São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Técnicos superpoderosos viram vedetes nesta Copa

Treinadores ganham prestígio e se expõem bem mais do que os craques

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

Ricos, poderosos e prato principal para milhares de jornalistas. Na Copa do Mundo, os antes coadjuvantes treinadores foram transformados em vedetes.
A começar pela própria Fifa. A entidade tem normas que geram uma superexposição dos treinadores e esconde os jogadores.
Resultado: Dunga e seus colegas de profissão são obrigados pela federação internacional a conceder entrevistas coletivas na véspera dos jogos e após as partidas. Isso sempre nos estádios, com as marcas dos patrocinadores da Fifa bem atrás dos treinadores. São, em cada sessão, cerca de 15 minutos.
Assim, só na primeira fase serão seis entrevistas e cerca de 90 minutos de imagens e palavras dos técnicos exibidas para todo o mundo.
São, portanto, excessivamente expostos Dunga, Maradona e Fabio Capello, por exemplo, mas pouco se vê de Messi, Rooney e Kaká.
Pelas regras da Fifa, o único jogador que obrigatoriamente precisa falar com os jornalistas é o melhor da partida. Mas quase sempre o eleito precisa responder a só duas breves perguntas.
Para os jogadores, existe a zona mista, entretanto fala apenas quem quer. Fora disso, restam as entrevistas organizadas pelas federações -em mais de um mês, a CBF colocou o atacante Luis Fabiano, por exemplo, para falar duas vezes.
Os técnicos falam muito também porque ganham muito. Levantamentos de publicações europeias mostram que os 32 treinadores que comandam as seleções deste Mundial ganham juntos o equivalente a R$ 80 milhões por ano, ou uma média individual de R$ 2,5 milhões.

PODERES INIMAGINÁVEIS
Quem puxa a fila dos técnicos mais bem pagos é o italiano Fabio Capello, que recebe quase R$ 20 milhões para comandar a Inglaterra, que corre sério risco de eliminação já na primeira fase.
Dunga está longe das primeiras colocações -seu salário anual está na casa dos R$ 2 milhões. Mas o brasileiro é, porém, um dos exemplos mais acabados dos superpoderes que os técnicos de seleções têm hoje, pelo menos desde a década de 90.
Dunga decide como o time vai se relacionar com a imprensa e determina se os treinos serão fechados ou não -algo inimaginável em 1958, quando a imagem do técnico campeão é a de um Vicente Feola que, dizem, dormia no banco de reservas e deixava a seleção brasileira jogar.
Capello resolveu até avaliar as hospedagem da equipe. Vetou a Universidade de Pretória, o mais desejado local de treinos da Copa, por avaliar que os quartos não estavam à altura do time.
A Argentina assumiu o lugar, e a mídia inglesa atacou o técnico italiano. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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