São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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QUARTAS/ ONTEM

Pior erro foi anulação do que seria o "gol de ouro" da Espanha

Juiz faz Coréia ser 1º asiático em uma semifinal

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GWANGJU

Uma torcida fanática, fôlego de sobra e um pouco de sorte. Não bastasse tudo isso, a Coréia do Sul contou com uma grande ajuda da arbitragem para se tornar o primeiro país asiático a chegar às semifinais de uma Copa do Mundo.
A vaga foi conquistada ontem em Gwangju (Coréia), contra a Espanha, por 5 a 3 nos pênaltis, depois do empate sem gols no tempo normal e na prorrogação.
Nesta terça-feira, em Seul, um dos anfitriões do primeiro Mundial asiático desafia a Alemanha em busca de um lugar na decisão.
Os espanhóis, que mais uma vez não traduzem em bons resultados o favoritismo que quase sempre possuem, saíram de campo revoltados com o trio de arbitragem.
Motivos para isso não faltaram. Depois de beneficiados contra a Itália, pelas oitavas-de-final, os sul-coreanos só não deixaram o torneio ontem por uma sequência de erros crassos do egípcio Gamal Ghandour e dos dois auxiliares.
Por três vezes a bola chegou a entrar, mas os lances foram anulados de forma errada. Vários impedimentos também não ocorreram. No último minuto da prorrogação, com um escanteio para a Espanha, o jogo acabou sem a cobrança. Na disputa de pênaltis, o árbitro permitiu que o goleiro Lee Woon-jae fosse até quase a linha da pequena área para defender a cobrança de Joaquín, a única desperdiçada pelas duas equipes.
"Não nos deixaram vencer", disse o volante Helguera, num resumo do clima espanhol após a eliminação. "Todo time que perde reclama", rebateu o holandês Guus Hiddink, técnico da Coréia, ao negar que sua equipe só esteja nas semifinais por causa do juiz.
A marcação da arbitragem sobre a Espanha começou já na primeira etapa, mas a falha mais gritante ocorreu no início da prorrogação, quando acabou anulado o que seria o "gol de ouro" do time.
Influenciado pela marcação do auxiliar Michael Ragoonath, de Trinidad e Tobago, Ghandour considerou que antes de um cruzamento de Joaquín, que acabou numa cabeçada perfeita de Morientes, a bola teria saído, o que ficou longe de acontecer.
Após a derrota nos pênaltis, em que o goleiro Casillas não repetiu a boa performance contra a Irlanda, nas oitavas-de-final, vários jogadores espanhóis partiram para cima de Ragoonath, que só escapou de agressões pela interferência de outros atletas. Enquanto isso, os sul-coreanos celebravam, com 40 mil pessoas vestidas de vermelho, a vaga nas semifinais.
"Pensei que, nas quartas-de-final, não seriam tão descarados, mas, após isso, vejo que não ligam para nada", protestou o técnico espanhol José Antonio Camacho.
Mesmo como anfitriã, a Coréia não tem a mesma força nos bastidores que o Brasil, que também já foi beneficiado nesta Copa.
Enquanto o principal dirigente brasileiro, Ricardo Teixeira, é vice da comissão de arbitragem e aliado de primeira hora da situação, a Coréia é oposição. O presidente da federação do país, Chung Mong-joon, foi um dos articuladores da derrotada chapa de oposição na última eleição da Fifa.



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