São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Quase milagre

No jogo dos desesperados, África do Sul bate França, mas se torna a primeira anfitriã a cair na 1ª fase

Peter Steffen/Efe
Khumalo (20) é abraçado a fazer o 1º gol contra a França

África do Sul 2
Khumalo, aos 20min, e Mphella, aos 37min do 1º tempo
França 1
Malouda, aos 25min do 2º tempo

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BLOEMFONTEIN

Por 33 minutos, pareceu que o milagre viria.
Vencendo a França por 2 a 0, a África do Sul perdia gol atrás de gol. Seria uma questão de tempo até o terceiro, talvez o quarto e o quinto.
Nas arquibancadas, a torcida, histérica, empurrava o time. No banco, o treinador Carlos Alberto Parreira mandava seus jogadores avançarem, com gestos elétricos.
Aos 25min do segundo tempo, o gol de Malouda para a França lembrou à nação que sua missão era mesmo dificílima -golear um time que, apesar de viver talvez a maior crise de sua história, ainda é o vice-campeão mundial. Na partida dos desesperados, franceses e sul-africanos morreram juntos.
A Copa da África do Sul entra para a história como a primeira em que o time da casa não chega à segunda fase.
Para a torcida francesa, a derrota ao fim de uma semana em que viu até mesmo uma inusitada greve de seus jogadores foi somente mais uma humilhação.
A campanha em 2010 é apenas um milímetro menos vexatória do que a de 2002: um ponto marcado, saldo negativo de três gols e um mísero gol feito (há oito anos, a França não fez nenhum).
A novidade do jogo de ontem foi que a seleção da casa jogou bem. Deu 21 chutes a gol, contra dez do adversário.
Apesar de nervosos nos primeiros 15 minutos, os sul- -africanos engrenaram a partir de então. Soltos na frente, Mphela e Tshabalala acertaram a pontaria, finalmente. No meio, Pienaar recobrou para si o posto de homem de criação do time da casa.
Aos 20min, Khumalo cabeceou livre após escanteio para fazer 1 a 0. A torcida no estádio, 90% sul-africana, explodiu de euforia. Ao técnico Raymond Domenech, restou levar as mãos ao rosto.
Três minutos depois, Gourcuff deixou o cotovelo em subida junto de Sibaya e foi expulso. Aos 37min, os Bafana Bafana fizeram 2 a 0, com Mphela tocando a bola após quase tropeçar nela.
As boas notícias não paravam. No final do primeiro tempo, o Uruguai abriu o placar contra o México. Mais dois gols bastariam para a África do Sul, que se lançou em busca do resultado.
Com 38min, a torcida se agitou de novo com gol de Parker, anulado por impedimento. Aos 6min do segundo tempo, Tshabalala mandou a bola no travessão.
A maré positiva da África do Sul virou quando Domenech pôs Henry. O atacante reorganizou o time e ajudou a equilibrar a partida, mesmo com um homem a menos.
Após sofrer o gol, a África do Sul continuou atacando. Já nos acréscimos, Tshabalala perdeu mais uma oportunidade, chutando no goleiro.
A arquibancada já sabia que era tarde. Desta vez, mesmo com a derrota e a desclassificação, o Bafana Bafana despediu-se da Copa da África debaixo de aplausos.


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