São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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FUTEBOL

Dirigentes querem economizar até R$ 500 mil, por isso liberam reservas

São Paulo ignora multas para diminuir despesas

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em busca de uma redução na sua folha de pagamento, o São Paulo decidiu abrir mão das multas contratuais de alguns jogadores que não estavam nos planos do técnico Oswaldo de Oliveira.
Os são-paulinos já colocaram em prática a sua nova estratégia liberando de seu vínculo o zagueiro Rogério Pinheiro, devolvido de empréstimo pela Lusa. Ele tinha mais um ano de contrato para cumprir, mas ganhou o direito de negociar a sua transferência sem ter de desembolsar um centavo.
Pinheiro recebia cerca de R$ 35 mil mensais. O valor que ele teria de pagar ao time se a multa fosse cobrada não foi revelado.
"Estamos agindo de acordo com a nova dinâmica do futebol. Não temos interesse em manter jogadores que não conseguimos negociar", declarou o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva.
Ainda esta semana, o lateral-esquerdo Alemão, outro que retornou de empréstimo, deverá ser dispensado de pagar a multa.
Pelo menos mais um lateral-esquerdo pode ganhar o direito de sair do clube sem arcar com a rescisão. Por causa das chegadas de Márcio, ainda no primeiro semestre, e Jorginho Paulista, Gustavo Nery e Lino disputam a última vaga disponível para a posição.
Inicialmente, os dirigentes esperam conseguir negociar um dos dois, caso contrário teriam de recorrer também à liberação, sem cobrança de multa.
Na sexta-feira, será a vez de o meia Souza ganhar a liberdade, mas seu caso é diferente. O contrato do meia irá terminar na quinta-feira e não será renovado.
Os dirigentes não querem continuar pagando os R$ 65 mil mensais que ele recebe.
"Há um mês, a diretoria me ofereceu um novo contrato, mas eu ganharia menos, por isso não aceitei", afirmou Souza.
O jogador disse aguardar uma decisão, mas seu procurador, Édson Fassina, já foi avisado de que o acordo não será renovado.
"Estou tranquilo, tenho mercado. Se o clube não me quiser mais, arrumo minhas malas e vou procurar outro lugar para jogar."
A saída de Souza marca o fim melancólico do ciclo de um jogador contratado em 1998 do rival Corinthians por US$ 4 milhões, valor que pode ser considerado alto hoje. É quase a metade do que o São Paulo conseguiu com a ida de França para o Bayer Leverkusen e cerca de US$ 1 milhão a mais do que o arrecadado na negociação de Belletti com o Villarreal.
O São Paulo poderia esticar o atual contrato para tentar negociá-lo antes do fim do novo período. Assim tentaria recuperar parte do investimento. Essa foi a estratégia da antiga diretoria, presidida por Paulo Amaral. O compromisso foi renovado por um ano, mas o clube só conseguiu emprestá-lo ao Atlético-PR.
Apesar de a diretoria não admitir publicamente, a situação de outros jogadores incomoda. Entre eles está o zagueiro Wilson, que já teria saído do clube se houvesse outro time interessado.
A tentativa de diminuir os gastos com salários começou logo após a final do Superpaulistão, vencida pela equipe de Oliveira. Emerson, Douglas e Lucio Flávio, que estavam emprestados, foram devolvidos. As saídas de Belletti e França também ajudaram a aliviar as despesas.
Segundo o presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa, que não revelou quanto gasta por mês com salários, a redução deve chegar a R$ 500 mil mensais.
Essa meta ainda não foi alcançada, pois a equipe não viveu só da saída de jogadores nos últimos meses. Além de Jorginho Paulista, chegaram recentemente Luis Fabiano e Ameli. Só o argentino ganha US$ 30 mil por mês.
Ontem, Kaká e Rogério, que estavam de folga, voltaram a treinar.


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