São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Show de calouros

Com time que nunca havia treinado, cheio de reservas, Brasil muda de cara, goleia e revê Ronaldo artilheiro

EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND

Desta vez, Carlos Alberto Parreira acertou. Um dia depois de dizer que numa Copa do Mundo são os jogadores que resolvem, ele comprovou sua tese, meio sem querer, é verdade.
No dia em que a delegação que chefia completou um mês na Europa (fez escala na Suíça), a seleção brasileira fez sua primeira boa exibição na Alemanha com um time que nunca, nem por um minuto sequer, havia treinado junto.
Depois de trabalhar todo o tempo com o mesmo time, Parreira resolveu trocar cinco jogadores para o confronto contra o Japão. O resultado, com participação especialíssima de Ronaldo (agora o maior artilheiro das Copas, ao lado do alemão Gerd Müller), foi um arrebatador 4 a 1. Placar que garantiu o primeiro lugar no Grupo F com 100% de aproveitamento -a Copa-06 tem quatro times com essa performance, recorde da era com 32 seleções.
Nas oitavas-de-final, na terça-feira, às 12h, novamente em Dortmund, o Brasil enfrentará a seleção de Gana.
Os critérios para a escolha dos sacados não foram claros. Pendurados, como Cafu e Emerson, ficaram fora. Mas Robinho e Ronaldo, na mesma situação, entraram em campo e formaram a dupla de ataque.
Veteranos, como Roberto Carlos e Zé Roberto, perderam o lugar, mas Adriano, o segundo mais jovem do time titular que começou o Mundial e autor de gol na Austrália, também saiu.
"Os critérios foram os que interessam à seleção. É sempre o critério técnico, de manter uma estrutura na equipe. O time não mudou a maneira de jogar, mudaram apenas os nomes. Não dá para, dentro de uma Copa, agora com oitavas, quartas, mudar a maneira de jogar", justificou Parreira, que promete novamente fazer mistério para o mata-mata contra Gana.
Ontem, diante do quase eliminado Japão de Zico, a seleção mostrou um vigor que a formação anterior, longe de estar afiada após um mês de treinos quase sempre em campos reduzidos, não demonstrou.
No lugar das jogadas ensaiadas e tabelas que não davam certo devido à lentidão do pesado ataque formado por Adriano e Ronaldo, o Brasil teve em Dortmund laterais que apoiaram -Cicinho deu o passe para o primeiro gol e Gilberto fez o terceiro-, Ronaldinho numa atuação próxima do padrão de alguém que é duas vezes o melhor do mundo e um Robinho que driblava e se mexia muito. E Juninho, que foi eficiente na marcação e no apoio, deu mais agilidade ao meio e fez um gol.
E a cereja do bolo foi colocada pelo até então desacreditado Ronaldo, autor do gol de empate (o Japão saiu na frente) no final do primeiro tempo e também do tento que fechou o placar, já perto do apito final. Ele é o único brasileiro agora com mais de um gol na competição.
A Copa encerra a primeira fase hoje. Amanhã começa a etapa na qual quem perder está fora. É a hora, segundo Parreira, em que sua seleção vai crescer e mostrar todo seu potencial.


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