São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2010

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Fim do exílio

Melhor pivô brasileiro, Nenê está de volta à seleção após três anos e fala em sacrifício por representar o país no Mundial de basquete, daqui a 1 mês, na Turquia

FÁBIO GRELLET
DO RIO

Após três anos afastado da seleção por decisão pessoal, o pivô Nenê, ou Maybyner Rodney Hilário, 27 anos, 2,11 m e apelido recebido por ser o menor da família, voltou.
O atleta trocou o Vasco em 2002 pela NBA e foi o sétimo escolhido no draft (escolha de talentos, geralmente jovens) pelo New York Knicks, mas não atuou no clube -trocado, foi para o Denver Nuggets, onde está até hoje.
Enfrentou desavenças com o então presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), Gerasime Bozikis, o Grego, e abriu mão das convocações para de- fender a seleção brasileira.
Após ter diagnosticado um câncer no testículo, foi operado em janeiro de 2008.
No ano seguinte, Carlos Nunes assumiu a CBB e, em 2010, trouxe o argentino Rubén Magnano, campeão olímpico e vice mundial pela Argentina, para o time brasileiro. E o técnico foi a Denver, em fevereiro, convencer o pivô a voltar à equipe nacional.
Nenê se apresentou à seleção na segunda, no Rio. Feliz, falou que a apresentação "foi a melhor possível". Na terça-feira, após o primeiro treino com Magnano, disse que o técnico é exigente. "Deveria se chamar Rubén Duro, pois o treino é bem duro."

Folha - O que mudou na CBB e na seleção para você voltar? Nenê - Primeiro, foi o contato que os dirigentes da confederação tiveram com os jogadores. Eles foram muito educados, profissionais, por mostrar o que a seleção realmente quer. Muitas coisas mudaram, tanto o tratamento como a expectativa de dar o melhor para a seleção. Algumas coisas aconteceram comigo, e eu poderia ter tomado a mesma decisão do Valtinho [que pediu para ser dispensado], mas me sacrifiquei porque a seleção no momento é a coisa mais importante, então a gente está retribuindo. Esse sacrifício no futuro vai ser a diferença.

A ida do treinador Magnano aos Estados Unidos para conversar com você foi determinante na sua decisão?
O fato de ele ter ido até lá mostrou o crescimento da CBB, depois de toda a turbulência vivida no passado. Isso facilitou o acesso dos jogadores [à comissão técnica]. Com isso, houve uma troca de confiança entre a seleção e os jogadores.

O novo treinador pode imprimir mais características do basquete argentino na seleção brasileira?
O que mudou é que o professor Rubén falou que não tem brincadeira. Brasileiro é muito de brincar, descontrair, mas com o argentino a coisa é séria. Já ouvi vários conselhos de jogadores argentinos que falaram que a coisa é dura. Mas isso é o certo, e estou acostumado. Quando você treina sério, tem hora para tudo. Quanto ao estilo, só os treinos dirão.

Esta é a melhor seleção brasileira dos últimos anos? Você considera que é melhor do que a da geração de Oscar?
Não gosto de comparar. Este time é jovem e maduro ao mesmo tempo, com experiência internacional. Agora temos que mostrar resultado.

Com ausências importantes nas seleções de Estados Unidos, Argentina e Espanha, o Brasil pode chegar ao título?
O nível do basquete americano se destaca um pouco mais, mas está no limite. O Brasil tem condição de conquistar um ótimo resultado e surpreender. Para se ter resultado, não adianta ficar falando, tem que fazer.



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