FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MAGNY-COURS

Rubens Barrichello encontrará uma Ferrari ressentida no próximo final de semana, em Hockenheim. Mecânicos, assessores e dirigentes do time ainda não digeriram as malcriações do piloto, no domingo, em Magny-Cours.
Irritado com o problema que o eliminou do GP da França -pane em um sensor do carro-, ele deu uma banana para os mecânicos diante das câmeras de TV.
Depois, foi embora do circuito quando a corrida ainda estava acontecendo e não viu o companheiro, Michael Schumacher, cruzar a linha de chegada e garantir o pentacampeonato da F-1.
Ele só reapareceu em Magny-Cours duas horas após o final da prova, meio que contrariado.
Foi uma aparição rápida. Após alguns diálogos ríspidos com o pessoal técnico do time, Barrichello foi levado pelo chefe, Jean Todt, para dar um abraço em Schumacher.
Então, sumiu de novo.
Resultado: o brasileiro não está na tradicional foto oficial da conquista do título e não participou do jantar promovido pela escuderia em um restaurante próximo ao circuito. Eventos tão importantes para o time que fizeram Luca di Montezemolo, presidente ferrarista, pegar um jatinho de Bolonha, na Itália, para Magny-Cours logo após a bandeirada.
Ontem, a situação piorou ainda mais. O "Corriere della Sera", um dos mais importantes diários do país, publicou uma entrevista em que o brasileiro afirma ter torcido para o fracasso do colega.
"Sinceramente, torci para ele ficar em segundo, como estava quando eu fui embora. Mas, depois, meu empresário me ligou para dizer que ele havia vencido a corrida e o campeonato", teria declarado Barrichello ao jornal.
Caso tivesse chegado em segundo, Schumacher não teria assegurado o pentacampeonato.
A decisão iria para o GP da Alemanha, em Hockenheim, no próximo domingo.
O mal-estar não poderia ter vindo em pior hora. Com o título assegurado pelo alemão, a Ferrari, a partir de agora, diz que vai trabalhar para que o brasileiro seja vice-campeão do Mundial.
A dedicação dos mecânicos e dos técnicos ferraristas, porém, pode não ser a mesma de antes. E isso, em qualquer categoria do automobilismo, é um grande indicativo de fracasso iminente.
Indiferente a tudo isso, Schumacher jantou com a Ferrari anteontem à noite e, ontem, viajou para a vila de Vufflens-le-Chatêau, na Suíça, onde mora.
Nos próximos dias, ele não deve aparecer. Quer descansar e comemorar o campeonato ao lado da mulher, Corinna, e do casal de filhos, Gina Maria, 5, e Mick, 3.
Sua próxima aparição pública deve ser na quarta-feira, em uma partida de futebol beneficente, da qual participa todos os anos, na cidade de Manheim.


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