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Show de calouros
Com time que nunca havia treinado, cheio de reservas, Brasil muda de cara, goleia e revê Ronaldo artilheiro
EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND
Desta vez, Carlos Alberto
Parreira acertou. Um dia depois de dizer que numa Copa do
Mundo são os jogadores que resolvem, ele comprovou sua tese, meio sem querer, é verdade.
No dia em que a delegação
que chefia completou um mês
na Europa (fez escala na Suíça),
a seleção brasileira fez sua primeira boa exibição na Alemanha com um time que nunca,
nem por um minuto sequer, havia treinado junto.
Depois de trabalhar todo o
tempo com o mesmo time, Parreira resolveu trocar cinco jogadores para o confronto contra o Japão. O resultado, com
participação especialíssima de
Ronaldo (agora o maior artilheiro das Copas, ao lado do alemão Gerd Müller), foi um arrebatador 4 a 1. Placar que garantiu o primeiro lugar no Grupo F
com 100% de aproveitamento
-a Copa-06 tem quatro times
com essa performance, recorde
da era com 32 seleções.
Nas oitavas-de-final, na terça-feira, às 12h, novamente em
Dortmund, o Brasil enfrentará
a seleção de Gana.
Os critérios para a escolha
dos sacados não foram claros.
Pendurados, como Cafu e
Emerson, ficaram fora. Mas
Robinho e Ronaldo, na mesma
situação, entraram em campo e
formaram a dupla de ataque.
Veteranos, como Roberto
Carlos e Zé Roberto, perderam
o lugar, mas Adriano, o segundo
mais jovem do time titular que
começou o Mundial e autor de
gol na Austrália, também saiu.
"Os critérios foram os que interessam à seleção. É sempre o
critério técnico, de manter uma
estrutura na equipe. O time não
mudou a maneira de jogar, mudaram apenas os nomes. Não
dá para, dentro de uma Copa,
agora com oitavas, quartas,
mudar a maneira de jogar", justificou Parreira, que promete
novamente fazer mistério para
o mata-mata contra Gana.
Ontem, diante do quase eliminado Japão de Zico, a seleção mostrou um vigor que a
formação anterior, longe de estar afiada após um mês de treinos quase sempre em campos
reduzidos, não demonstrou.
No lugar das jogadas ensaiadas e tabelas que não davam
certo devido à lentidão do pesado ataque formado por Adriano
e Ronaldo, o Brasil teve em
Dortmund laterais que apoiaram -Cicinho deu o passe para
o primeiro gol e Gilberto fez o
terceiro-, Ronaldinho numa
atuação próxima do padrão de
alguém que é duas vezes o melhor do mundo e um Robinho
que driblava e se mexia muito.
E Juninho, que foi eficiente na
marcação e no apoio, deu mais
agilidade ao meio e fez um gol.
E a cereja do bolo foi colocada pelo até então desacreditado
Ronaldo, autor do gol de empate (o Japão saiu na frente) no final do primeiro tempo e também do tento que fechou o placar, já perto do apito final. Ele é
o único brasileiro agora com
mais de um gol na competição.
A Copa encerra a primeira fase hoje. Amanhã começa a etapa na qual quem perder está fora. É a hora, segundo Parreira,
em que sua seleção vai crescer e
mostrar todo seu potencial.
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