São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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Joel se irrita com brincadeiras sobre seu inglês

Hit na internet por conta de suas entrevistas depois dos jogos da África do Sul, técnico brasileiro declara ser vítima de preconceito

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

As piadas de brasileiros na internet sobre o seu inglês irritaram Joel Santana. Tanto ou até mais do que as críticas que o treinador vem recebendo por seu desempenho à frente da seleção da África do Sul, que, na quinta, às 15h30, enfrenta o Brasil por uma vaga na final da Copa das Confederações.
Ontem, Joel evitou entrevistas formais. Mas, no caminho entre o campo em que sua equipe treinou e o ônibus, respondeu à Folha sobre ter virado um hit na internet -até uma música no estilo funk foi criada a partir de suas frases em inglês ditas após as partidas.
"Brasileiro gosta disso, de tirar sarro. Tem cara fazendo um monte de besteira, mas usa gravatinha e tem uma pastinha na mão, como brasileiro gosta", disse o treinador, dando a entender que é vítima de preconceito por seu tradicional estilo. Durante os jogos, ele sempre usa o agasalho da África do Sul e não abre mão da prancheta tática que virou sua marca.
Questionado se está fazendo aulas de inglês, Joel preferiu falar sobre o seu trabalho.
"Eu aprendo [o idioma] no dia a dia. Meu negócio é produtividade, e isso estou fazendo", falou o treinador, que está em um dos cargos mais instáveis do futebol mundial -ele é o nono técnico da África do Sul apenas nesta década.
O treinador refutou a ideia de que está ameaçado no cargo pelo fraco desempenho de sua seleção na Copa das Confederações. Na primeira fase, o time fez apenas dois gols e só venceu a frágil Nova Zelândia. "Agora, está tudo bem", disse Joel.
Para os padrões da seleção, a pressão sobre Joel é até suave. Ontem, no primeiro treino para a semifinal, eram poucos os jornalistas sul-africanos.
Nos jornais locais, o futebol divide as atenções com jogos da seleção sul-africana de rúgbi, o esporte favorito dos brancos.
Mas Joel já foi alvo de críticas pesadas. Um jornal classificou seus métodos como típicos de um "Fred Flintstone", o personagem de desenho animado que vivia na "idade da pedra". Os sul-africanos também se queixam de seu salário, de cerca de US$ 200 mil, considerado alto para os padrões locais.
No treinamento de ontem, Joel poupou os titulares, que apenas correram em volta do gramado. Na atividade com bola dos reservas, o técnico pouco falou. Quem passava a maior parte das instruções era seu principal auxiliar, Jairo Leal, que fala inglês fluentemente.
No breve trajeto entre o campo e o ônibus, Joel não falou sobre o jogo contra o Brasil, mas seus jogadores mostraram bastante otimismo. Dizem que podem vencer a equipe de Dunga e disputar a final, no domingo, em Johannesburgo.
"Se o Egito fez três gols no Brasil, por que não podemos fazer o mesmo? Os egípcios são africanos e conseguiram pressionar o Brasil", declarou o volante Mhlongo. "Nós também temos capacidade para vencer o Brasil", afirmou o meia Tshabalala. (EAR E PC)


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