a Copa-2010, entre eles os três brasileiros, apresentam-se nos próximos dias às suas seleções nacionais e preparam-se para o Mundial, que vai começar em 11 de junho, na África do Sul.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: The special one
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.