|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Técnicos superpoderosos viram vedetes nesta Copa
Treinadores ganham prestígio e se expõem bem mais do que os craques
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Ricos, poderosos e prato
principal para milhares de
jornalistas. Na Copa do Mundo, os antes coadjuvantes
treinadores foram transformados em vedetes.
A começar pela própria Fifa. A entidade tem normas
que geram uma superexposição dos treinadores e esconde os jogadores.
Resultado: Dunga e seus
colegas de profissão são obrigados pela federação internacional a conceder entrevistas coletivas na véspera dos
jogos e após as partidas. Isso
sempre nos estádios, com as
marcas dos patrocinadores
da Fifa bem atrás dos treinadores. São, em cada sessão,
cerca de 15 minutos.
Assim, só na primeira fase
serão seis entrevistas e cerca
de 90 minutos de imagens e
palavras dos técnicos exibidas para todo o mundo.
São, portanto, excessivamente expostos Dunga, Maradona e Fabio Capello, por
exemplo, mas pouco se vê de
Messi, Rooney e Kaká.
Pelas regras da Fifa, o único jogador que obrigatoriamente precisa falar com os
jornalistas é o melhor da partida. Mas quase sempre o
eleito precisa responder a só
duas breves perguntas.
Para os jogadores, existe a
zona mista, entretanto fala
apenas quem quer. Fora disso, restam as entrevistas
organizadas pelas federações -em mais de um mês, a
CBF colocou o atacante Luis
Fabiano, por exemplo, para
falar duas vezes.
Os técnicos falam muito
também porque ganham
muito. Levantamentos de
publicações europeias mostram que os 32 treinadores
que comandam as seleções
deste Mundial ganham juntos o equivalente a R$ 80 milhões por ano, ou uma média
individual de R$ 2,5 milhões.
PODERES INIMAGINÁVEIS
Quem puxa a fila dos técnicos mais bem pagos é o italiano Fabio Capello, que recebe quase R$ 20 milhões para comandar a Inglaterra,
que corre sério risco de eliminação já na primeira fase.
Dunga está longe das primeiras colocações -seu salário anual está na casa dos
R$ 2 milhões. Mas o brasileiro é, porém, um dos exemplos mais acabados dos superpoderes que os técnicos
de seleções têm hoje, pelo
menos desde a década de 90.
Dunga decide como o time
vai se relacionar com a imprensa e determina se os treinos serão fechados ou não
-algo inimaginável em 1958,
quando a imagem do técnico
campeão é a de um Vicente
Feola que, dizem, dormia no
banco de reservas e deixava a
seleção brasileira jogar.
Capello resolveu até avaliar as hospedagem da equipe. Vetou a Universidade de
Pretória, o mais desejado local de treinos da Copa, por
avaliar que os quartos não
estavam à altura do time.
A Argentina assumiu o lugar, e a mídia inglesa atacou
o técnico italiano.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO
COBOS E SÉRGIO RANGEL)
Texto Anterior: Juca Kfouri: A crença de Kaká Próximo Texto: Frases Índice
|