Brasileiro já estava resignado com o segundo lugar na França quando a Ferrari de Kimi Raikkonen teve problemas

"Meu sonho não é só liderar o campeonato, é vencer", afirma piloto após assumir a ponta do Mundial de F-1, 2 pontos à frente de Kubica

Bertrand Guay/France Presse

Felipe Massa recebe a bandeirada para vencer em Magny-Cours e conquistar o oitavo triunfo de sua carreira na F-1, que o alçou à liderança do Mundial de Pilotos

DA ENVIADA A MAGNY-COURS

Um presente. Foi dessa maneira que Felipe Massa classificou a vitória na França.
E não podia ser diferente, já que ele mesmo admitiu que não teria chances de lutar pelo primeiro lugar não fosse um incidente no mínimo estranho no carro de seu companheiro de Ferrari, Kimi Raikkonen.
"Às vezes você precisa de um pouco de sorte, e eu tive isso hoje [ontem] com o problema no escapamento do carro do Kimi", declarou Massa.
"Por sorte ele conseguiu terminar a corrida na segunda posição, mas com certeza foi um belo presente", completou ele.
Saindo da pole pela 16ª vez, o campeão mundial manteve a posição na largada, seguido por Massa, que saiu em segundo. Jarno Trulli, da Toyota, quarto no grid, roubou o terceiro posto de Fernando Alonso.
Na ponta, Raikkonen passou a abrir vantagem para Massa. Quando parou para seu primeiro pit stop, tinha pouco mais de 4s de folga para o companheiro. Com só duas voltas a mais de gasolina, o brasileiro não conseguiu fazer voltas rápidas o suficiente para parar e voltar à frente de Raikkonen.
"Desde o começo percebi que estava uns dois, três décimos mais lento do que o Kimi por volta, o que não me ajudava na estratégia porque sabia que teria pouco tempo na pista para abrir folga", explicou Massa.
Depois da parada, a situação não mudou. O finlandês continuava mais veloz que o brasileiro, que, àquela altura, já havia desistido de lutar pela vitória. "Tinha seis segundos de desvantagem e já estava me contentando com o segundo lugar mesmo, tinha começado a baixar o giro do motor e sabia que seria difícil ultrapassar o Kimi."
Mas aí, na 33ª volta, o imprevisível ocorreu. O escapamento da Ferrari do finlandês se soltou. "Basicamente, o carro perdeu potência de repente. Avisei o time e disse para eles o que havia acontecido, porque vi o escapamento pendurado pelo retrovisor", disse Raikkonen.
Foi apenas uma questão de tempo para que Massa fizesse a ultrapassagem, na 38ª volta, e começasse a abrir uma boa vantagem sobre o atual campeão.
Como enquanto estava na liderança havia conseguido acumular mais de 30s de folga para Trulli, o ferrarista não teve dificuldades para completar a corrida à frente do italiano.
"O problema ficava mudando. Às vezes, ficava pior, às vezes, melhor. Por sorte, depois de algumas voltas, deu uma melhorada, e eu voltei ao ritmo normal. Mas no fim o carro quase parou", declarou Raikkonen, que conseguiu, enfim, marcar pontos após duas corridas em branco.
"Estou decepcionado, porque depois de ter tido um carro bom durante todo o final de semana, ter largado da pole e estar liderando a prova com facilidade, tive esse problema."
Se nem Raikkonen esperava, tal desfecho surpreendeu mais ainda a Massa. "Foi fantástico. Eu não esperava por isso", falou o novo líder do Mundial.
Com a vitória e os dez pontos, o brasileiro se tornou o quarto piloto a liderar a classificação em quatro GPs. Raikkonen tinha a ponta após o GP da Turquia, Lewis Hamilton roubou o posto após vencer em Mônaco, e Robert Kubica assumiu a dianteira no Canadá.
"Estar na liderança é um prazer, estou muito feliz. Mas ainda não ganhamos nada, só algumas corridas", disse Massa.
"O Mundial está 100% aberto e ainda temos muitas corridas pela frente [dez]. Meu sonho não é só liderar o campeonato, é vencer. E farei o que puder


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