São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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Pena que é Pan

César Cielo "voa" para o ouro nos 50 m livre com um tempo que lhe renderia a glória nos últimos Jogos Olímpicos e no último Mundial

FABIO GRIJÓ
DA SUCURSAL DO RIO

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Na maioria esmagadora dos casos, um resultado que passaria vergonha em competições mundiais já basta para conquistar uma medalha de ouro em um Pan-Americano.
Não foi o caso do nadador paulista César Cielo Filho, 20.
Em menos de uma hora, ele teve duas performances espetaculares nas duas provas mais rápidas da sua modalidade.
Primeiro, numa disputa que tinha o campeão olímpico Gary Hall Jr., ficou com a medalha de ouro nos 50 m livre cravando 21s84, o novo recorde pan-americano. Na mesma prova, Nicholas Santos foi prata.
Com essa marca, Cielo seria o campeão de todas as Olimpíadas já realizadas e do Mundial da Austrália, em março último. Foi também o segundo tempo mais rápido do ano, a só 20 centésimos do recorde mundial do russo Alexander Popov.
No revezamento 4 x 100 m medley, em que o Brasil foi prata, Cielo só não virou recordista mundial porque o regulamento da competição considera apenas o tempo de quem abre o revezamento para isso -o atleta da interiorana Santa Bárbara d"Oeste fechou a prova.
Ele nadou em 47s80, ou quatro centésimos a menos do que a melhor marca de todos os tempos, conquistada pelo holandês Pieter van den Hoogenband há sete anos.
No Mundial da Austrália, Cielo foi o sexto nos 50 m, com 22s12. O vencedor foi o norte-americano Benjamin Wildman-Trobiner, com 21s88.
"No Mundial, fiquei um pouco frustrado porque já o tinha vencido várias vezes na NCAA [o campeonato norte-americano universitário]. Assim que acabou a prova, disse: "Era para eu ter ganhado". Então pus na cabeça que iria nadar num tempo melhor que o dele", declarou Cielo, que treina e estuda em uma universidade do Alabama.
Com o que fez no Rio, ele disse que está credenciado para o pódio em Pequim-2008. "Nadei muito bem, e agora já dá para começar a pensar em medalha olímpica. Este tempo do Pan me deixaria tranqüilamente entre os cinco primeiros."
Aliados e adversários festejaram a performance de Cielo.
"Ele foi fantástico, está em franca evolução. Tem muito potencial", disse Gary Hall Jr., que foi apenas o quinto colocado. "Foi o melhor índice técnico do Pan. A vantagem do Cielo é que ele participa de todos os grandes eventos internacionais. Com isso, ganha amadurecimento", falou Ricardo de Moura, diretor técnico da CBDA, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Os tempos arrebatadores de Cielo fecharam a melhor participação brasileira em Pans. Foram 29 medalhas (incluindo as duas da maratona aquática, estreante nos Jogos), sendo 12 de ouro. A marca anterior era de Santo Domingo-03, com 21 pódios, três no lugar mais alto.
Se Cielo brilhou ontem, Thiago Pereira falhou pela primeira vez. Dono de seis ouros, não chegou aos oito: foi prata no revezamento 4 x 100 m medley e bronze nos 100 m costas.


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