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Joel se irrita com brincadeiras sobre seu inglês
Hit na internet por conta de suas entrevistas depois dos jogos da África do Sul, técnico brasileiro declara ser vítima de preconceito
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
As piadas de brasileiros na
internet sobre o seu inglês irritaram Joel Santana. Tanto ou
até mais do que as críticas que o
treinador vem recebendo por
seu desempenho à frente da seleção da África do Sul, que, na
quinta, às 15h30, enfrenta o
Brasil por uma vaga na final da
Copa das Confederações.
Ontem, Joel evitou entrevistas formais. Mas, no caminho
entre o campo em que sua equipe treinou e o ônibus, respondeu à Folha sobre ter virado
um hit na internet -até uma
música no estilo funk foi criada
a partir de suas frases em inglês
ditas após as partidas.
"Brasileiro gosta disso, de tirar sarro. Tem cara fazendo um
monte de besteira, mas usa gravatinha e tem uma pastinha na
mão, como brasileiro gosta",
disse o treinador, dando a entender que é vítima de preconceito por seu tradicional estilo.
Durante os jogos, ele sempre
usa o agasalho da África do Sul
e não abre mão da prancheta
tática que virou sua marca.
Questionado se está fazendo
aulas de inglês, Joel preferiu falar sobre o seu trabalho.
"Eu aprendo [o idioma] no
dia a dia. Meu negócio é produtividade, e isso estou fazendo",
falou o treinador, que está em
um dos cargos mais instáveis
do futebol mundial -ele é o nono técnico da África do Sul apenas nesta década.
O treinador refutou a ideia
de que está ameaçado no cargo
pelo fraco desempenho de sua
seleção na Copa das Confederações. Na primeira fase, o time
fez apenas dois gols e só venceu
a frágil Nova Zelândia. "Agora,
está tudo bem", disse Joel.
Para os padrões da seleção, a
pressão sobre Joel é até suave.
Ontem, no primeiro treino para a semifinal, eram poucos os
jornalistas sul-africanos.
Nos jornais locais, o futebol
divide as atenções com jogos da
seleção sul-africana de rúgbi, o
esporte favorito dos brancos.
Mas Joel já foi alvo de críticas pesadas. Um jornal classificou seus métodos como típicos
de um "Fred Flintstone", o personagem de desenho animado
que vivia na "idade da pedra".
Os sul-africanos também se
queixam de seu salário, de cerca de US$ 200 mil, considerado
alto para os padrões locais.
No treinamento de ontem,
Joel poupou os titulares, que
apenas correram em volta do
gramado. Na atividade com bola dos reservas, o técnico pouco
falou. Quem passava a maior
parte das instruções era seu
principal auxiliar, Jairo Leal,
que fala inglês fluentemente.
No breve trajeto entre o
campo e o ônibus, Joel não falou sobre o jogo contra o Brasil,
mas seus jogadores mostraram
bastante otimismo. Dizem que
podem vencer a equipe de
Dunga e disputar a final, no domingo, em Johannesburgo.
"Se o Egito fez três gols no
Brasil, por que não podemos
fazer o mesmo? Os egípcios são
africanos e conseguiram pressionar o Brasil", declarou o volante Mhlongo. "Nós também
temos capacidade para vencer
o Brasil", afirmou o meia Tshabalala.
(EAR E PC)
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